
Esta espécie é considerada planta alimentícia não convencional.
Nome em outros idiomas
- Inglês: Sacred lotus, Indian lotus, bean of India
- Francês: Fève D´egypte, fève d'Egypte, lotier, lotus indien, lotus sacré
Origem, distribuição
Lótus ocorre naturalmente em regiões temperadas e tropicais da Ásia (Irã, China, Japão, Nova Guiné) e no nordeste da Austrália [4]. No Brasil é cultivada no Sul e Sudeste para fins ornamentais e produção de raízes tuberosas e frutos (castanhas) para consumo [1].
Descrição [4]
Lótus é planta aquática perene com rizomas (muitas vezes chamado erroneamente de "raízes") que crescem no fundo de lagoas rasas, pântanos e campos inundados. É grande, peltada (o pecíolo prende-se no meio da lâmina foliar), eleva-se acima da superfície da água em pecíolos de 1 a 2 m de comprimento.
A superfície da folha surpreendentemente hidratante inspirou o termo "efeito de lótus", que descreve a capacidade de autolimpeza das folhas, em outras palavras o resultado de partículas de sujeira serem captadas por gotas de água devido a uma nanoestrutura complexa da superfície foliar, o que minimiza a adesão.
Lótus tem profundo significado religioso para hindus e budistas, cuja flor de lótus simboliza a beleza, a pureza e a divindade. No hinduísmo, lótus representa o sol e associa-se às deusas da fertilidade.
Uso popular e medicinal [3]
Lótus tem sido usada no Oriente como erva medicinal há mais de 1.500 anos. Todas as partes são adstringentes, cardiotônicas, febrífugas, hipotensivas, resolventes (causa resolução de inchaço e inflamação), estomacais (fortificante do estômago), hemostáticas (controla a hemorragia), tônicas e vasodilatadoras.
O suco da folha é indicado no tratamento da diarreia e, em decocto com alcaçuz (Glycyrrhiza spp), no tratamento da insolação.
A decocção das flores é utilizada no tratamento da ejaculação precoce. As flores são recomendadas como um tônico cardíaco.
A decocção do receptáculo floral é usada no tratamento de cólicas abdominais, descargas sangrentas, etc.
A haste da flor é hemostática, indicada no sangramento de úlceras gástricas, menstruação excessiva e hemorragia pós-parto. Os estames servem para tratar a frequência urinária, ejaculação precoce, hemólise (alteração dos glóbulos vermelhos do sangue), epistaxe (sangramento nasal) e sangramento uterino. A decocção do fruto é utilizada no tratamento de agitação, febre, queixas cardíacas, dentre outros males.
A semente contém vários constituintes ativos incluindo alcaloides e flavonoides. É hipotensivo, sedativo e vasodilatador. A semente mostrou diminuir os níveis de colesterol e relaxar o músculo liso do útero. É usado no tratamento de má digestão, enterite, diarreia crônica, espermatorreia, leucorreia, insônia, palpitações, etc.
A plúmula e a radícula são usadas para tratar a sede de doenças febris altas, hipertensão, insônia e inquietação.
A raiz é tônica. O amido da raiz é usado no tratamento de diarreia, disenteria e outros males. Uma pasta é aplicada à micose e outras doenças da pele. Toma-se também internamente no tratamento de hemorragias, menstruação excessiva e hemorragias nasais. Os nós da raiz são utilizados no tratamento de sangramento nasal, hemoptise (expectoração de sangue), hematúria (sangue nas urinas) e sangramento funcional do útero. A planta tem um histórico popular no tratamento do câncer. A pesquisa moderna isolou certos compostos da planta que mostram atividade anticancerígena.
N. nucifera contém alta concentração de ácidos fenólicos totais, flavonoides e alcaloides. Veja a seguir um resumo conforme relatado em [2].
- Alcaloides de bisbenzylisoquinoline (nelumboferina, nelumborina A,B e o principal bioativo neferine e compostos estruturalmente relacionados linesinina e isolinesinina), alcaloides de aporfina (nuciferina, nornuciferina)
- Ácido anísico
- Catequina polifenólica e um conteúdo de EGCG (epigalocatequina-galato, um flavonoide antioxidante natural), podem ser encontradas na vagem de sementes como procianidina C1 e as raízes contêm procianidina B.
- Quercetina, isorhamnetina, miricetina, kaempferol, diosmetina, siringetina,
- Triterpenoides (ácido betulínico), higenamina, hiperosídeo, astragalina, L-triptofano
Culinária [1]
Raiz de lótus refogada. Lave e raspe finamente as raízes. Corte-as em rodelas finas e refogue-as na manteiga ou azeite com sal e alho a gosto. Adicione molho de soja (shoyu), pimenta-do-reino moída na hora e água fervente para terminar de cozinhar. Pode ser cozida no vapor também ou ensopadas. As raízes podem ser desidratadas (reidrate por 30 minutos e cozinhe), como já encontradas em lojas de produtos naturais.
Sementes de lótus cozida. Colha as sementes das infrutescências maduras. Descasque-as ou compre-as já pré-processadas em mercados especializados. Deixe-as de molho de um dia para o outro com bastante água. Escorra, retire o embrião e refogue na manteiga com os temperos usuais. As sementes, inteiras ou trituradas, podem ser usadas em sopas e purês.
Dedicado ao Grupo Hidrofitotério do Horto Botânico "Walter Radamés Accorsi" (USP/ESALQ), 2017.
Referências
- KINUPP, V. F; LORENZI, H. Plantas alimentícias não convencionais no Brasil. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa (SP), 2014.
- Examine.com: Nelumbo nucifera - Acesso em 11 de junho de 2017
- Plants for a Future: Nelumbo nucifera - Acesso em 11 de junho de 2017
- KewScience (Plants of the World): Nelumbo nucifera - Acesso em 11 de junho de 2017
- Image: Wikimedia Commons (Author: T. Voekler) - Acesso em 11 de junho de 2017
- The Plant List: Nelumbo nucifera - Acesso em 11 de junho de 2017
GOOGLE IMAGES de Nelumbo nucifera - Acesso em 11 de junho de 2017