
Origem e distribuição
Espécie nativa da região mediterrânea, especialmente do sul da Europa, incluindo França, Itália e Espanha, com algumas populações na Grécia. Cultivada historicamente por suas flores aromáticas, óleos essenciais e usos medicinais desde a Antiguidade, com registros na Roma antiga e na Grécia clássica.
Nome em outros idiomas
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Inglês: Lavender, English lavender, True lavender, Common lavender
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Espanhol: Lavanda, Espliego, Alhucema
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Alemão: Echter Lavendel, Gartenlavendel
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Francês: Lavande, Lavande vraie, Lavande officinale
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Italiano: Lavanda, Lavanda vera, Lavanda comune
Descrição
Espécie subarbustiva, perene, aromática, atinge geralmente de 0,5 a 1,5 m, podendo chegar a 2 m.
As folhas são pequenas, lineares ou lanceoladas, verde-acinzentadas, com margens ligeiramente enroladas; aromáticas quando amassadas. As flores são agrupadas em espigas terminais longas e estreitas; coloração típica violeta ou lilás..
O caule é lenhoso na base, ereto, com ramificações jovens verdes. Fruto tetrâmero (quatro pequenos núcleos), não muito utilizado na propagação. A reprodução ocorre principalmente por sementes ou estaquia.
Raiz pivotante e bem desenvolvida, adaptada a solos secos e bem drenados.
Floresce normalmente no final da primavera até início do verão no hemisfério norte; depende de clima e altitude.
Esta espécie é valorizada tanto pelo seu óleo essencial quanto pelo uso ornamental, devido à fragrância intensa e à coloração característica das flores.
Uso popular e medicinal
Lavanda-inglesa tem ação comprovada como antisséptico, antibacteriano, antiespasmódico, calmante, sedativo, aromático, carminativo, digestivo, tônico nervoso, diurético, estomacal, colagogo, nervino e cicatrizante. Estudos comparativos entre aromaterapia e farmacologia confirmam efeitos sedativos, calmantes, anticonvulsivantes e indutores do sono.
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Sistema nervoso: insônia, ansiedade, excitação nervosa, vertigens, enxaqueca, nevralgias.
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Sistema digestivo: inapetência, má digestão, flatulência, dispepsia.
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Sistema respiratório: asma, bronquite, tosse, catarro, gripes.
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Sistema musculoesquelético: reumatismo, contusões, dores musculares.
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Dermatologia: queimaduras (fogo, sol, líquidos), feridas, dermatites, psoríase, fissuras, picadas, escoriações.
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Ginecologia/Urologia: corrimentos, pruridos vaginais.
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Outros: fadiga, distúrbios circulatórios, halitose.
A Comissão E alemã aprova o uso da L. angustifolia para: perda de apetite, distúrbios nervosos, insônia, distúrbios circulatórios e queixas dispépticas.
Dosagem indicada
Asma, bronquite, tosse, catarro, gripe, sinusite, tensão nervosa, depressão, insônia, vertigem, cistite, enxaqueca
- Coloque 2 colheres de flores em 1 xícara de álcool de cereais a 60%. Deixe em maceração por 5 dias e coe. Tome 1 colher (café) diluída em um pouco de água, 2 vezes ao dia. Pode também adicionar este preparado à água de banho. Faça banho de imersão por 20 minutos.
Asma, bronquite, tosse, catarro, gripe
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Decocção: ferver por 2 minutos, em um litro de água, 60g de sumidades floridas de alfazema. Filtrar e beber o líquido de 4 a 6 xícaras ao dia.
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Infusão: colocar em infusão, por 5 minutos, 5 g de flores de alfazema em uma xícara de água fervente. Adoçar com mel e beber. Repetir a dose 4 vezes ao dia.
Cansaço
- Óleo de alfazema: em um recipiente, colocar 3 quartos de litro de um bom azeite e um punhado de flores frescas de alfazema. Fechar bem o recipiente, colocá-lo em um lugar fresco onde deve ser deixado por cerca de 20 dias. Filtrar o óleo sobre um tecido de linho.
- Pingar algumas gotas do óleo sobre um torrão de açúcar e deixar derreter lentamente na boca. Algumas gotas de essência de alfazema sobre as têmporas e pulsos dará um grande alivio àquele que se sente cansado por excesso de trabalho ou por uma vigília prolongada.
Contusões
- Alcoolato de alfazema: colocar em infusão, por 15 dias, 50g de flores de alfazema em 1 litro de álcool. Filtrar o líquido e colocá-lo em um vidro provido de tampa em esmeril. Contra as contusões, friccionar suavemente com um pouco de líquido para aliviar as dores e fazer desaparecer a inflamação.
- Fricções: verter na palma da mão algumas gotas de essência de alfazema e friccionar a região contundida. A essência de alfazema encontra-se à venda em farmácias especializadas.
Diurético
- Colocar por cinco minutos 5g de flores de alfazema em uma xícara de água fervente. Filtrar e beber 3 xícaras ao dia.
Estômago (má digestão)
- Óleo de alfazema (vide cansaço). Pingar algumas gotas do óleo de alfazema em um dedo de água ou um torrão de açúcar para tomar após a refeição.
- Alcoolato de alfazema (vide contusões). No álcool empregado para uso interno, certificar-se ser álcool de cereais, próprio para consumo. Antes de cada refeição, beber 2 dedos de água na qual foram diluídas alguma gotas de alcoolato de alfazema.
