Tucumã-do-amazonas

Nome científico: 
Astrocaryum aculeatum G. Mey
Família: 
Arecaceae
Sinonímia científica: 
Astrocaryum aureum Griseb.; A. candescens Barb. Rodr.; A. chambira Burret; A. jucuma Linden; A. macrocarpum Huber; A. manaoense Barb. Rodr.; A. princeps Barb. Rodr.
Partes usadas: 
Fruto, polpa, amêndoa do fruto, folhas novas, estipe, palmito, óleo.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Rica em lipídios, carboidratos, fibras, vitaminas (A, B e E), carotenoides, flavonoides e ácidos fenólicos (gálico, cafeíco, clorogênico), compostos bioativos (quercetina, rutina).
Propriedade terapêutica: 
Antimicrobiana, antioxidante, antigenotóxica, anti-inflamatória, hepatoprotetora, neuroprotetora.
Indicação terapêutica: 
Inflamação, infecção, feridas superficiais, irritação da pele

Origem, distribuição
Tucumã-do-amazonas é endêmica do Brasil e seu possível centro de origem e diversidade é Amazonas, onde se encontram grandes concentrações. Distribui-se nos estados da região Norte e Centro-Oeste, e também na Guiana Francesa, Peru, Suriname, Bolívia e Colômbia.

Nomes em outros idiomas

  • Inglês: tucuma palm
  • Espanhol: tucumán, chontilla (Equador)
  • Línguas indígenas amazônicas: tukumã, tucum, tuku'mã

Descrição

Astrocaryum aculeatum é uma planta perene, monoica, protogínica e alógama. A abertura das flores femininas é vespertina e seu odor, junto ao pólen, são atrativos para diversos tipos de animais, entre eles os besouros. Entretanto, sua dispersão se dá principalmente pelo agroextrativismo.

Esta espécie vegetal tem caule monoestipe, ereto, com ou sem espinhos negros, com tamanhos e formas variadas. Pode chegar a 30 m de altura e 40 cm de diâmetro. As folhas (até 24 por planta) são pinadas, reduplicadas e ascendentes, de 4 a 5 metros de comprimento e com espinhos.

A inflorescência é interfoliar, ramificada e ereta, contendo de 375 a 432 ráquilas distribuídas em pedúnculo. Os frutos são duros, dispostos em grandes cachos de tipo drupa subglobosa a elipsoide, alaranjados, fibrosos, oleaginosos e principalmente comestíveis.

Tucumã-do-amazonas é largamente utilizada na culinária amazônica, conhecida por estar presente no famoso X-caboquinho, um sanduíche típico que consiste em pão francês recheado com lascas de tucumã, banana pacovã madura frita, queijo coalho e manteiga. Em 2019, este prato foi considerado Patrimônio Cultural Imaterial da cidade de Manaus.

Uso popular e medicinal

Tucumã-do-amazonas é importante fonte de alimento na região Norte do Brasil, devido ao fruto que tem participação crescente no agronegócio local, sendo comercializado para consumo in natura, polpa ou para extração do óleo. O uso da polpa é o mais comum e está presente em diversos pratos típicos. Os óleos podem ser obtidos da parte comestível (casca+polpa) e da amêndoa dos frutos, com rendimentos e composições diferentes, mas de excelente qualidade. A obtenção dos óleos tem interesse nas indústrias alimentícia, de cosméticos e rações animais.

Devido à propriedade antimicrobiana, o tucumã tem potencial biotecnológico para compor a indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia. Pesquisas mostram que os extratos da casca e polpa conseguem proteger as células contra danos causados por radicais livres, graças à sua ação antioxidante. Este tipo de propriedade é explorada na cosmética principalmente na produção de sabonetes e hidratantes corporais.

Os estudos também apontam que os vários compostos presentes nas frutas, tais como polifenóis e antocianinas, são muito eficazes no combate a bactérias, fungos ou protozoários, o que favorece o uso medicinal deste vegetal Em 2015, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) financiou um projeto que apontou o uso medicinal sobre a obesidade em razão da riqueza da espécie em ácidos graxos, como o ácido oleico e ômega 3.

