Nomes em outros idiomas
- Inglês: yohimbe
- Francês: écorce de yohimbe, hydrochlorure de yohimbine
Origem, distribuição
Planta nativa da África Ocidental e Central (Nigéria, Cabinda, Camarões, República do Congo, Gabão, Guiné Equatorial).
Descrição
Árvore que pode atingir 9 a 30 m de altura, casca rugosa de cor avermelhada a marron-acinzentada. Folhas de 24 a 47 cm de comprimento por 10 a 17 cm de largura, glabras, obovadas, cuneadas ou arredondadas.
Uso popular e medicinal
A casca da planta contém até 6% de uma mistura de alcaloides, sendo o principal a ioimbina. A presença e a quantidade de atividade de alcaloide na casca de P. johimbe é altamente variável. Tradicionalmente P. johimbe tem sido usada na África tanto na prescrição quanto no mercado de ervas para febre, tosse, lepra e como afrodisíaco, sendo clinicamente comprovado para a impotência. É hipotensora e tem uma ação anestésica local semelhante a da cocaína mas não é midriática (não dilata a pupila). A ação vasodilatadora é particularmente forte sobre os órgãos sexuais, daí vem o reconhecimento como afrodisíaca. |
Foto: coleta de cascas da árvore em Kribi (Camarões). A coloração vermelha desenvolve-se após alguns minutos (© Vanessa Simons)
P. johimbe é usada como estimulante moderado para evitar sonolência, como alucinógeno, indicado para tratamento de angina de peito, tônico geral, um potenciador de desempenho para os atletas, uma solução para aumentar a clareza das vozes dos cantores durante as longas festas.
Empregada na medicina veterinária para aumentar a resiliência dos cães de caça. Os remédios são tomados em duas formas: em pó (casca) e líquido (casca cozida em água).
Atualmente a planta é usada no aumento da libido e em disfunção erétil, perda de peso e depressão. No caso de disfunção erétil, não há evidências de que os preparados à base do extrato da erva funcionam. A maioria dos estudos clínicos têm focado na droga ioimbina e não no extrato. A ioimbina tem sido usada para relaxar e dilatar os vasos sanguíneos do pênis, que resulta num aumento do fluxo de sangue e ereção. Ele também pode estimular áreas do cérebro envolvidas no desejo sexual.
Estudos sobre a eficácia da ioimbina tiveram resultados conflitantes quanto a disfunção erétil orgânica (causada por problemas físicos) e quando não é causada por problemas físicos e concluem que parece funcionar melhor neste segundo caso.
Ioimbina tem sido investigada para verificar se aumenta a lipólise (queima de gordura do corpo, responsável pelo emagrecimento e perda de peso), aumentando a liberação de noradrenalina (ou norepinefrina) disponível nas células de gordura e de bloquear a ativação dos receptores alfa-2. No entanto, um estudo controlado descobriu que 43 mg/dia de P. johimbe não teve nenhum efeito sobre o peso corporal, o índice de massa corporal, gordura corporal, a distribuição de gordura e os níveis de colesterol.
P. johimbe tem sido citada para a depressão porque bloqueia a enzima monoamina oxidase. No entanto isto só é obtido em doses mais elevadas (acima de 50 mg/dia), que é potencialmente perigoso.
Cuidado
A Comissão E (agência reguladora de ervas) da Alemanha não aprovou o uso desta planta devido a preocupações com a segurança e eficácia e por causar aumento da pressão sanguínea e da ansiedade, além de outros efeitos colaterais.
Nos EUA a ioimbina foi prescrita como um tratamento da disfunção erétil, porém sua popularidade diminuiu desde a introdução do Viagra. O FDA (Food and Drug Administration) tem recebido uma série de relatos de convulsões e insuficiência renal após o uso de yohimbe.
P. johimbe não é recomendado porque tem um índice terapêutico muito estreito. Há um pequeno intervalo de doses abaixo do qual a erva não funciona e acima a erva é tóxica. Efeitos colaterais de dosagens normais podem incluir tontura, náusea, insônia, ansiedade, taquicardia e aumento da pressão arterial. Doses baixas (40 mg/dia) pode causar efeitos colaterais graves como alterações na pressão arterial, alucinações e paralisia. E overdose pode ser fatal.
Devido a bloquear a enzima monoamina oxidase, pessoas que tomam P. johimbe devem evitar alimentos que contenham tiramina (por exemplo, fígado, queijo, vinho tinto) e remédios que contenham fenilpropanolamina, como os descongestionantes nasais. Fenilpropanolamina era um fármaco vendido sem receita médica, atualmente é proibido pela ANVISA o uso de medicamentos que contenham essa substância.
Inclusões em farmacopeia
O cloridrato de ioimbina, também denominado cloridrato de quebrachina ou cloridrato de colinina, está inscrito na Farm. Bras. II e na ÖAB 1990.
Interações com medicamentos [1]
Antidepressivos tricíclicos. Resultado: a associação pode determinar alterações nos niveis tensionais.
Anti-hipertensivos. Resultado: o fitoterápico pode interferir no controle dos níveis tensionais.
Clonidina (anti-hipertensivo). Resultado: o fitoterápico pode antagonizar o efeito do fármaco.
Medicamentos estimulantes. Resultado: o uso associado está relacionado a aumento no risco de crise hipertensiva.
Fenotiazinas (neuroléptico). Resultado: esta associação deve ser evitada devido ao risco de aumento no antagonismo alfa 2 adrenérgico.
Naloxone (narcoanalgésico). Resultado: o uso associado está relacionado a efeito aditivo terapêutico e adverso.
Colaboração
- Rosane Maria Salvi, Médica, Porto Alegre (RS), 2009.
- Eliane Diefenthaeler Heuser, Bióloga, Porto Alegre (RS), 2009.
Referências
- SALVI, R.M.; HEUSER E. D. Interações medicamentos x fitoterápicos: em busca de uma prescrição racional. EDIPUCRS, Porto Alegre (RS). 2008.
- The World Agroforestry Centre: Pausinystalia johimbe - Acesso em 13 de novembro de 2016
- VeryWell: Safety concerns of yohimbe - Acesso em 13 de novembro de 2016
- Sigma-Aldrich: Yohimbe bark extract (Pausinystalia johimbe) - Acesso em 13 de novembro de 2016
- Pill Scout (2014): Yohimbe – fat-burning stimulant and sex enhancer - Acesso em 13 de novembro de 2016
- The Plant List - Acesso em 13 de novembro de 2016
GOOGLE IMAGES de Pausinystalia johimbe - Acesso em 13 de novembro de 2016