Cagaita, cagaiteira

Nome científico: 
Eugenia dysenterica DC.
Família: 
Myrtaceae
Sinonímia científica: 
Stenocalyx dysentericus (DC.) O.Berg
Partes usadas: 
Semente, casca, folha, flor, fruto.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Óleo da polpa: ácidos graxos saturados (palmítico), monoinsaturados (oleico) e polinsaturados (linolênico). Óleo essencial: monoterpenos, sesquiterpenos.
Propriedade terapêutica: 
Antioxidante, laxativa, antifúngica.
Indicação terapêutica: 
Desarranjo intestinaL, diabetes, icterícia, esquistossomose, rins.

Descrição [1,2,4]
Árvore frutífica comum na região do cerrado brasileiro, cagaiteira é espécie decídua que atinge de 4 a 10 m de altura, tem tronco e ramos tortuosos, casca suberosa e fendada. Os frutos são bagas globosas, suculentos, cor amarelo claro, sabor agradável a levemente ácido.

Apresenta tanto autofecundação quanto fecundação cruzada, sendo a polinização realizada principalmente pelas mamangavas Bombus atratus e B. morio. Está adaptada a solos pobres, pouco exigente em fertilidade

Uso popular e medicinal [1,2]
A planta é reconhecida pelo valor nutritivo dos frutos. Na medicina popular os frutos são laxantes, as folhas são antidiarreicas e para o coração. As flores são usadas para os rins.

É boa fonte de vitaminas (C 18–72 mg/ 100 g; B2 0,4 mg/ 100 g) e minerais (cálcio 172,8 mg/ 100 g; magnésio 62,9 mg/ 100 g; ferro 3,9 mg/ 100 g). 

O óleo da polpa da cagaita contém aproximadamente 2 g de lipídeos totais. Destes 28% são ácidos graxos saturados principalmente palmítico (24%); 50% de ácidos graxos monoinsaturados principalmente oléico (36%); e 22% de polinsaturados, principalmente linolênico (12%), um ácido graxo essencial. 

Semente, casca e polpa da cagaita são citadas como fontes de antioxidantes. Na medicina popular os extratos hidroalcoólicos das folhas da cagaita são usados como antidiarreico, existindo relatos do seu uso no tratamento de diabetes e icterícia, enquanto os frutos têm propriedades laxativas.

Na literatura encontra-se referência ao óleo essencial das folhas rico em sesquiterpenos (beta-cariofileno, alfa-humuleno) e monoterpenos (limoneno, alfatujeno), que apresentam atividade antifúngica. O extrato etanólico das folhas apresenta atividade moluscicida contra Biomphalaria glabrata, um caramujo hospedeiro intermediário do parasita, sugerindo potencial controle da esquistossomose.

Na obra "Cem anos de solidão" o prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márques cita o preparo de uma "poção de bagas de cagaiteira para expulsar lombrigas do organismo".

 Culinária
Macerado e espremido em peneira o suco dos frutos é imediatamente utilizado em refresco, sorvete, geleia, pudim e pavê. Os frutos "de vez" são aproveitados para fazer doces em compota e adequados para acompanhar sorvetes e pavês. R
eceitas caseiras podem ser consultadas na obra da EMBRAPA [3].

Outros usos
A madeira é empregada na construção civil, móveis rústicos, estrados, mourões, estacas. Fornece lenha, carvão e cortiça [2,4]

 Referências

  1. Universidade de Brasília (2013): Atividade antioxidante de frutos do Cerrado e identificação de compostos em B. cetosa - Acesso em 28 de agosto de 2016
  2. EMBRAPA Cerrados (2007): Desenvolvimento inicial e nutrição da cagaita em áreas de Cerrado degradado - Acesso em 28 de agosto de 2016
  3. EMBRAPA Cerrados (2004): Aproveitamento alimentar da cagaita - Acesso em 28 de agosto de 2016
  4. Revista Brasileira de Fruticultura (2001): Caracterização de frutos e árvores de cagaita no sudeste do Estado de Goiás (Brasil) - Acesso em 28 de agosto de 2016
  5. Imagem (árvore) : Wikimedia Commons (Autor: João Medeiros) - Acesso em 28 de agosto de 2016
  6. Imagem (fruto): EMBRAPA Cerrados - Acesso em 28 de agosto de 2016
  7. The Plant List: Eugenia dysenterica - Acesso em 28 de agosto de 2016

GOOGLE IMAGES de Eugenia dysenterica - Acesso em 28 de agosto de 2016