Pequi combate radicais livres e protege células contra mutação

Cristina Amorim
Free-lance para a Folha de São Paulo (4/8/2004).

O arroz com pequi, prato típico da região Centro-Oeste, acaba de ganhar um novo sabor. Os biólogos César Kopper Grisolia e Juliana Khouri, do Laboratório de Genética e Mutagênese da Universidade de Brasília, descobriram que o extrato daquele fruto ajuda a reduzir o índice de mutação em células sadias expostas a drogas usadas em quimioterapia.

O pequi (Caryocar brasiliense) é característico do cerrado e usado na culinária regional. Ele é rico em vitaminas A, C e E e em carotenóides, que evitam a formação de radicais livres no corpo. Essas substâncias podem levar à formação de tumores, a doenças cardiovasculares e ao envelhecimento.

Grisolia e Khouri trataram camundongos com extrato de pequi diluído em água. Os animais receberam depois duas substâncias que provocam o surgimento de radicais livres no corpo, a ciclofosfamida e a bleomicina.

"Nos animais tratados previamente com o extrato, obtivemos uma redução de 35% a 40% no índice de quebra de DNA das células sadias", disse Grisolia. O mesmo resultado foi obtido in vitro - atualmente, o tratamento está sendo testado em moscas.

Segundo Khouri, o estudo mostra que o consumo do pequi pode diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia. "Por isso, usamos o extrato em estado aquoso, porque é uma forma próxima daquela usada na culinária", explicou à Folha a bióloga da UNB.

O pequi não é o único alimento que combate os radicais livres. Pesquisas anteriores indicam que o tomate e a maçã, por exemplo, possuem a mesma propriedade.