Goiabeira

Nome científico: 
Psidium guajava L.
Família: 
Myrtaceae
Sinonímia científica: 
Guaiava pyrigormis Gaertn.
Partes usadas: 
Folha nova, broto ou "olho".
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Folhas: taninos, óleo essencial (rico em cariofileno, nerolidiol, b-bisaboleno, aromadendreno, p-selinemo, a-pinemo, 1,8-cineol), triterpenoides, b-sitosterol.
Propriedade terapêutica: 
Antisséptica, antimicrobiana, adstringente, antioxidante.
Indicação terapêutica: 
Diarreia (origem bacteriana), inflamação da boca e garganta, cólicas, colite, disenteria, dor de barriga, diabetes, câncer.

Origem, distribuição
Nativa do México, América Central e norte da América do Sul. São cultivadas e naturalizadas em todas as regiões tropicais e subtropicais da África, Sul da Ásia, Sudeste da Ásia, Caribe, regiões subtropicais da América do Norte, Havaí, Nova Zelândia, Austrália e Espanha. 

Nome em outros idiomas

  • Inglês: guava
  • Francês: guyaba
  • Alemão: guave
  • Italiano: guaiava
  • Espanhol: guayaba

Descrição
P. guajava é arbusto perene, frutífero, fácil de 
crescer no fundo de quintal de residências, ruas, praças e jardins públicos. Gosta de clima quente.

O fruto tem casca verde ou amarela, com diâmetro médio de 8 cm. É constituído de uma baga, carnoso, casca verde, amarelada ou roxa, com superfície irregular, de cerca de oito cm de diâmetro. Em seu interior há uma polpa rosada, branca ou dourada, contendo dezenas de pequenas sementes duras, mas que podem ser ingeridas sem problemas. Somente as variedades de polpas brancas e vermelhas são comercializadas. As quatro sépalas da flor estão normalmente presentes em uma das extremidades da goiaba.

O tronco é tortuoso podendo atingir de 3 a 5 m de altura. 

Os maiores produtores mundiais segundo dados de 2003 são Índia, Paquistão, Brasil, Egito, Venezuela, Estados Unidos, África do Sul, México, Austrália e o Quênia. 

Seu cultivo é adaptado em várias regiões brasileiras. A maior parte dos pomares está localizada no Estado de São Paulo. Às margens do rio São Francisco, as cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) também destacam-se na produção da fruta. 

Do total da produção brasileira de goiaba, metade destina-se ao processamento industrial, principalmente para a fabricação de doces e sucos. O pré-processamento da fruta consiste na fabricação da polpa ou purê, matéria-prima para produção de inúmeros produtos mais elaborados como a goiabada, sucos, geléias, compotas, sorvetes e doces. A outra metade destina-se ao mercado de frutas frescas principalmente nos grandes centros urbanos. 

Com o desenvolvimento de novas formas de utilização da polpa de goiaba, como é o caso do guatchup (ingrediente para um molho agridoce similar a um catchup) e do molho pronto, há uma expectativa de crescimento bastante acentuado da área cultivada. 

Uso popular e medicinal
Na medicina popular é utilizada contra cólicas, colite, diarreia, disenteria e dor de barriga. Desde 1950 as folhas da goiabeira têm sido objeto de pesquisas sobre os seus constituintes, propriedades farmacológicas e história na medicina popular. A maioria das pesquisas foi realizada em goiaba P. guajava e a conclusão é que os extratos das folhas e cascas atuam em mecanismos terapêuticos contra o câncer, infecções bacterianas, inflamação e dor.
 
Óleos essenciais de folhas de goiabeira apresentaram atividade anticâncer in vitro. Folhas e cascas são utilizadas como remédios tradicionais para diarreia devido a possível propriedade antimicrobiana e como um adstringente. 
 

Em Trinidad o chá feito de folhas jovens é indicado contra diarreia, disenteria e febre.

Um experimento divulgado em 2004 envolvendo 100 pessoas com diarreia aguda demonstrou que a tintura de folhas de goiabeira (20%) curou clinicamente 92% dos pacientes em 72 horas.

Uma pesquisa realizada em 2005 sobre a atividade antifúngica de extratos de plantas para assepsia e esterilização, encontrou atividade antimicótica de P. guajava frente a Aspergillus fumigatus, um fungo presente no ar atmosférico e habitante da mucosa das vias respiratórias de animais.

Outro estudo (2003) analisou 13 extratos de diferentes plantas da medicina popular brasileira, constatou que P. guajava foi uma das mais ativas frente às leveduras do gênero CandidaC. albicans, C. krusei, C. parapsilosis e C. tropicalis. Candida é um fungo que vive em hospedeiros animais, inclusive em seres humanos, causando infecção oral e vaginal.

Dentre os constituintes destacam-se (nas folhas): taninos (9-10%), óleo essencial (90,3%) rico em cariofileno, nerolidiol, b-bisaboleno, aromadendreno, p-selinemo, a-pinemo e 1,8-cineol; triterpenoides (ácido oleanólico, ursólico, catecólico, guaiavólico, maslínico), b-sitosterol.

 Preparo e dosagem
Antisséptico bucal e intestinal. Inibe microrganismos como salmonela, serrata e Staphylococcus. Indicado nas diarreias principalmente de origem bacteriana, e inflamações da boca e garganta.

