Origem, distribuição
Floresta estacional semidecidual (as espécies perdem as folhas em uma época do ano) da Mata Atlântica de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, Brasil. Ocorre principalmente nas florestas de altitude e na mata pluvial Atlântica, assim como suas parentes homônimas. Cada vez menos frequente nessas matas, é hoje considerada espécie em extinção.
Descrição
Árvore da Mata Atlântica, pode atingir até 20 m de altura, tronco com casca rugosa de coloração castanho-acinzentada. Folhas verde-amareladas, brilhantes. Flores avermelhadas no botão, róseo-esbranquiçadas posteriormente. Floresce de outubro a novembro.
Fruto globoso formado pelo agrupamento das sementes de coloração castanha envoltas pela polpa, cujo conjunto assemelha-se a escamas de consistência carnosa e cor de vinho quando maduro. Frutifica de março a maio. Os frutos são atrativos, doces e comestíveis, porém com pouca polpa. O fruto tem aparência rústica, muito bonito e uma característica especial, à medida que vai amadurecendo, sua cor verde adquire matizes de vermelho até ficar completamente tomada por uma cor de sangue, violácea.
Ocorre de forma nativa em regiões de matas de altitude, sempre em solos bem drenados. Propaga-se por sementes, apresentando desenvolvimento lento.
Com o nome "pindaíba" são conhecidas no Brasil diferentes plantas da família Annonaceae:
- Fruta-do-conde (pinha ou ata).
- Cherimola (Annona cherimola), espécie de clima temperado.
- Fruta-da-condessa (Annona reticulata).
- Graviola (Annona muricata L.), fruta comum na Venezuela, Norte e Nordeste brasileiros, cujas folhas são utilizadas no tratamento contra câncer, com comprovado efeito medicinal.
- Biribá (Rollinia mucosa), planta nativa das Américas.
- Marolo (Annona coriacea), planta do cerrado brasileiro utilizada na culinária para fabricação de licores, doces e sucos.
- Araticum (Rollinia sp) tem potencial farmacêutico, no melhoramento genético e como porta-enxerto para outras espécies comerciais de Annonaceae.
- Anona glaba (ou anona-do-brejo), recomendada como porta-enxerto para fruta-do-conde pela resistência a doenças de raiz e induzir ananicamento nas plantas enxertadas.
Conta-se que, no interior de São Paulo, os frutos da pindaíba davam água na boca às crianças que esperavam, ansiosamente, a volta dos adultos das incursões nos matos de onde os traziam. Isto porque ela é mais saborosa do que a pinha comum, embora bem mais fina e pouco volumosa.
Curiosidade O nome indígena "pindaúva" vem do tupi-guarani e significa "árvore de varas ou caniços", referente às partes aéreas que surgem na base do tronco, as quais foram usadas pelos índios para fazer suas casas. |
Uso popular e medicinal
Espécies de Duguetia são popularmente usadas no Brasil contra diarreia, reumatismo, dores de estômago, das costas, dos rins e como sedativo.
Foram identificadas substâncias alcaloídicas, sesquiterpenoídicas e flavonoídicas. Alguns alcaloides isolados exibiram atividade antimalária, leishmanicida, tripanossomicida, antimicrobiana e citotóxica. Um estudo que confirmou a atividade antiplasmódica (inibe o crescimento ou patogenicidade do plasmódio, parasita causador da malária).
A espécie Duguetia lanceolata tem sido usada como anti-inflamatória, cicatrizante e antimicrobiana. O óleo essencial obtido das cascas contém betaelemeno, óxido de cariofileno, betaselineno e beta-eudesmol como principais componentes.
Um trabalho avaliou as atividades antinociceptiva e anti-inflamatória por prováveis ações central e periférica de óleo essencial de cascas de Duguetia lanceolata. Os resultados obtidos atestam o emprego de plantas deste gênero na medicina popular, visto que o extrato etanólico das folhas de D. lanceolata possui efeitos antinociceptivo e anti-inflamatório, sugerindo suas potencialidades para fins terapêuticos.
Outros usos
Reflorestamento e paisagismo.
Colaboração
- Rosa Lúcia Dutra Ramos, Bióloga, Porto Alegre (RS)
Referências
- SILVA, J.A.A. (INFOBIBOS, 2007): Quem é quem na família Annonaceae - Acesso em 6 de agosto de 2017
- Latin American Journal of Pharmacy (2008): Atividades antinociceptiva e anti-inflamatória do óleo essencial e cascas de Duguetia lanceolata St. Hil. - Acesso em 6 de agosto de 2017
- Molecules (2012): Chemical composition and biological activities of the essential oils from Duguetia lanceolata barks - Acesso em 6 de agosto de 2017
- Trilhas da ESALQ/USP: Árvores frutíferas - Acesso em 6 de agosto de 2017
- Imagem: BananasRaras.org; Flora Digital (Autor: Marcio Verdi); Escola da Floresta - Acesso em 6 de agosto de 2017
- The Plant List: Duguetia lanceolata - Acesso em 6 de agosto de 2017
GOOGLE IMAGES de Duguetia lanceolata - Acesso em 6 de agosto de 2017