Videira

Nome científico: 
Vitis vinifera L.
Família: 
Vitaceae
Sinonímia científica: 
Cissus vinifera (L.) Kuntze
Partes usadas: 
Sementes (óleo), folhas e frutos maduros (bagas) na forma de sucos. A seiva também é considerada medicinal.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Flavonoides (4-5 %), taninos, ácidos (tartárico, málico, succínico, cítrico, oxálico).
Propriedade terapêutica: 
Depurativa, adstringente, hemostática, tonificante, descongestiva, laxantes, antianêmica, antisséptica, antioxidante.
Indicação terapêutica: 
Diminuir a quantidade de radicais livres, dispepsia, fermentações intestinais, moléstias do fígado, obesidade, doenças cardiovasculares, depurativa do sangue.

 


Nomes em outros idiomas

  • Inglês: grape, grapewine
  • Espanhol: vid, uva
  • Francês: vigne
  • Alemão: weintraub, weinstock
  • ​Italiano: vite

Origem, distribuição
Típica do sul da Europa a oeste da Ásia e cultivada em todas as regiões temperadas do mundo.

Descrição
Fruto (uma baga) oblongo a globular, com 6 a 22 mm de comprimento, violeta-escuro, vermelho, verde ou amarelo.

As sementes têm formato de pera. A vinha chega a 30 cm de altura e sustenta-se com suas gavíneas. Folhas alternantes, palminérvias geralmente com 3 a 5 lobos. Superfície superior glabra (sem pelos) e inferior lanada. Flores pequenas reunidas em panículas.

Uso popular e medicinal
 

Vitis vinifera produz um fruto de grande valor alimentício e cultural para o homem, a uva, amplamente consumida in natura ou na forma de sucos e doces. A fermentação do suco de uva produz um líquido alcoólico, o vinho, conhecido desde a Antiguidade.

Uva e vinho oferecem muitos benefícios, alguns dos quais passaram a ser referidos como cura de uvas (ou "dieta de uvas", expressão essa já constando de dicionários como ampeloterapia), Dieta do Mediterrâneo e Paradoxo francês. Aparecem também na relação de alimentos funcionais, são alimentos que auxiliam na prevenção de certas doenças. Leia mais nas seções abaixo.

Estudos científicos conduzidos a partir de 1980 apontaram possíveis correlações entre consumo de vinho e saúde humana. São atribuídas diversas ações farmacológicas nos compostos presentes na uva e nos vinhos. Há evidências de que o consumo regular de vinho tinto, dentro de certos limites, previne doenças cardiovasculares e assim contribui para aumentar a longevidade humana.

Cura de uvas (ampeloterapia)
A chamada cura de uvas consiste na ingestão de até 3 kg de uva madura na forma de suco ou em bagos por um período de 8 a 20 dias como único alimento. Tem sido reconhecida como um valioso recurso terapêutico para combater a dispepsia, fermentações intestinais, moléstias do fígado, obesidade e doenças cardiovasculares.

A uva atua como um agente alcalinizante, cujo ingrediente ativo principal é o carbonato de potássio formado no corpo pela transformação de alguns sais minerais vitalizados presentes na uva (sulfatos, fosfatos, silicatos, malatos, citratos, racematos).

Na verdade o que se consegue é um potente efeito depurativo, em termos coloquiais "limpeza do sangue", ou seja, a eliminação das toxinas e resíduos metabólicos que impedem o normal funcionamento dos órgãos e tecidos.

Uva e vinho como alimentos funcionais
Alimentos funcionais contêm ingredientes ativos que beneficíam o organismo de alguma forma, possuindo assim grande potencial para prevenir a ocorrência de certas doenças. A uva e o vinho entram na lista de alimentos funcionais reconhecidos cientificamente. Outros são alho, aveia, soja, linhaça, tomate, alguns tipos de chás etc.

Dieta do Mediterrâneo
O vinho também é citado como componente da conhecida Dieta do Mediterrâneo, um tipo de alimentação característica de alguns países da região do mar Mediterrâneo (Itália, Grécia, Portugal, Espanha, França e outros). Trata-se de um padrão alimentar composto basicamente de vegetais, legumes, tomate, alho, maçã, óleo de oliva, canola, cereais pouco moídos, nozes, queijo branco, iogurte e naturalmente...vinho. Vários estudos confirmam que quanto mais a pessoa pratica a Dieta do Mediterrâneo tradicional, tem menor chance de morrer por qualquer causa, incluindo câncer (risco menor de 24%) e doenças cardíacas (risco menor de 33%).

Paradoxo francês
A expressão Paradoxo francês passou a ser disseminada a partir de estudos e pesquisas de hábitos alimentares dos franceses. Contrariando todas as regras de boa alimentação, os franceses usam e abusam de cremes, queijos, manteigas e pães e mesmo assim a taxa de obesidade na França é de apenas 11,3% da população, segundo pesquisa realizada em 2005 pela Internacional Obesity Task Force

Dentre os costumes alimentares franceses, eles não costumam comer alimentos processados, não evitam gorduras, chocolates e nem carboidratos, não tomam suplementos alimentares, não se abstêm do vinho no almoço e no jantar e não comem com pressa. Fato é que os franceses bebem mais vinho que outros povos. 