Partes usadas: folhas novas, brotos ou "olhos" (até a 6ª folha tenra, a partir do ápice). Folhas velhas não têm atividade antisséptica. 

Preparar por infusãoSão utilizados 4 brotos para uma xícara de água fervente, tomar 1 xícara a cada 2 a 4 horas, ou de hora em hora nos casos mais severos (diarreias).

Este chá pode ser utilizado para preparar o soro caseiro, basta adicionar sal e açúcar nas quantidades recomendadas. Indicado para crianças com diarreia (antidiarreico e rehidratante). Em gargarejos e bochechos, a infusão atua nas inflamações da boca e garganta.

Informação nutricional
Goiabas são ricas em fibras e vitamina C, com níveis moderados de ácido fólico. Uma fruta de goiaba contém cerca de 4 vezes a quantidade de vitamina C que a laranja. Goiaba contém carotenoides e polifenóis como o (+)- galocatequina, guaijaverin, leucocianidina e amritoside, as principais classes de pigmentos antioxidantes, que lhe dá valor relativamente elevado de potencial antioxidante entre os alimentos de origem vegetal.

Contém minerais (oligoelementos): cálcio, ferro, manganês, magnésio, fósforo, potássio, sódio e zinco. 

Goiaba contém alta concentração de licopeno. Estudos mostram que o licopeno protege moléculas de lipídios, lipoproteínas de baixa densidade, proteínas e DNA contra o ataque dos radicais, tendo um papel essencial na proteção de doenças. Como prevenção, preconiza-se o consumo de dietas ricas em alimentos fontes de licopeno como tomates e seus produtos (purê, pasta, catchup), mamão, pitanga e goiaba, que aportem cerca de 35 mg de licopeno ao dia.

Não sendo ácida, goiaba pode substituir o tomate na confecção de molhos salgados e agridoces, indicado sobretudo para que tem restrição à acidez deste último. De um modo geral não tem muito açúcar e quase nenhuma gordura, o que é ideal para qualquer tipo de dieta. De preferência deve ser comida crua.

É contraindicada apenas para pessoas que tenham o aparelho digestivo delicado ou com problemas intestinais.

Composição de alimentos por 100 g de parte comestível [8]

Goiaba vermelha crua com casca
Principais Minerais Vitaminas
Umidade % 85 Cálcio mg 4 Retinol µg Não aplicável
Energia 54 kcal; 227 kJ Magnésio mg 7 RE µg 38 b
Proteína g 1,1 Manganês mg 0,09 RAE µg 19 b
Lipídeos g  0,4 Fósforo mg 15 Tiamina mg Traços
Colesterol mg Não aplicável Ferro mg 0,2 Riboflavina mg Traços
Carboidrato g 13 Sódio mg Traços Piridoxina mg 0,03
Fibra alimentar g 6,2 Potássio mg 198 Niacina mg Traços
Cinzas g 0,5 Cobre mg 0,04 Vitamina C mg 80,6
    Zinco mg 0,1    
           

Ecologia

Espécies de Psidium são alimentos de insetos Lepidoptera (principalmente mariposas). Ácaros são conhecidos parasitoides da P. guajava e talvez de outras espécies. O fruto é saboreado por humanos, mamíferos e aves devendo a este fato a propagação das goiabas, uma vez que os animais comem a fruta e dispersam as sementes em suas fezes.

Em várias regiões tropicais, incluindo Havaí e a Flórida, algumas espécies tornaram-se invasoras, outras tornaram-se raras devido a destruição do habitat e pelo menos uma, P. dumetorum, já foi extinta.

A madeira da goiabeira é utilizada em churrasqueira a bafo no Havai e em competições de churrasco em todo os EUA. Em Cuba e no México as folhas são usadas em churrascos.

 Colaboração

  • Sérgio Antonio Barraca, estudante de graduação da ESALQ/USP, Piracicaba (SP), 1999.

 Referências

  1. ESALQ/USP (1999): Manejo e produção de plantas medicinais e aromáticas - Acesso em 3 de abril de 2016
  2. ESALQ/USP (1999): Cultivo de horta medicinal - Acesso em 3 de abril de 2016
  3. Encyclopedia of Life: Psidium guajava - Acesso em 3 de abril de 2016
  4. Wikipedia: Guava - Acesso em 3 de abril de 2016
  5. Research Gate: Atividade antimicrobiana de extratos de folhas de goiabeira, araçazeiro e pitangueira - Acesso em 3 de abril de 2016
  6. Revista Brasileira de Farmacognosia (2006): Atividade antifúngica do extrato de P. guajava sobre leveduras do gênero Candida da cavidade oral: uma avaliação in vitro - Acesso em 3 de abril de 2016
  7. Revista de Nutrição (2004): Licopeno como agente antioxidante - Acesso em 3 de abril de 2016
  8. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 4a ed. 2011.
  9. Globo Rural: Goiaba - Como plantar - Acesso em 3 de abril de 2016
  10. Imagem: Wikimedia Commons (Forest & Kim Starr); Instituto Colombiano Agropecuario - Acesso em 3 de abril de 2016
  11. The Plant List: Psidium guajava - Acesso em 3 de abril de 2016

​GOOGLE IMAGES e Psidium guajava - Acesso em 3 de abril de 2016