Nome em outros idiomas
- Inglês: patashte, cupuacu tree
- Alemão: cupuacu baum, großblütiger kakao
- Francês: le cupuaçu, le copaçu, l’arbre cupuaçu
Origem, distribuição
Brasil. Espécie nativa do Estado do Pará, onde pode ser ainda encontrado em estado silvestre na mata virgem alta de várias localidades do Estado. É frequente o cultivo dessa espécie em quase toda a Amazônia. Fora do Brasil é cultivado em alguns países tropicais da América do Sul e Central (Venezuela, Equador, Colômbia e Costa Rica).
Descrição
Planta muito utilizada na Amazônia, mais apreciada pelo sabor que por suas virtudes nutritivas e medicinais. É considerada iguaria na culinária dos grandes centros, onde é encontrada nas feiras e mercados em estado natural ou em embalagens contendo a polpa extraída das sementes. Há séculos tem sido fonte de alimento tanto para animais quanto para moradores da floresta.
É uma árvore de pequeno porte, ciclo anual, alcança até 8 m de altura nos indivíduos cultivados. Indivíduos silvestres na mata alta alcançam até 18 m de altura.
O tronco geralmente é reto com a casca de cor marrom-escura, fissurada, ramificação tri-cotônica, ramos superiores ascendentes, os inferiores horizontais, ambos com ritidoma esfoliado. Pode viver até 80 anos.
As folhas são simples, inteiras, subcoriáceas, com até 35 cm de comprimento por até 10 cm de largura. Lâmina oblonga ou oblonga-obovada, atenuada, ápice abrupto-acuminado, com base obtusa ou arredondada, glabra, de cor verde e sub-brilhosa na face superior, e verde-glauco ou roseo-pálido face inferior, com delicado revestimento de pêlos estrelados. Nervuras laterais, acentuadamente dirigidas para o ápice do limbo, o par inferior em ângulo mais agudo; nervuras terciárias transversais e sub-paralelas.
As flores são grandes, vermelho-escuras, dispostas em cachos de até 5 flores ou mais, brotando dos galhos tomentosos. Pedúnculos curtos, espessos, com 3 brácteolas estreito-lineares. Cálices com 5 pétalas cada um.
A casca do fruto é dura e lenhosa, mas facilmente quebrável. Na maturação os frutos caem sem o pedúnculo, ocasião em que exala o aroma característico.
Dentre as variedades de cupuaçuzeiro tem-se o cupuaçu-redondo, cupuaçu-mamona e cupuaçu-mamaú (ou cupuaçu de massa).
Uso popular e medicinal
Utilizam-se apenas a sua polpa para consumo na forma de sucos, sorvetes, cremes e doces. A remoção da polpa é uma operação trabalhosa e efetuada através de tesoura. Em algumas localidades as sementes são fermentadas, secas ao sol, torradas e trituradas no pilão e utilizadas como chocolate comum, também chamado de cupulate.
Em geral as sementes, que representam um subproduto do processamento da polpa, são subutilizadas e dispensadas. Com o interesse crescente da indústria farmacêutica para obter a manteiga do cupuaçu, as indústrias e cooperativas de polpa de frutas começam a separar e beneficiar as sementes em maior quantidade.
A manteiga de cupuaçu chega a absorver 300% do seu peso em água, aproximadamente 240% superior a da lanolina, atuando como um substituto vegetal da mesma, prolongando o tempo de hidratação dos produtos aos quais é aplicada e proporcionando um toque agradável e sedoso à pele. Age sobre o tecido cutâneo formando uma película protetora que impede a evaporação da água da pele.
A composição graxa é rica em ácido linoleico, oleico, linolênico, araquídico, esteárico e palmítico. De acordo com estudos científicos e investigações etnobotânicas, na área cosmética a manteiga de cupuaçu comporta-se como excelente emoliente e lubrificante, proporcionando toque agradável, maciez e suavidade à pele, favorecendo a espalhabilidade de formulações cosméticas. Devido à presença de cadeias longas de ácidos graxos, promovem a alta hidratação deixando toque sedoso e melhorando a elasticidade da pele.
Pelo fato de apresentar fitoesteróis em sua composição, atua na reposição lipídica do estrato córneo. Apresenta efeito anti-inflamatório, diminui a perda trans-epidérmica de água por atuar no equilíbrio hídrico. Facilita a regeneração do tecido, hidratando e trazendo de volta sua elasticidade. Promove hidratação longa e duradoura devido à sua alta capacidade de absorção de água. Recupera a umidade e a elasticidade naturais da pele e dos cabelos secos e danificados, promovendo hidratação.
Os fitoesteróis são usados para o tratamento de úlceras em aplicação local a fim de estimular o processo de cicatrização. E utilizados em queimadura para acalmar a dor.
Valor nutricional (composição de 100 g da polpa)
Proteínas | 1,76 g |
Cálcio | 23 mg |
Fósforo | 26 mg |
Ferro | 2,6 mg |
Vitamina A | 30 mg |
Vitamina B | 0,04 mg |
Vitamina C | 33 mg |
Culinária - Receita do chocolate branco
- As sementes de cupuaçu, sem a polpa e sem adição de água, são postas a fermentar.
- Após 24 horas adiciona-se uma solução de açúcar a 30% na proporção de 1% de solução com relação ao peso do material; a solução deve estar a 38%.
- Após 48 horas de iniciar a fermentação, nova solução de açúcar é adicionada na mesma concentração e temperatura, devendo-se revolver as sementes 2 vezes por dia. A fermentação termina no quinto ou sétimo dia, onde as sementes são lavadas, secas ao sol, torradas a 180º C, descascadas, estando prontas para serem transformadas em chocolate em pó.
- Uma parte das amêndoas deve ser prensada para a obtenção da manteiga de cupuaçu, que será utilizada na formulação das massas para o preparo dos tabletes.
- A torta restante é moída e adicionando 10% de açúcar comum em relação ao peso final, produz-se o cupulate em pó.
Colaboração
- Rubem Regateiro, Massoterapeuta (Belém, PA). Julho de 2014.
- João Luiz Dias, arquiteto aposentado pelo Centro Federal de Ensino Tecnológico (CEFET/PA). Setembro de 2006.
- Érika Alves Tavares Marques, Bióloga (Universidade Federal Rural de Pernambuco).
- Tarsila Sangiorgi Rosenfeld (Comunicóloga, SP). Setembro de 2006.
Referências
- CORAZZA, S. Aromacologia, uma ciência de muitos cheiros. Editora Senac, 2004.
- Índice Terapêutico Fitoterápico (ITF). Ervas Medicinais. Editora EPUB, 2008.
- ANDERSEN, O.; ANDERSEN, V. Frutos Silvestres Brasileiros. Editora Globo (SP).
- CAVALCANTE, P. Frutos Comestíveis da Amazônia. Ed. CEJUP, Belém (PA).
- Le COINTE, P. Árvores e Plantas Úteis da Amazônia. Cia. Editora Nacional, São Paulo (SP).
- Jornal De volta às Raízes. Centro Nordestino de Medicina Popular. Ano XI, n. 59. Maio/Junho. 1996.
- Amazonlink.org - Acesso em 25 de outubro de 2015
- Imagem: CEPLAC; CEAP Design - Fotobank.ru - Acesso em 25 de outubro de 2015
- The Plant List: Theobroma grandiflorum - Acesso em 25 de outubro de 2015
GOOGLE IMAGES de Theobroma grandiflorum - Acesso em 25 de outubro de 2015