Ibogaína ainda tem seus efeitos estudados

Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo (outubro de 2014)

A iboga (Tabernanthe iboga), arbusto que cresce no oeste da África, é tradicionalmente usada em rituais de iniciação no Gabão e Camarões. É usada em cápsulas e na forma de infusão. A planta contém em sua raiz um composto denominado ibogaína. Há uma hipótese de que essa substância, um alucinógeno, atue sobre o "sistema de recompensa" do cérebro, em áreas relacionadas ao prazer, que tem sua atividade aumentada sob efeito de drogas como cocaína e crack. A ibogaína parece ser capaz de reiniciar esse sistema. 

Dependentes de cocaína e crack tem atividade exacerbada do circuito de recompensa, com excesso de liberação da dopamina. Por isso não se acostumam ao estímulo normal de bem-estar e precisam sempre de mais uma dose, a chamada "fissura". Cientistas acreditam que a ibogaína reinicie esse sistema, retornando-o a níveis normais de atividade.

A raíz tem sido usada no tratamento de dependentes químicos em clínicas brasileiras, porém não há comprovação científica do efeito terapêutico.

A Universidade Federal de São Paulo está prestes a concluir o primeiro estudo do mundo realizado com dependentes de crack e cocaína.

A ANVISA informa que não há medicamento registrado no Brasil com a ibogaína, por isso alegações terapêuticas com esse produto são ilegais.

A literatura médica registra 3.000 casos de uso da iboga. Seu efeito contra a dependência foi relatado em 1962. Há relatos de dezenas de mortes, principalmente por que a droga, em alta dosagem, provoca, alterações cardíacas. 

Mas a substância não está na lista de compostos proibidos e pode ser importada para uso pessoal.