Nome em outros idiomas
- Inglês: pichury bean, pichurim bean, sassafras nuts.
Origem, distribuição [1]
Brasil. Distribui-se na região do médio e baixo Amazonas. Espécie coletada por Carl Friedrich Phillip von Martius, naturalista alemão que visitou diversas regiões brasileiras, sobretudo a região da Amazônia em 1820.
Descrição [4]
O puxurizeiro é uma árvore de porte elevado. O córtex é muito aromático com râmulos glabros. As folhas são alternas, elípticas de ápice acuminado, base obtusa e inflorescência axilar em rácemos paniculados. Os frutos são bagas ovóides.
Uso popular e medicinal
Os cotilédones são empregados como estimulante tônico, carminativo, no tratamento da dispepsia atônita, cólica espasmódica, flatulência, diarreia e disenteria. A tintura é indicada contra leucorreia e incontinência urinária. Para esses casos, usam-se o infuso da casca em dose normal (20 g do material verde ou 10 g do material seco para cada litro de água. Adultos tomam de 4 a 5 xícaras por dia [4].
A espécie é bastante comum no município de Borba (AM), onde a população local detém conhecimentos empíricos sobre as propriedades terapêuticas da planta. Os nativos desta cidade costumam tomar o chá da semente ralada na língua do pirarucu para tratar males do estômago. Consomem o chá de todas as partes da planta como bebida, em substituição ao café.
Sabe-se que a ingestão de grande quantidade de um princípio ativo pode causar intoxicação. Tendo isso em vista, foi feita uma avaliação do grau de toxicidade da infusão das folhas, galhos e da semente desta espécie utilizando o bioensaio de letalidade frente aos nauplius de Artemia salina (estágio larvar dos crustáceos).
Foi relatado que a taxa de mortalidade para as infusões preparadas com a folha, galhos finos e caule de L. puchury-major foi 0%, já a infusão preparada da semente raspada com a língua de pirarucu foi 8,02%, menor que 9%, sendo portanto considerada não tóxica. De acordo com os resultados obtidos, os autores concluem que o chá das folhas, galhos finos, caule e semente da espécie não apresentou atividade citotóxica frente a náuplios de A. salina [2].
O óleo essencial de puxuri é um líquido amarelo claro à temperatura ambiente. Seu odor assemelha-se ao dos óleos de sassafrás, eucalipto e noz-moscada e seu sabor é aromático e levemente adstringente.
Uma análise química dos componentes do óleo essencial de puxuri foi realizado pelo Laboratório de Tecnologia Química (LATEC) do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB) [3].
A extração foi por arraste a vapor d’água em aparelho do tipo Clevenger modificado utilizando as sementes de puxuri previamente moídas. Seu rendimento variou de 1,8 a 2,5%. Os principais compostos encontrados foram safrol (36,1 - 51,3%), 1,8-cineol (ou eucaliptol 21,1 - 25,0%), alfa-terpineol (8,6 - 10,7%), eugenol (3,3 - 4,1%), sabineno (3,8 - 4,7%), o alfa-pineno (1,6 - 2,0%), mirceno (2,1 - 2,6%), linalol (0,2 - 0,3%), terpine-4-ol (0,6 - 0,7%), metil-eugenol (2,9 - 3,6%), gama-terpineno (0,3%), limoneno (12,2%) e ácido láurico (0,1 - 1,5%).
O óleo extraído das cascas da árvore apresentou aldeído 3,4-metilenodioxicinâmico, álcool 3,4-metilenodioxicinamílico, 4-hidroxi-3,5-dimetoxibenzaldeído, sitosterol, safrol e eugenol.
O óleo de puxuri é empregado em indústrias de perfumes e fragrâncias como fixador de perfumes ou como matéria-prima para a sua fabricação. Encontra também aplicação em produtos dentifrícios (cremes dentais e enxaguatórios bucais).
Três dos principais componentes: safrol, 1,8-cineol e eugenol, apresentam propriedades antissépticas e desinfetantes, o que justifica seu emprego na fabricação de dentifrícios.
Componente em maior abundância, safrol é empregado nas indústrias de cosméticos, fragrâncias e inseticidas como matéria-prima na síntese de piperonal (também conhecido por heliotropina), composto utilizado como fixador para perfumes.
Relata-se que o óleo essencial extraído das folhas pode tratar insônia e reumatismo.
Dedicado a Antônio dos Santos, Gestor do Centro de Estudos Amazônicos (Manaus, AM), 2015.
Referências
- Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP, Rio Claro, 2013): Taxonomia das espécies brasileiras de Lauraceae coletadas por Von Martius de 1817 a 1820 - Acesso em 22 de novembro de 2015
- 62o Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, 2010): Avaliação citotóxica do chá da espécie amazônica Licaria puchury-major - Acesso em 22 de novembro de 2015
- ARAUJO, V. F. et. alli. Plantas da Amazônia para produção cosmética. Universidade de Brasília (UNB-DF), Instituto de Química. 2005.
- VIEIRA, L. S. Fitoterapia da Amazônia manual das plantas medicinais. Editora Agronômica Ceres, São Paulo (SP). 1992
- Imagem: Vieira, L.S.
- The Plant List: Licaria puchury-major - Acesso em 22 de novembro de 2015
GOOGLE IMAGES de Licaria puchury-major - Acesso em 22 de novembro de 2015