Jaramataia

Nome científico: 
Vitex gardneriana Schauer
Família: 
Lamiaceae
Sinonímia científica: 
Não tem segundo o sistema de classificação APG III.
Partes usadas: 
Folha, casca do caule, casca da raiz.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Alcaloides, terpenoides, iridoides, saponinas, açúcares, cumarinas, ácido gálico, flavonoides, fenilpropanoglicosídeos, proantocianidinas condensadas, leucoantocianidinas.
Propriedade terapêutica: 
Calmante, anti-inflamatório, analgésico.
Indicação terapêutica: 
Verminose, gripe, estalecido, gases, dor de barriga, sinusite, inflamação na próstata, dor nos ossos, problemas nos rins e coluna.

Origem, distribuição
Espécie nativa do sertão do nordeste brasileiro.

Descrição [7]
O vegetal é descrito como arvoreta que atinge 6 a 7 m de altura, caule marrom-esverdeado, folhas simples, opostas, decussadas, lanceoladas ou obovado-lanceoladas, curto-pecioladas, limbo coriáceo, bordos inteiros ou ligeiramente ondulados. 

A inflorescência é axilar-terminal. O fruto é drupa comestível, carnoso, ovoide, verde oliva, com uma semente por lóculo, de coloração castanho claro e superfície fosca. 

Uso popular e medicinal
As folhas são usadas na medicina popular como calmante, anti-inflamatório e analgésico, contra verminose, gripe, "estalecido" (regionalismo nordestino para "afecção nos dentes, resfriado"), gases, dor de barriga, sinusite, inflamação na próstata, dor nos ossos, problemas nos rins e coluna.

Uma análise fitoquímica submeteu 3 g de cada parte do vegetal (folhas, cascas do caule e cascas das raizes) à infusão metanólica durante 30 minutos. Filtrado em papel e posteriormente analisado por cromatografia em camada delgada foram detectados alcaloides, terpenoides (monoterpenos, diterpenos, sesquiterpenos), iridoides, saponinas, açúcares redutores, cumarinas, ácido gálico, flavonoides, fenilpropanoglicosídeos, proantocianidinas condensadas, leucoantocianidinas, taninos hidrolisáveis e quinonas [7].

Foram estudados as atividades antioxidante e larvicida e também o teor de fenóis de V. gardneriana frente ao Aedes aegypti. Segundo os autores a planta apresentou valores promissores. Quando comparada ao padrão positivo (TROLOX), a atividade antioxidante foi considerada boa, apresentando a CI50 para o extrato em etanol de 82,60 ppm e para o extrato em água de 145,04 ppm. Os extratos também apresentaram um bom teor de fenóis, com destaque para o extrato em água, com 92,85 mg de EAG/mg de extrato. Quanto a atividade larvicida, o extrato em etanol apresentou considerável atividade com a CL50 de 369,1 ppm. Já o extrato em água não apresentou atividade [4].

Uma análise química por CG-MS do óleo essencial das folhas de V. gardneriana revelou a predominância de sesquiterpenos, dos quais os compostos cis-calameneno (28,15%), isoledeno (13,07%), α-copaeno (9,28%) e e-cariofileno (6,45%) foram identificados como majoritários [2]. Outros constituintes: α-pineno, β-pineno, α-cubebeno, α-humuleno, germacreno, α-calacoreno, óxido de cariofileno e cubenol [1].

Espécies de Candida são consideradas importantes causas de infecções fúngicas nosocomiais (em hospitais). Sua capacidade de formar biofilmes tem sido relacionada a altas taxas de mortalidade em pacientes com candidemia. Devido à capacidade para colonizar as superfícies de cateteres e outros dispositivos médicos, biofilmes de Candida podem desempenhar papéis importantes em infecções sistêmicas, os quais são difíceis de tratar por agentes antifúngicos convencionais. A descoberta de medicamentos úteis na prevenção e erradicação de biofilmes de Candida é de grande interesse. Óleos essenciais são excelentes fontes de moléculas bioativas com potencial antifúngico e antibiofilme. 

