Esta espécie é considerada Planta Alimentícia Não Convencional.
Origem, distribuição
América tropical. No Brasil a cultura do mamoeiro é amplamente difundida, destacando-se o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo onde se concentra a maior parte dos plantios comerciais.
Nomes em outros idiomas
- Inglês: papaya, mamaeiro, melon-tree, papaw, pawpaw, true papaw
- Alemão: papaya, baummelone, melonenbaum, papaja, papajabaum
- Francês: arbre de melon, papailler, papaye
- Espanhol: papayo, papaya, mamón, fruta bomba
Descrição
Árvore dióica de 4 a 6 m de altura, tronco cilíndrico sem ramos, da sua parte superior nascem os frutos e as folhas. As árvores de flores masculinas não dão frutos. Caule fistuloso e fibroso, folhas longo-pecioladas, palmatilobadas, inflorescência em panículas longo-pedunculadas nas plantas masculinas, nas plantas femininas e hemafroditas, as flores são solitárias, axiliares e amarelo-claras.
Uso popular e medicinal
Considerado de grande valor nutricional e poder medicinal, várias partes do mamoeiro são usadas para este fim, cada qual com suas respectivas propriedades terapêuticas.
Desde o século XIX médicos das Américas já usavam a folha de mamão para tratar "indigestão fermentativa", uma condição de distensão abdominal, náuseas, flatulência causados após o consumo excessivo de alimentos fermentados.
Em alguns países, C. papaya é cultivada em grandes plantações para a extração de papaína, uma enzima proteolítica (ou protease, protease enzimática, lei ao lado) presente no látex, coletado principalmente de frutos verdes. Essas enzimas reduzem a dor e a inflamação provocadas por cirurgia, dor de lesões esportivas, dores no pescoço, osteoartrite e neuralgia pós-herpética. Herpes (Herpes zoster) é uma infecção aguda e dolorosa provocada pelo virus que causa a varicela. Existe alguma evidência de que as enzimas proteolíticas podem ajudar contra o ataque inicial de herpes. |
Enzimas proteolíticas ajudam a digerir as proteínas contidas nos alimentos, hidrolisam as proteínas, libertando os aminoácidos que as compõem. São úteis aos pacientes que necessitam de alimentação via parenteral (devido a dificuldades de digestão, insuficiência pancreática). |
Embora o organismo produza essas enzimas (chamadas tripsina e quimotripsina) no pâncreas, certas frutas como mamão, abacaxi e figo são fontes ricas. Papaína, bromelina e ficina são os respectivos nomes para as enzimas proteolíticas que se encontram nestas frutas.
Na indústria farmacêutica são associadas a um curativo (esparadrapo + gaze) como um acelerador da cicatrização, muito utilizado em tratamentos de úlceras de decúbito (ou escaras de decúbito).
As proteases têm também uma variedade de aplicações principalmente na indústria de detergentes e de alimentos. Tendo em vista os acordos mundiais para uso de tecnologias não poluentes, as proteases começaram a ser usadas em larga escala no tratamento do couro, em substituição aos compostos tóxicos e poluentes até então usados.
A papaína faz parte de diversos preparados farmacêuticos. Usa-se em cirurgia ortopédica para dissolver o núcleo do disco intervertebral, no caso de hérnia de disco.
A papaína é usada na indústria de cerveja, processo denominado "prova a frio", refere-se a cerveja que foi tratada para prevenir a aturvação a baixas temperaturas, é o termo para a precipitação de proteínas e taninos da cevada que podem obscurecer a aparência de uma cerveja se ela for resfriada muito rapidamente ou por muito tempo.
Também é utilizada no amolecimento de seda e lã. Na culinária é utilizada como amaciante de carnes.
Existem estudos indicando que um alcaloide presente no mamão denominado "carapina" pode ser usado como um depressor cardíaco (antiarrítmico), amebicida (matador de amebas) e diurético.
Segundo o virologista francês Luc Montagnier, um extrato fermentado de mamão-papaia combate a degeneração neurológica causada pelo mal de Parkinson.
Pesquisas indicam que substâncias encontradas no látex do fruto da C. candamarcensis - uma espécie de mamoeiro nativo da costa oeste da América do Sul, têm potencial de cura de diferentes tipos de feridas cutâneas e podem ser extremamente eficazes nas crônicas ou de difícil cicatrização, como são comuns em portadores de diabetes, escaras (feridas que aparecem em pacientes que permanecem acamados ou na mesma posição por longos períodos) e as provocadas por queimaduras.
