Cânfora

Nome científico: 
Cinnamomum camphora (L.) J. Presl
Família: 
Lauraceae
Sinonímia científica: 
Laurus camphora L.
Partes usadas: 
Folhas
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Terpenos, álcoois (borneol, linalol, α-terpinol), cetonas (cânfora, piperitona), óxidos (cineol), compostos aromáticos (p-cimeno, eugenol, safrol), aldeídos, ácidos graxos.
Propriedade terapêutica: 
Antisséptica, estimulante, excitante, parasiticida, anti-nevrálgica, revulsiva, anestésico local, anti-térmica, anti-diarreica,anti-helmíntica, moderadora das secreções sudoral e láctea.
Indicação terapêutica: 
Contusões, dores musculares, reumatismo, frieira.

Nome em outros idiomas

  • Espanhol: canforeto
  • Francês: champhre
  • Inglês: camphor tree
  • Italiano: cânfora

Origem, distribuição
Ásia Oriental, particularmente Ilha de Formosa, Japão e China Meridional.

Uso popular e medicinal
Utilizada na terapêutica, a cânfora vem sendo substituída por outras substâncias, algumas de constituição química análoga.

Da madeira triturada dos troncos e submetida a manufaturações oportunas, extrai-se o produto conhecido pelo nome de cânfora, de qualidades antisséptica, estimulante e excitante.

Externamente é utilizado por suas propriedades revulsivas, a que se associa a uma ação anestésica local, em fricções, geralmente sob a forma de soluções alcoólicas. Suas ações também são parasiticidas.

Tem aplicações nas hemorragias uterinas e como vermífugo.

Internamente administra-se por via hipordérmica em soluções oleosas. Atua sobre o sistema nervoso central, produz ação benéfica sobre o centro respiratório bulbar, com o aumento da amplitude dos movimentos respiratórios sem acelerar o ritmo, mas a sua ação mais notável é sobre o coração. É um cardiocinético, pois estimula o músculo cardíaco e reforça a sístole, regulariza as pulsações e a pressão sanguínea.

Embora seja um cardiotônico eficiente a administração do óleo canforado deve ficar a cargo do médico. Devido porém à sua insolubilidade na água (o que reduz uma ação lenta e a impossibilidade de administrar por via endovenosa), foi substituída por sucedâneos hidrossolúveis.

Como sedativo recomenda-se nas doenças nervosas, hipocondria, histerismo, convulsões, epilepsia, melancolia, nevralgias e reumatismo.

Constituintes: terpenos (a-pineno, nopineno, canfeno, dipenteno, cariofileno, cadineno, bisaboleno), álcoois (borneol, linalol, a-terpinol), cetonas (cânfora, piperitona), óxidos (cineol), compostos aromáticos (p-cimeno, eugenol, safrol), aldeídos, ácidos graxos.
 

 Dosagem indicada
Contusões, dores musculares e reumatismo
Vinagre aromático para fricções e massagens: macerar em uma garrafa, por 10 dias, 400g de vinagre puríssimo de vinho, 50g de álcool a 90º, 50g no total das seguintes ervas frescas: sumidades floridas de alfazema, folhas de laranjeira, folhas de alecrim, folhas de hortelã, folhas de sálvia.

Antes de colocá-los nos líquidos indicados, esmagá-las um pouco, a fim de facilitar a saída dos humores. Tapar bem a garrafa, conservando-a em local fresco. Após os dez dias prescritos, dissolver 4g de cânfora em 10g de ácido acético, colocando este líquido na garrafa com todos os outros ingredientes.

Filtrar o líquido após algumas horas e vertê-lo em uma garrafa com tampa esmerilhada. Este vinagre aromático é prodigioso para todas as dores causadas por traumas ou dores reumáticas.

Aguardente canforada: misturar 300g de aguardente a 60º, ou de álcool na mesma graduação e 5g de cânfora triturada. Conservar o líquido em uma garrafa bem tapada e empregá-lo para friccionar os músculos doloridos.