Um estudo avaliou a atividade antimicrobiana do tucumã-do-amazonas contra 37 microrganismos. Os extratos hidroalcoólicos da polpa e da casca mostraram ação antibacteriana contra três bactérias Gram-positivas (Enterococcus faecalis, Bacillus cereus e Listeria monocytogenes) e efeito antifúngico contra Candida albicans. Também foi investigada a contribuição dos principais compostos presentes no fruto (quercetina, rutina, β-caroteno e os ácidos gálico, cafeico e clorogênico), revelando efeito inibidor variável conforme o microrganismo - com destaque para a quercetina nas bactérias e a rutina na C. albicans.

Os autores concluíram que os extratos apresentam potencial antimicrobiano contra microrganismos de difícil tratamento devido à resistência medicamentosa. O possível mecanismo de ação está associado ao desequilíbrio redox - situação em que há excesso de radicais livres e escassez de antioxidantes para neutralizá-los. Esse desbalanço, também conhecido como estresse oxidativo, pode danificar células e, no caso dos microrganismos, enfraquecê-los ou levá-los à morte.

Resumo das propriedades medicinais: 

  • Antioxidante: rica em carotenoides (α e β-caroteno), flavonoides (quercetina, rutina) e ácidos fenólicos (gálico, cafeico, clorogênico), que ajudam a neutralizar radicais livres.

  • Antimicrobiana: extratos da polpa e da casca mostraram atividade contra bactérias resistentes (Enterococcus faecalis, Bacillus cereus, Listeria monocytogenes) e contra o fungo Candida albicans.

  • Anti-inflamatória: compostos bioativos reduzem processos inflamatórios.

  • Cardioprotetora: a presença de ácidos graxos e antioxidantes auxilia na proteção do sistema cardiovascular.

  • Hepatoprotetora e neuroprotetora (em estudos preliminares): devido à ação antioxidante e ao potencial de reduzir o estresse oxidativo.

Resumo das propriedades dermatológicas:

  • Hidratante natural: o óleo da polpa e da amêndoa é rico em ácidos graxos (como oleico e láurico), que nutrem e restauram a pele.

  • Antienvelhecimento: carotenoides e antioxidantes ajudam a prevenir danos causados pelos radicais livres, retardando o envelhecimento cutâneo.

  • Cicatrizante e regenerador: tradicionalmente usado em comunidades amazônicas para tratar feridas superficiais e irritações da pele.

  • Fotoprotetor natural: os carotenoides contribuem para proteção contra danos solares.

  • Cabelos e cosméticos: o óleo é utilizado em shampoos, condicionadores e cremes para fortalecimento capilar e combate ao ressecamento.

Aplicações práticas:

  • Alimentação: polpa consumida in natura, em sucos, sorvetes, doces e pratos típicos; fonte de energia e nutrientes.

  • Óleo vegetal: usado na culinária, cosmética e na medicina tradicional.

  • Artesanato e biojoias: sementes aproveitadas na confecção de colares, pulseiras e peças culturais.

  • Farmacologia: estudos apontam o potencial para desenvolvimento de fitoterápicos e produtos antimicrobianos naturais.

  • Cosmética natural: cremes, loções e óleos corporais com ação hidratante, antioxidante e protetora da pele.

 Colaboração

  • Ellen Grous, graduanda em Engenharia Agronômica (USP/ESALQ), 2025.

 Referências

  1. Pesquisa e Ensino em Ciências Exatas e da Natureza (2023). Uso do tucumã em cosmético: caracterização química e elaboração de sabonetes artesanais - Acesso em 14 de agosto de 2025
  2. CORADIN, Lidio; CAMILLO, Julcéia; VIEIRA, Ima Célia Guimarães (Ed.). Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial: plantas para o futuro: região Norte. Brasília, DF: MMA, 2022. (Série Biodiversidade; 53) - Acesso em 14 de agosto de 2025
  3. Microbiological Research (2014). Antimicrobial activity of Amazon Astrocaryum aculeatum extracts and its association to oxidative metabolism - Acesso em 14 de agosto de 2025
  4. World Flora Online: Astrocaryum aculeatum - Acesso em 14 de agosto de 2025
  5. Image: Astrocaryum aculeatum by Gelo--2014 is licensed under CC BY-NC 2.0

GOOGLE IMAGES de Astrocaryum aculeatum