As proteases já foram testadas em lesões grásticas e demosntraram eficácia maior do que os medicamentos tradicionais (omeprazol e ranitidina).
Foi feito um estudo do efeito de extratos de folhas de C. papaya contra a febre de dengue em pacientes com 45 anos de idade picados por mosquitos transmissores Aedes aegypti. Partindo da observação do estado dos pacientes e análise de amostras de sangue, os autores concluiram que o extrato aquoso de folhas de C. papaya exibiu atividade potencial contra essa febre. No entanto, por tratar-se de um trabalho preliminar, são necessários mais estudos para isolar os compostos ativos desta espécie que possam ajudar no controle de tais doenças infecciosas.
Preparação e emprego
Tanto o látex quanto as folhas (infusão) são recomendados a quem sofre de insuficiência de suco digestivo, geralmente devido a gastrite ou a pancreatite crônica. Pelo seu efeito vermífugo, são também úteis contra os parasitas intestinais, especialmente as tênias.
Látex: obtém-se praticando incisões sobre os frutos verdes e sobre o tronco. Tomam-se de 10 a 20 g misturados com mel e água quente, após cada refeição. Em seguida, caso se pretenda um efeito vermífugo, toma-se um laxante enérgico. O látex puro elimina as sardas ou efélides e é um poderoso vermífugo.
Infusão: Prepara-se com 30 g de folhas por litro e tomam-se 3 chávenas diárias da mesma.
Doenças gastrointestinais. Para tratá-las é indicado o suco de frutas.
Feridas. Fazer um cataplasma de folhas frescas.
Reumatismo. A raiz fresca com álcool de cana pode ser tomada por via oral ou como massagem para aliviar o reumatismo. Tosse, bronquite, asma e resfriados. A decocção de flores, ingerida por via oral, é indicada para tratar esses males. Vermífugo. Usar as sementes secas e moídas na forma de chá. Asma e diabetes. Usar algumas gotas do latéx em água fervida. |
Sementes |
Valor nutricional aproximado por 100 g de porção comestível [1]
Principais (g) | Minerais (mg) | Vitaminas (mg) | ||||||||||||||
Água | Proteína | Energia | Gordura | Carboidratos | Fibras | Cinzas | K | Ca | P | Fe | Na | A | C | B1 | B3 | B2 |
86,6 | 0,5 | 200 g kJ/100 g | 0,3 | 12,1 | 0,7 | 0,5 | 204 | 34 | 11 | 1 | 3 | 450 | 74 | 0,03 | 0,5 | 0,04 |
Os principais açúcares são sacarose (48,3%), glucose (29,8%) e frutose (21,9%).
Cuidado
Algumas substâncias contidas no mamão podem suprimir os efeitos do hormônio progesterona na mulher, ocasionando abortos. Por este motivo não é recomendado o consumo por mulheres grávidas.
Colaboração
Tarsila Sangiorgi Rosenfeld - Comunicóloga (São Paulo, SP)
Referências
- Plant Resources of Tropical Africa (PROTA): Carica papaya - Acesso em 8 de janeiro de 2017
- ROGER, J. D. P. Plantas que curam - Enciclopédia das Plantas Medicinais. Publicadora Atlântico, V.1.
- Química Nova na Escola (2008): Estudo da atividade proteolítica de enzimas presentes em frutos - Acesso em 8 de janeiro de 2017
- EMBRAFARMA: Protease - Acesso em 8 de janeiro de 2017
- Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine (2011): Dengue fever treatment with Carica papaya leaves extracts - Acesso em 8 de janeiro de 2017
- EBSCO Publishing (2013): Enzimas proteolíticas - Acesso em 8 de janeiro de 2017
- Jardineiro.net - Acesso em 8 de janeiro de 2017
- Imagens: Growing & Caring for Papaya Trees; Carica papaya seedling; PROTA; Papaya benefits - Acesso em 8 de janeiro de 2017
- Portal UbaWeb (O Guaruçá, 2005): Propriedades nutricionais do mamão-papaia
- The Plant List: Carica papaya - Acesso em 8 de janeiro de 2017
GOOGLE IMAGES de Carica papaya - Acesso em 8 de janeiro de 2017