Frieira
Loção: em uma garrafa de boca larga, colocar 200g de óleo de rícino desodorizado, aquecendo o recipiente em banho-maria. Enquanto a água se aquece (não deve nunca ferver), colocar na garrafa 10g de essência de bergamota e 5 g de cânfora. Deixar tudo em banho-maria por cerca de uma hora, depois afastar a panela do fogo. Quando o líquido estiver frio, tapar a garrafa hermeticamente. Com esta loção fazer massagens 3 a 4 vezes ao dia sobre a região atingida pela frieira. Para prevenir é suficiente fazer uma única fricção ao dia.

Outros usos
Para flores e plantas
Quando uma planta sofreu a ação do vento ou a ausência de água, tomará rapidamente força e vigor se for regada com água canforada. A proporção é de uma colherinha de cânfora em pó em uma garrafa de água.

Traças
Contra as traças não há nem um produto igual a cânfora, cujo odor é particularmente desagradável a estes insetos. Espalhar alguns cubinhos pelos armários e gavetas, as roupas estarão assim seguras.

Desinfetante para emprego caseiro (Vinagre dos quatros ladrões de Marselha)

  • 20g de sumidades floridas de alguma destas plantas: losna, alecrim, sálvia, hortelã, arruda ou flores de alfazema
  • 30g de cada um destes aromáticos: casca de canela, ácoro, noz-moscada, cravo e alho.
  • 5g de cânfora
  • 1250g de puríssimo vinagre de vinho branco.

Os ingredientes devem ser deixados em maceração no vinagre, por 10 dias. Filtrar o líquido e conservá-lo em um vidro com tampa esmerilhada. Serve para limpar as feridas e desinfetar as mãos que tenham tocado qualquer coisa infectada.

Muitas são as aplicações da cânfora, particularmente na produção de celuloide e matéria-prima de indústrias de pólvora, plástico, tinta etc..

A canforeira é extremamente decorativa, indicada para ornamentação de vias públicas e quebra-ventos.

Curiosidade
Vinagre dos quatro ladrões de Marselha. Diz a lenda que por volta de 1300, enquanto se alastrava uma peste terrível, quatro bandidos marselheses executavam assaltos nos locais infestados pela peste, saqueando casas e o comércio.

Era porém um mistério o fato de passarem incólumes pelos locais infestados sem adquirirem o mal terrível. Dizem que o segredo era uma mistura milagrosa que preparavam antes de iniciarem as suas incursões, com a qual enxaguavam a boca e limpavam as mãos.

A sua receita chegou até nós. Trata-se de um excelente desinfetante, que a todos faz bem em ter esta receita em casa.

Um pouco de história
Após ocupar a ilha de Formosa (Taiwan), o Japão organizou o próprio monopólio da produção e comércio da cânfora natural e sua essência, que perdurou até a perda do seu domínio em 1944. Entretanto estabeleceu a cultura em seu próprio país.

Concorrências surgiram para combater este monopólio, com plantações de canforeiro em outros países (Java, Estados Malaios, Austrália, Flórida, Brasil, Argélia, etc.), porém a organização japonesa inutilizou estas tentativas.

As circunstâncias modificaram-se depois da II Guerra Mundial, devido ao desenvolvimento da indústria da síntese química da cânfora, em particular nos EUA.

 Referências

  1. BALMÉ, F. Plantas Medicinais. Editora Hemus, São Paulo. 2004.
  2. CHIEJ, R. The Macdonald Encyclopedia of Medicinal Plants. Macdonald, London. 1984.
  3. COSTA, A. F. Farmacognosia. Fundação Calouste Gulbenkian, v.III, 2a ed. 1967.
  4. GRAF, A. B. Tropica. Color cyclopedia of exotic plants and trees. Roehrs Company,  N.J. (USA), 4a ed. 1992.
  5. The Plant List: Cinnamomum camphora - Acesso em 6 de setembro de 2015

​GOOGLE IMAGES de Cinnamomum camphora - Acesso em 6 de setembro de 2015