Princípio ativo do jaborandi pode tratar a esquistossomose

Uma publicação recente (maio de 2015) revela que um metabólito secundário do jaborandi (Pilocarpus microphyllus), planta originária do Norte do Brasil, a epiisopiloturina, pode combater a esquistossomose, a verminose que mais mortes provoca no mundo. 

A pilocarpina, substância extraída da folha deste vegetal, já é utilizada no tratamento da glaucoma porém esse processo gera grande quantidade de resíduos sem local ideal para descarte. Na tentativa de encontrar alguma utilidade nesses resíduos, pesquisadores brasileiros e estrangeiros descobriram que 70% do mesmo é composto pela epiisopiloturina, substância capaz de matar o parasita causador da esquistossomose em animais.

Análises laboratoriais verificaram a não-toxicidade dessa substância em organismos vivos, nem causavam danos em seus órgãos. Experimentos de microscopia eletrônica de varredura mostraram alterações causadas no tegumento do parasita retirado do fígado dos roedores quando tratados com epiisopiloturina, o que demonstra ação direta sobre o parasita no hospedeiro.

Atualmente o único fármaco contra esquistossomose é o Praziquantel, eficaz apenas contra agentes adultos da doença, além de ser danoso ao fígado pois requer reaplicação devido ao ciclo de vida do verme.

Segundo os pesquisadores, os benefícios da substância são a eficácia em vermes jovens e adultos e a não-toxicidade. Enquanto a maioria dos pesquisadores estudam a produção de vacinas contra a esquistossomose, o estudo atual é importante por atender pessoas já infectadas.

Fonte: Jornal da USP, Caderno Ciência, edição de 18 a 24 de maio de 2015.