Mururé

Nome científico: 
Pistia stratiotes L.
Família: 
Araceae
Sinonímia científica: 
Apiospermum obcordatum (Schleid.) Klotzsch
Partes usadas: 
A planta toda.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Alcaloides, glicosídeos, flavonoides, esteroides.
Propriedade terapêutica: 
Laxativo, diurético, antimicrobiana, antifúngica, antidermatofítica.
Indicação terapêutica: 
Asma, diabete, disenteria, enfermidade da bexiga e rins, tosse, micose de cabelo, erisipela.

Origem, distribuição
Africa ou América do Sul (origem incerta). Nativa do continente sul-americano, foi rapidamente levada para vários locais do mundo em decorrência do caráter ornamental de sua folhagem.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: Water lettuce

Descrição

Planta aquática ornamental usada por paisagistas em aquários, fontes, lagos e espelhos d’água. Chega a medir 20 cm de altura, possui folhas aveludadas em tom verde-claro e flores pequenas.

Considerada erva daninha, pode constituir ameaça para plantação de arroz em planícies pois interfere nessa cultura, reduzindo áreas de cultivo de 20 a 30%, dependendo da profundidade da água.

Uso popular e medicinal
Espécie considerada medicinal e eficaz nos casos de diabete insípida, disenteria, enfermidades da bexiga e rins [1].

Foi descrita pelo naturalista romano Plínio, o Velho, para tratamento de erisipela e escoriações.

Preparados com folhas de P. stratiotes são tomados na Índia para tosse e asma. Dizem que o cataplasma de folhas possui efeitos laxativo e diurético. Micose de cabelo pode ser tratado esfregando as cinzas da plantas no couro cabeludo [5].

Um trabalho sobre plantas medicinais usadas para tratamentos dermatológicos em comunidades da Bacia do Alto Paraguai (MT) relata o uso das folhas de P. stratiotes, na forma de banho, para erisipela e verruga [4].

P. stratiotes é comumente usado na medicina ayurvédica (onde é conhecida por jalkumbhi). Uma compilação de todas as informações atualizadas sobre suas atividades fitoquímicas e farmacológicas, realizadas por diferentes métodos, relata o seguinte:

  • Constituintes ativos: alcaloides, glicosídeos, flavonoides e esteroides. Uma análise de folhas e caules revelou umidade 92,9%, proteína 1,4%, gordura 0,3%, carboidratos 2,6%, fibras 0,9%, cinzas 1,9%, cálcio 0,2%, fósforo 0,06%. As folhas são ricas em vitaminas A e C, além de B. A cinza é rica em cloreto de potássio e sulfato. Stigmasta-4,22-dien-3-ona, estigmasterol, estearato de estigmasterilo e ácidos palmíticos são relatados em P. stratiotes. A planta produz 2-di-C-glicosilflavonas do tipo vicenina e lucenina, antocianina-cinidina-3-glicosídeo, luteolino-7-glicosídeo e mono-C-glicosil flavonas (vitexina, orientina).
  • Atividades farmacológicas: antidermatofítica, antifúngica, produção de larga quantidade de cristais de oxalato de cálcio, bloqueio dos canais de cálcio e atividade antimicrobiana, fonte de ácido L-ascórbico e L-galactose para ácido oxálico e oxalato de Ca, controle biológico, cultura axênica (não contaminado, livre de qualquer organismo vivo) para uso em estudos bioquímicos de plantas etc [3].

Esta espécie apresenta características para atuar como potencial fitorremediador, uma técnica rentável e ecologicamente correta de biorremediação que usa plantas na recuperação de ambientes.

A capacidade de uma planta realizar a fitorremediação vai depender principalmente da absorção de determinados elementos e sua resistência a eles, como observado no Rio Apodi (Mossoró, RN). A partir dos fatores de translocação e bioacumulação constatou-se acúmulo em seu tecido vegetal de manganês, cloro, estrôncio e bromo [2].

Outros usos [5]

Junto com Eichhornia crassipes (aguapé)P. stratiotes serve como alimento para patos e porcos em todo o leste e sul da Asia, e adubo na África Tropical. Na Índia e sudoeste da Ásia serve de alimento para peixes.

 Atenção [5]

Esta planta acarreta problemas relacionados a saúde pública. Pesquisadores têm relatado que emaranhados da planta servem como local preferido para moluscos, vetores de bilharzioses e mosquitos vetores de encefalites e filarioses.

 Referências

  1. Globo (Terra da Gente, 2017): Alface-d’água tem uso medicinal contra disenteria e doenças dos rins - Acesso em 21 de julho de 2019
  2. Blucher Chemistry Proceedings (Encontro Regional de Química, 2015): Determinação da potencialidade de utilização da Pistia stratiotes como agente fitorremediador de ambientes naturais - Acesso em 21 de julho de 2019
  3. US National Library of Medicine (Pharmacognosy Review, 2010): Pistia stratiotes -  Jalkumbhi
  4. Revista Brasileira de Farmacognosia (2004): Plantas medicinais usadas para tratamentos dermatológicos em comunidades da Bacia do Alto Paraguai - MT - Acesso em 21 de julho de 2019
  5. Acta Amazônica (1981): Observações sobre a biologia reprodutiva de Pistia stratiotes - Acesso em 21 de julho de 2019
  6. Image: Courtesy of Center for Aquatic and Invasive Plants, University of Florida, Institute of Food and Agricultural Sciences (Author: Chuck Cichra)
  7. The Plant List: Pistia stratiotes - Acesso em 21 de julho de 2019

GOOGLE IMAGES de Pistia stratiotes - Acesso em 21 de julho de 2019