Excitação nervosa
- Infusão: em uma xícara de água quente, colocar em infusão uma pitada da mistura obtida com: 30 de flores de alfazema, 10g de camomila, 5g de hipérico, 5g de lúpulo, 5g de raiz de valeriana. Filtrar o líquido e beber antes de deitar-se.
- Inalação: em uma tigela com água fervente e esfumaçante colocar algumas gotas de essência de alfazema, colocar a cabeça sobre o recipiente, tendo à testa uma toalha. Aspirar profundamente os vapores.
Faringite
- Decocção: ferver por 2 minutos 40g de flores de alfazema em 1 litro de água. Filtrar o líquido ainda morno. Tomar de 4 a 6 xícaras ao dia.
Ferida
- Desinfetante: a falta de um desinfetante alcoólico pode ser suprida, momentaneamente, com algumas gotas de essência de alfazema vertidas sobre a ferida.
Hemicrania, vertigem
- Ver cansaço.Tomar seis ou sete gotas muitas vezes ao dia. Contra as vertigens, algumas gotas em pouca água.
Insônia
- Alcoolato de alfazema: ver contusões. Pingar algumas gotas de alcoolato em um torrão de açúcar e deixar derreter na boca.
- Decocção: ferver uma pitada de alfazema em uma xícara de água. Filtrar, adoçar e beber antes de deitar-se.
- Infusão: ver excitação nervosa. Uma ou duas xícaras antes de deitar-se.
Laringite, coqueluche, tosse
- Infusão: colocar 50g de flores de alfazema em um litro de água fervendo. Filtrar e beber de 4 a 5 xícaras, adoçadas com mel, durante o dia.
Nevralgia
- Óleo de alfazema: ver cansaço. Algumas gotas de óleo sobre um torrão de açúcar. Deixar derreter na boca.
- Infusão: misturar 20g de flores de alfazema, 60 g de flores de prímula medicinal e 20g de flores de camomila, colocar 5 g desta mistura em uma xícara de água fervente e deixar repousar por meia hora. Filtrar e beber em seguida. A dose deve ser repetida de 2 a 3 vezes ao dia.
Corrimento vaginal, prurido vaginal, sarna, piolho
- Coloque 2 colheres (sopa) de flores em 1 xícara (chá) de vinagre branco. Deixe em maceração por 3 dias e coe. No caso de pruridos e corrimento vaginal, adicione 2 colheres (sopa) à água de banho. Faça banho de assento 1 vez ao dia.
- Para piolho aplique no couro cabeludo, com ligeira massagem, deixando agir por 2 horas. Em seguida enxague e passe o pente fino. Para sarna, aplique com um chumaço de algodão.
Escaras de decúbito, queimadura, picadasde inseto, afecções da pele (eczema, dermatite, psoríase)
- Em 1 xícara (chá) coloque 2 colheres (sopa) de flores e adicione óleo de cozinha. Leve ao fogo, em banho-maria, por 1 hora. Espere amornar e coe. Aplique nos locais afetados, com um chumaço de algodão, de 2 a 3 vezes ao dia.
Contraindicações
Seu uso dentro das doses preconizadas não tem contra-indicação. Nas mulheres grávidas deve-se evitar o uso em doses altas por ser estimulante uterino.
Culinária e usos domésticos
Utilizada em conservas aromáticas (ex.: vinagre de lavanda) e como especiaria (ervas de Provence). Empregada em águas de colônia, perfumes, banhos aromáticos, sais de banho, sachês para roupas e aromatização de ambientes.
- Água de colônia antisséptica. Deixar macerar por vinte dias, 60 g de sumidades floridas de alfazema em 1 litro de álcool de cereais a 60º. Filtrar e conservar a água-de-colônia em vidro fechado. Além de ser utilizada para fricções sobre o corpo, após o banho, serve também para desinfetar as mãos e banhar as têmporas e as narinas após ter-se estado próximo a um doente atingido por uma moléstia infecciosa, ou quando se está cansado e acalorado.
- Água de alfazema n° 1. Misturar 200 g de álcool a 80º,10 g de essência de alfazema,1 g de essência de cravo, 2 g de essência de citronela, 5 g de essência de bergamota. Deixar em maceração por vinte dias, filtrando em seguida e conservando o líquido em garrafa.
- Água de alfazema nº 2. Misturar 1 litro de álcool a 80º, 8 g de essência de alfazema, 5 g de essência de cedro, 8 g de essência de bergamota, 3 g de essência de benjoim, 15 g de alcoolato de melissa. Após vinte dias, filtrar o líquido e conservá-lo em garrafa.
- Banho perfumado. Misturar 150 g de bicarbonato de sódio, 100 g de ácido tartárico, 25 g de amido de banho, 100 g de óleo de amêndoa, 10 g de essência de alfazema, 5 g de essência de bergamota. Misturar todos os ingredientes e conservar a pasta em um vidro. Usar uma colherinha para cada banho.
- Saquinhos perfumados para a roupa branca. Misturar todos os ingredientes após tê-los triturados até reduzí-los a pó: 25 g de sementes de lírio germânico, 30 g de pétalas de rosa secas, 7 g de canela, 10 g de cravo. Distribuir a mistura em saquinhos e colocar em gavetas, no meio da roupa, ou pendurar nos armários.
- Sais aromáticos de alfazema. Escolher um vidro com tampa esmerilhada, preenchendo-o com carbonato de amônia em grãos. Adicionar depois uma solução composta de 3 gotas de essência de rosas, 2 gotas de essência de cravo, 1 gota de essência de canela, 3 gotas de essência de bergamota. A solução deve preencher os interstícios entre as paredes do vidro e os grãos de sal.
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