Um estudo avaliou o potencial biotecnológico do óleo essencial de V. gardneriana na inibição de formas planctônicas e biofilme de Candida. Células planctônicas e biofilmes de C. albicans e C. tropicalis foram tratadas com diferentes concentrações de óleo, determinando-se a sua ação sobre o crescimento celular, a formação de biomassa e a viabilidade das células aprisionadas de biofilme. 

O óleo essencial foi capaz de reduzir significativamente o crescimento planctônico de C. albicans (71% a 9%) e C. tropicalis (33% a 3%). Em relação à massa de biofilme formada na presença do óleo, todas as concentrações testadas (2,5% a 0,039%) reduziram a biomassa de C. albicans e C. tropicalis. O mesmo efeito não foi observado na viabilidade nas células aprisionadas de biofilme de C. albicans, uma vez que nenhuma redução foi alcançada. Por outro lado, todas as concentrações testadas reduziram a viabilidade de C. tropicalis

No que se refere a pré-formação dos biofilmes, a biomassa de C. albicans foi reduzida na maioria das concentrações testadas, ao passo que a biomassa de C. tropicalis foi reduzida nas concentrações entre 2,5% e 0,625%. Para ambas as espécies, o óleo foi capaz de reduzir o número de células viáveis ​​de biofilmes pré-formados em todas as concentrações testadas [3]

Buscando maiores subsídios ao conhecimento dos metabólitos secundários deste vegetal, uma análise do extrato metanólico das cascas do caule de Vitex gardneriana forneceu o ecdisteróide 20-hidroxi-ecdisona e o iridóide glicosilado aucubina. As estruturas foram caracterizadas por métodos químicos e espectroscópicos. Segundo os autores, o esteróide está sendo relatado pela segunda vez na natureza, sendo descrito para a família Verbenaceae pela primeira vez. E pela frequência com a qual o iridoide tem sido descrito em Vitex, poderá ser considerado marcador taxonômico [6].

Ensaios de atividade antimicrobiana, anti-inflamatória, analgésica, hipnótica e toxicidade aguda foram feitos em ratos adultos Wistar utilizando-se extratos metanólicos das cascas do caule e das folhas de Vitex gardneriana. Segundo os autores, a ausência de toxicidade aguda unida a efeitos anti-edematogênico, antinociceptivo e hipnótico, especialmente potente nos extratos das folhas, evidenciam promissor potencial terapêutico para esta espécie [5].

 Referências

  1. Sociedade Brasileira de Química (2016): Composição química do óleo essencial das folhas de Vitex gardneriana - Acesso em 18 de setembro de 2016
  2. 2o Simpósio Nordestino de Química (2016): Atividade antimicrobiana e antibiofilme do óleo essencial das folhas de Vitex gardneriana - Acesso em 18 de setembro de 2016
  3. Universidade Federal do Ceará (2016): O potencial biotecnológico do óleo essencial deVitex gardneriana na prevenção e controle de biofilmes de espécies de Candida de importância clínica - Acesso em 18 de setembro de 2016
  4. Blucher Chemistry Proceedings (2015): Atividade antioxidante, teor de fenóis e atividade larvicida frente ao Aedes aegypti de Vitex gardneriana - Acesso em 18 de setembro de 2016
  5. Latin American Journal of Pharmacy (2008): Avaliação preliminar da atividade biológica e toxicidade aguda de Vitex gardneriana - Acesso em 18 de setembro de 2016
  6. Revista Brasileira de Farmacognosia (2005): Ecdisteróide e iridóide glicosilado de Vitex gardneriana - Acesso em 18 de setembro de 2016
  7. Universidade Federal de Pernambuco (2004): Estudo farmacognóstico e determinação da atividade biológica de Vitex gardneriana - Acesso em 18 de setembro de 2016
  8. Imagem: Antonio Sergio - Acesso em 18 de setembro de 2016 
  9. The Plant List: Vitex gardneriana - Acesso em 18 de setembro de 2016

GOOGLE IMAGES de Vitex gardneriana - Acesso em 18 de setembro de 2016