Atenção
Há quem discorde dos reais benefícios do vinho. Consideram que tanto o fruto, as folhas e a seiva da videira possuem abundantes propriedades medicinais e constituem excelente alimento-medicamento natural, inteiramente isento de toxicidade. Quanto ao vinho, produto da degradação e decomposição do sumo de uva, em cujo processo de transformação perde as suas notáveis propriedades medicinais, torna-se uma droga líquida com capacidade para intoxicar, alterar a conduta e provocar dependência.

O sumo de uva é rico em substâncias de elevado valor biológico: açúcares de grande valor nutritivo, proteínas, vitaminas e minerais. O vinho, pelo contrário, perde a maior parte dos açúcares, que se transformam em álcool durante a fermentação, assim como as proteínas e vitaminas. O sumo de uva é alimento e remédio. O vinho é destituído de substâncias alimentícias. Pelo seu conteúdo em álcool torna-se irritante para os órgãos digestivos, e em especial para o fígado, mesmo em pequenas quantidades.

Reconhecem entretanto que a única propriedade medicinal do vinho é a antisséptica, quando se aplica externamente sobre as feridas, devido ao álcool que contém.

O melhor vinho, o autêntico vinho, afirmam, é o sumo puro do fruto da videira.

Constituintes
Do ponto de vista nutricional, os principais constituintes do vinho são água, etanol, açúcares, minerais (potássio, fósforo, magnésio, cálcio, sódio, silício, ferro, manganês, zinco, cobre, níquel, molibdênio, cromo, cobalto), vitaminas (ácido pantotênico, nicotinamida, B2, B6, biotina, ácido fólico), ácidos orgânicos (lático, tartárico, acético, málico etc.) aminas bioativas (histamina, beta-feniletilamina, tiramina) e traços de proteína.  

Atividade antioxidante
Atividade antioxidante: a proantocianidina presente nos extratos de semente de uva diminue a quantidade de radicais livres de oxigênio.

Em um estudo o efeito antioxidante da proantocianidina foi mais potente comparativamente que o efeito das vitaminas C e E. O componente também inibe a peroxidação dos lipossomas de fosfatidilcolina.

A atividade antioxidante tem sido demonstrada em vários trabalhos através da inibição da peroxidação lipídica pelo extrato de sementes de uva. Topicamente, as procianidinas previnem a degradação de componentes estruturais de matrizes extravasculares como colágeno, elastina e ácido hialurônico. No endotélio, a limpeza de radicais livres e os efeitos antiperoxidativos das procianidinas têm contribuído na manutenção da integridade estrutural por inibir as proteases como colagenase, elastase, hialuronidase e beta-glucuronidase.

Outros usos
O óleo é muito usado na cosmética em máscaras faciais, cremes para as mãos, óleo para o corpo e as mãos e em xampus.

 Culinária
In natura é processado em geléias, sucos, tortas, bolos.

 Dosagem indicada
Extratos de sementes de uva têm sido usados em terapia preventiva em tratamentos com 150-600 mg diários, com doses de 50 mg.

Contraindicações
Não há relatos de efeitos adversos dentro das quantidades recomendadas.

 Colaboração

  • Débora Gikovate, Bióloga, Especialista em Plantas Medicinais (São Paulo, SP), 2005.
  • Rodolfo Schleier, Especialista em Fitoterapia (São Paulo, SP), 2005.

 Referências

  1. Instituto Brasileiro de Estudos Homeopáticos (2004): Constituintes fitoquímicos de Vitis vinifera - Acesso em 31 de dezembro de 2017
  2. ROGER, J. D. P. Plantas que curam - Enciclopédia das Plantas Medicinais. Publicadora Atlântico, Lisboa, V.1.
  3. FOSTER, S., TYLER, Varro E. Tyler´s honest herbal. The Haworth Herbal Press, 4th edition, New York, 1999.
  4. GRUENWALD, J., BRENDLER, T., JAENICKE, C. et al., P D R for Herbal Medicines - The Information Standard for Complementary Medicines. Thomson Medical Economics at Montvale, 2ª edição, 2000.
  5. NEGRAES, P. Guia A-Z de plantas - Condimentos. BEI, 2003, São Paulo.
  6. Botanical Online: La dieta de las uvas - Acesso em 31 de dezembro de 2017
  7. Biblioteca Virtual em Saúde (Ministério da Saúde, 2009): Alimentos funcionais - Acesso em 31 de dezembro de 2017
  8. Wine in Moderation: Paradoxo francês - Acesso em 31 de dezembro de 2017
  9. The Plant List: Vitis vinifera - Acesso em 31 de dezembro de 2017

GOOGLE IMAGES de Vitis vinifera - Acesso em 31 de dezembro de 2017