Pinhão, araucária

Nome científico: 
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
Família: 
Araucariaceae
Sinonímia científica: 
Columbea brasiliensis var. ridolfina (Pi. Savi) Carrière
Partes usadas: 
Semente (pinhão), folha, casca, resina.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Compostos fenólicos: catequina, epicatequina, quercetina, apigenina.
Indicação terapêutica: 
Escrofulose, fadiga, anemia, herpes (cobreiro), reumatismo, varizes, distensão muscular, infecção do trato respiratório.

Origem, distribuição
Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Considerada a árvore-símbolo do Estado do Paraná (Brasil).

Descrição [1,2]
A árvore alcança até 50 m de altura, caracterizada pela copa umbeliforme (formato de umbela, guarda-chuva) no alto do tronco. A espécie pertence ao grupo Gimnosperma (do grego Gymnos "nu" e sperma "semente"), ou seja, as sementes são nuas, não ficam encerradas nos frutos.

Gimnospermas possuem raiz, caule, folha e ramos reprodutivos chamados estróbilos. Na araucária os estróbilos são bem desenvolvidos e conhecidos como cones - o que lhes confere a classificação no grupo das coníferas. 

A espécie é dióica (os sexos são separados), planta que possui estróbilos masculinos não possuem estróbilos femininos e vice-versa. Plantas masculinas formam estróbilos alongados (que protegem os grãos de pólen) e as femininas formam estróbilos arredondados, lenhosos, que protegem os óvulos. Depois de fecundados, os óvulos dão origem às sementes (ou pinhão), comestíveis, saborosas e nutritivas, de forma oblonga, coloração marrom-castanho e casca lisa. As pinhas maduras desfazem-se liberando as sementes que são coletadas no chão.

As folhas são pequenas, sésseis, lanceoladas, coriáceas e de cor verde-escura.

A frutificação ocorre no outono e inverno. Propaga-se por semente.

Uso popular e medicinal [3,4,5]
Os pinhões são ricos em reservas energéticas (57% de amido) e aminoácidos.

Diferentes partes de A. angustifolia são usadas na medicina popular brasileira. As folhas cozidas ou em infusão são usadas para tratar escrofulose (tumores que se formam nos gânglios linfáticos, principalmente o pescoço), fadiga e anemia.

A infusão da casca mergulhada em álcool é empregada para tratar “cobreiro” (leia mais adiante), reumatismo, varizes e distensões musculares. O xarope produzido a partir da resina é usado para o tratamento de infecções do trato respiratório.

Um estudo demonstrou que o extrato hidroetanólico de folhas de A. angustifolia assim como diferentes frações e subfrações exibiram atividade anti-herpes, apoiando o uso desta espécie vegetal na medicina popular. Conhecida como “cobreiro”, herpes (herpes-zóster) é identificada na maior parte das vezes pelas vesículas que aparecem nos lábios [5].

Os efeitos químicos e biológicos de brácteas de A. angustifolia foram investigados em estudo [3] cujos resultados mostraram que o extrato alcoólico apresenta elevados níveis de compostos fenólicos: 1586 ± 14,53 mg GAE / 100 g de brácteas (GAE: Galic Acid Equivalent, Equivalente de Ácido Gálico). Esses dados estão de acordo com os resultados encontrados para as sementes (pinhão) cozidas. Esse teor de polifenóis é maior do que o encontrado em outros produtos fenólicos como o vinho tinto (200,40 mg / 100 mL), ameixa fresca (366 mg / 100 g) e amora (486,53 mg / 100 g). 

Os principais componentes do extrato são catequina (140,6 ± 2,86 mg / 100 g brácteas), epicatequina (41,3 ± 2,73 mg / 100 g brácteas), quercetina (23,2 ± 0,06 mg / 100 g brácteas) e apigenina (0,6 ± 0,06 mg / 100 g brácteas).

Tais compostos são antioxidantes naturais, apresentam grande importância na inibição de mecanismos oxidativos associado a doenças degenerativas e câncer. Os autores destacam que o extrato tem efeito protetor contra os danos oxidativos de lípidos, proteínas, DNA e células de fibroblastos de pulmão humano.

 Culinária [1]
O pinhão é tradicional na culinária do Sudeste e Sul do Brasil. Nas festas juninas costuma-se cozinhar e comer acompanhado de quentão. Muitas receitas de creme, sopa, bolinho, croquete, ensopado, risoto, bom-bocado, pudim, torta, etc., incluem o pinhão como ingrediente.

Outros usos [1]
A madeira foi muito explorada (a espécie está ameaçada de extinção) para diversos fins: caixotaria, movelaria, laminados, tábuas para forro, ripas, caibros, lápis, carpintaria, palitos de fósforos, formas para concreto, marcenaria, compensados, pranchas, postes, adornos, esculturas, utensílios domésticos, artigos de esporte, instrumentos musicais, mastros de navio, etc..

Indicada para recuperação de área degradada. Os pinhões constituem alimento para a fauna silvestre. No Estado do Paraná é comum alimentar porcos domésticos com pinhões.

Valor nutricional por 100 g da porção comestível [6]

Pinhão cozido
Principais Minerais Vitaminas
Umidade % 50,5 Cálcio mg 16 Retinol µg NA
Energia 174 kcal; 730 kJ Magnésio mg 63 RE µg  
Proteína g 3,0 Manganês mg 0,41 RAE µg  
Lipídeos g 0,7 Fósforo mg 166 Tiamina mg Tr
Colesterol mg NA Ferro mg 0,8 Riboflavina mg Tr
Carboidrato g 43,9 Sódio mg 1 Piridoxina mg Tr
Fibra alimentar g 15,6 Potássio mg 727 Niacina mg Tr
Cinzas g 1,8 Cobre mg 0,18 Vitamina C mg 27,7
    Zinco mg 0,8    

NA: Não Aplicável, Tr: Traços

 Referências

  1. SILVA, S.; TASSARA, H. Frutas Brasil. Empresa das Artes, São Paulo (SP), 2005.
  2. Só Biologia: Gimnospermas - Acesso em 19 de julho de 2015
  3. ANTIOXIDANT: Antioxidant and antigenotoxic activities of the brazilian pine Araucaria angustifolia - Acesso em 19 de julho de 2015
  4. Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF): Araucaria angustifolia - Acesso em 19 de julho de 2015
  5. US National Library of Medicine: Antiviral activity-guided fractionation from Araucaria angustifolia leaves extract - Acesso em 19 de julho de 2015
  6. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 4a ed. 2011.
  7. Imagem - Árvore: Wikimedia Commons (Autor: © Valerio Pillar, Parque Nacional Aparados da Serra, RS). Pinha e sementes: Só Biologia - Acesso em 19 de julho de 2015
  8. The Plant List: Araucaria angustifolia - Acesso em 19 de julho de 2015

GOOGLE IMAGES de Araucaria angustifolia - Acesso em 19 de julho de 2015