Melancia

Nome científico: 
Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai
Família: 
Cucurbitaceae
Sinonímia científica: 
Citrullus vulgaris Schrad.
Partes usadas: 
Fruto, semente.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Compostos bioativos (cucurbitacina, triterpenos, esteróis, alcaloides), vitaminas, minerais.
Propriedade terapêutica: 
Refrescante, depurativo, laxante, purgante, emético, antimicrobiano, antioxidante, antiplasmódico, anti-inflamatório, antiprostático, antigiardial, analgésico, vermífugo, demulcente.
Indicação terapêutica: 
Tratamento do trato urinário (semente), hidropisia, cálculo renal, intoxicação por álcool, hipertensão, diabetes, diarreia, gonorreia.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: watermelon

Origem, distribuição

Planta originária das regiões tropicais da África Equatorial. Distribui-se em todas as áreas tropicais do mundo, apresentando grande variabilidade morfológica, biológica e agronômica.

Descrição [4,5]

Planta anual de hábito rasteiro com ramificações sarmentosas. Os ramos podem atingir até 5 m de comprimento. Sistema radicular extenso e superficial, concentrando-se as raízes até 25-30 cm de profundidade.

As folhas são divididas em 3 ou 4 pares de lóbulos. A melancia é uma planta monóica, com flores masculinas e femininas na mesma planta. 

Os frutos variam em formato podendo ser cilíndricos, ovais ou internediários. A cor da casca varia de branco a várias tonalidades de verde, algumas com listras finas ou grossas ou rendilhadas. 

A casca pode apresentar-se muito fina ou bastante espessa e de muito mole a muito dura. A cor da polpa pode ser branca, amarela, laranja, rosa ou vermelha. 

As sementes são muito variáveis em cor podendo ser branca, preta, marrom ou mesclada, verde e vermelha. Variam também em tamanho podendo ser pequenas ou grandes.

A melancieira é uma planta de clima tropical, não tolerando fatores climáticos adversos como geada e granizo.

As cultivares mais plantadas no Brasil são de origem japonesa e americana que se adaptaram bem às nossas condições. A origem japonesa tem frutos redondos, destacando-se a Omaru Yamato. A origem americana tem frutos cilíndricos e redondos destacando-se a Charleston Gray, Fairfax e Crimson Sweet, Pérola e Congo.

Crimson Sweet é uma das cultivares mais plantadas no Brasil. Apresenta frutos grandes, redondos, com peso médio entre 11 kg e 14 kg. A casca é rajada com largas faixas longitudinais verde-escuras e verde-claras alternadas. Destaca-se pela excelente qualidade da polpa, de sabor muito doce.

Uso popular e medicinal [1]

Melancia têm sido cultivada na África Austral (a região sul do continente), como sorgo e milho, desde tempos pré-coloniais. Folhas e frutos jovens são usados como vegetais verdes e a polpa da fruta cozida com farinha de milho. Polpa e sementes servem no preparo de diferentes pratos.

As sementes têm agradável sabor de nozes e é fonte rica em vitamina C, mineral e gordura. Podem ser consumidas como tal ou misturadas em farinha. Servem também como espessante em sopas. O fermentado das sementes produz uma iguaria doce conhecida localmente como “ogiri”. Fervidas e embrulhadas em folhas produzem uma outra iguaria denominada “igbãlo”.

Sementes de melancia produzem um óleo com aplicação nas indústrias cosmética e farmacêutica.

Diversos estudos atestam a bioatividade de C. lanatus.

A atividade anti-inflamatória in vivo e in vitro do óleo da semente foi testada em edema de pata induzido por carragenina em ratos. A potência do óleo em comparação com o diclofenaco padrão mostrou redução significativa do edema.

O estudo sobre a propriedade ulcerogênica foi feito por extrato metanólico bruto de sementes de melancia em ratos albinos Wistar. O extrato exibiu atividade antiúlcera relacionada a dose com atividade máxima em 800 mg/kg. 

A atividade antimicrobiana de extratos clorofórmico, hexânico e etanólico de folhas, frutos, caule e sementes de Citrullus lanatus var. Citroides (uma forma selvagem encontrada na África) foi demonstrada contra bactérias (Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aureginosa, Bacillus subtilis e Proteus vulgaris) e fungos (Aspergllus nigar, Candida albican).

A atividade antioxidante foi analisada em ensaios de clorofórmio, acetato de etila e extrato metanólico de sementes, sendo este considerado o potencial máximo.

O efeito hepatoprotetor foi testado em sementes induzidas por tetracloreto de carbono em ratos através dos níveis séricos estimados de enzimas hepáticas e estudos histopatológicos de tecidos hepáticos. O óleo das sementes foi administrado em doses orais nos animais (125 mg, 250 mg) e comparado com o padrão silimarina (100 mg/kg). 

Composição de alimentos por 100 partes de porção comestível - melancia crua [3]

Principais Minerais Vitaminas
Umidade % 90,7 Cálcio mg 8 Retinol µg NA
Energia 33 kcal; 136  kJ Magnésio mg 10 RE µg  61b
Proteína g 0,9 Manganês mg 0,14 RAE µg  31b
Lipídeos g Tr Fósforo mg 12 Tiamina mg Tr
Colesterol mg NA Ferro mg 0,2 Riboflavina mg Tr
Carboidrato g 8,1 Sódio mg Tr Piridoxina mg Tr
Fibra alimentar g 0,1 Potássio mg 104 Niacina mg Tr
Cinzas g 0,3 Cobre mg 0,04 Vitamina C mg 6,1
    Zinco mg 0,1    

NA: Não Aplicável -Tr: Traços

 Referências

  1. Gupta Alka, Singh Anamika, Prasad Ranu. A review on watermelon medicinal seeds. J Pharmacogn Phytochem 2018;7(3):2222-2225 - Acesso em 13 de fevereiro de 2021.
  2. International Journal of Research in Pharmaceutical and Biomedical Sciences (2013). Medicinal Values on Citrullus lanatus (watermelon): Pharmacological Review - Acesso em 13 de fevereiro de 2021.
  3. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 4a ed. 2011.
  4. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Meio Norte, 2007): A cultura da melancia  Acesso em 13 de fevereiro de 2021.
  5. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/ESALQ, 1999): Caracterização izoenzimática e variabilidade genética de populações de melancia no Nordeste brasileiro  Acesso em 13 de fevereiro de 2021.
  6. Imagem: EMBRAPA (ISLA)
  7. The Plant List: Citrullus lanatus - Acesso em 13 de fevereiro de 2021.

GOOGLE IMAGES de Citrullus lanatus - Acesso em 13 de fevereiro de 2021.