Guaçatonga

Nome científico: 
Casearia sylvestris Sw.
Família: 
Salicaceae
Sinonímia científica: 
Anavinga parvifolia Lam.
Partes usadas: 
Cascas, folhas e raiz.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Flavonoides, saponinas, alcaloides, óleo essencial, terpenos, limoneno, ácido hexanoico, triterpenos, diterpenos clerodano (casearinas A-S), taninos, lapachol.
Propriedade terapêutica: 
Diurética, diaforética, depurativa, vulnerária.
Indicação terapêutica: 
Febre, picada de cobra, envenenamento de gado, úlceras, herpes, diarreia, hematomas, sífilis, queimaduras, ferimentos, erupções cutâneas, eczema, vitiligo.

 

Planta da Farmacopeia Brasileira
Guaçatonga tem uso científico comprovado como antidispéptico.

Nomes em outros idiomas

  • Inglês: wild coffee
  • Espanhol: cortalenga, dondequiera, guayabillo, mahajo, raton, sarnilla

Origem, distribuição
América Central, América do Sul e Caribe.

Descrição
Guaçatonga é um arbusto ou árvore que mede geralmente entre 4 e 6 m de altura podendo chegar a 10 m em áreas isoladas da Amazônia. Dotada de copa densa e arredondada, com tronco de 20 a 30 cm de diâmetro.

As estruturas vegetativas e reprodutivas são caracterizadas pela presença de inclusões cristalinas e células glandulares contendo óleo essencial. Os estômatos são paracíticos. Os pelos epidérmicos são unicelulares, não glandulares.

As folhas são simples, alternas e pecioladas, tem a forma de ponta-de-lança com bordas serrilhadas e medem de 6 a 12 cm de comprimento. Produz flores branca, creme ou esverdeada reunida em glomérulos axilares.

O fruto cápsula ovoide-globoso é pequeno, vermelho quando maduro e possui 2-3 sementes envoltas em arilo carnoso avermelhado (semelhante a sementes de maracujá e romã), amarelo e comestível.

Uso popular e medicinal

Diurética e diaforética. Externamente é vulnerária, indicada em estados febris. Tem uso também como antiofídica e o fruto é utilizado contra o envenenamento do gado. Suas folhas e raízes são usadas como depurativo, anestesiante e úlceras.

Para febres perniciosas e inflamatórias são utilizadas as cascas. O suco e o decocto das folhas têm as mesmas propriedades da casca e ainda antidiarreica e combate a herpes. As folhas cozidas são usadas para lavar feridas e lesões provocadas por picadas de cobras. As folhas misturadas ao álcool (alcoolatura) são colocadas sobre hematomas. Há relatos populares do uso das folhas e raízes contra a sífilis.

Guaçatonga é citada como auxiliar dos criadores de gado na expulsão da placenta após o parto. É utilizada externamente em queimaduras, ferimentos, erupções cutâneas, eczema e vitiligo.

Nas folhas da C. sylvestris consta a presença de flavonoides (quercetina, 4´- O-metiléter do canferol e isoramnetina), saponinas, alcaloides e óleo essencial constituído em grande parte por derivados de sesquiterpenos. As folhas frescas contém 0,6% de óleo essencial e chega a 2,5% quando estão secas.

Tem uma grande porcentagem de terpenos (77,78%), o limoneno e o ácido hexanóico, triterpenos e diterpenos clerodano (casearinas A-S), taninos e lapachol.

Existem vários trabalhos científicos sobre guaçatonga. Em um deles publicado em 1979 relatou-se a ação cicatrizante na pele de camundongos. Em comparação com o grupo controle, concluiu-se que o processo de cicatrização ocorreu mais rápido nos animais tratados com a tintura das folhas da Casearia sylvestris.

Em outro trabalho de 1993 foi aplicado o extrato fluido das folhas em lesões de estomatite herpética provocadas por herpes simples na região bucal de crianças e adolescentes e verificou-se redução no tempo desde o surgimento até desaparecimento das manifestações clínicas.

Em um estudo no ano de 2000 verificou-se que extratos preparados de folhas frescas e secas de C. sylvestris administrados em ratos protegiam a mucosa gástrica sem modificar o pH fisiológico do estômago. Testes foram realizados com úlcera induzida e tanto o extrato de folhas frescas como secas agiram de forma a reduzir a área ulcerada. Acredita-se que esse efeito é devido a presença de óleos voláteis, taninos e triterpenos.

Em 1988,1990 e 1991 um grupo de pesquisadores isolou os diterpenos clerodanos (casearinas A-F e G-R) das folhas em extrato hidroalcoólico e identificaram como sendo responsáveis pela ação antitumoral e citotóxica.

Outros estudos foram realizados com o óleo essencial das folhas secas e mostraram a ação inibitória de edema agudo induzido por veneno de urutu (Bothrops alternatus) e carragenina. Em outro trabalho com veneno de cobras e abelhas injetadas em camundongo em doses letais, o extrato aquoso de folhas mostrou-se capaz de inibir a atividade anticoagulante de enzimas e neutralizar o efeito letal destas, prolongando a sobrevivência dos animais.

 Dosagem indicada [1]
​​Antidispéptico. Componentes: folhas secas (2–4 g); água q.s.p. (150 mL). Preparar por infusão considerando a proporção indicada na fórmula. Advertências: não usar em gestantes e lactantes. Modo de uso: interno. Acima de 12 anos, tomar 150 mL do infuso, 5 minutos após o preparo, duas a três vezes ao dia.

 Toxicidade
C. sylvestris apresentou baixa toxicidade e excelente índice terapêutico.

 Colaboração

  • Ana Lúcia T. L. Mota, Bióloga, São Paulo (SP). Agosto de 2004.
  • Luís Carlos Leme Franco, médico e professor de Fitoterapia (Curitiba, PR). Memória.

 Referências

  1. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 1ª ed. 2011.
  2. Imagem: FloraRS (Fotógrafos: Óscar M. Chaves, Marcio Verdi, Eduardo L. H. Giehl) - Acesso em 1 de fevereiro de 2016.
  3. The Plant List: Casearia sylvestris - Acesso em 1 de fevereiro de 2016

GOOGLE IMAGES de Casearia sylvestris - Acesso em 1 de fevereiro de 2016