Esta espécie é considerada planta alimentícia não convencional.
Nome em outros idiomas
- Inglês: hairy beggar-ticks
- Francês: sornet, piquant noir, bident hérissé, herbe aiguille, herbe villebague
- Alemão: behaarter zweizahn
Origem, distribuição [3]
Picão-preto é nativo da América tropical, tornou-se uma das principais espécies de planta daninha e de praga em todo o mundo.
Descrição [1]
Espécie herbácea anual, desenvolve-se em todo o País instalando-se em áreas ocupadas com espécies olerícolas (alho, alface, beterraba, cebola, cenoura, tomate), lavouras de banana, mamão, manga, maracujá e pomares de goiaba, laranja, maçã e pêssego. Forma compostos alelopáticos que inibem o desenvolvimento da alface, nabo e repolho.
Hospedeira alternativa do Begomovirus do tomate, transmitido a determinadas culturas pela mosca-branca, da Ralstonia solanacearum (que causa a murcha bacteriana, doença das mais severas para as bananeiras), a cochonilha Orthezia praelonga e o ácaro Brevipalpus phoenicis, que transmitem o vírus da leprose dos citros.
Apresenta caule anguloso, verde, com manchas avermelhadas e pilosidade branca. Folhas opostas com limbo dotado de 5 recortes profundos que atingem a nervura central e com margem serreada, pecíolos verdes ou avermelhados, pilosos. Inflorescência axilar e terminal do tipo capítulo longo-pedunculado.
Capítulos rodeados por um invólucro de brácteas foliáceas semelhante a um cálice e um segundo invólucro de 5 a 6 brácteas não muito desenvolvidas, de coloração amarela, semelhante a uma corola. Flores centrais tubulosas, de coloração amarela. Fruto aquênio preto.
Propaga-se por meio de sementes. Fornece pólen para abelhas.
Uso popular e medicinal [5]
Picão-preto é planta medicinal das mais conhecidas da América do Sul, amplamente utilizada no tratamento de inúmeras doenças dentre as quais inflamação, hipertensão, úlceras, diabetes e infecções de todos os tipos, que estão sendo validadas pela moderna pesquisa científica.
A planta tem longo histórico de uso entre os povos indígenas da Amazônia. Geralmente é arrancada e preparada em decocção ou infusão para uso interno, ou esmagada para uso externo na forma de cataplasma.
Na Amazônia peruana picão-preto é usado contra febre aftosa, angina, diabetes, distúrbios menstruais, hepatite, laringite, vermes intestinais e inflamações (internas e externas). Na região de Piura (norte do país), a decocção das raízes é utilizada para a hepatite alcoólica e vermes. Na tribo Cuna misturam as folhas esmagadas com água para tratar dores de cabeça. Em Pucallpa a folha é enrolada e aplicada a dor de dente; as folhas são também utilizadas para dor de cabeça.
Em outras partes da Amazônia a decocção da planta é misturada ao suco de limão para tratar angina, hepatite, dor de garganta e retenção de água. Usam as folhas secas ao sol com azeite para fazer cataplasma e aplicar em feridas e lacerações; e a infusão de flores para tratar a dor de estômago devido a intoxicação alimentar.
Na fitoterapia peruana picão-preto é utilizado para reduzir a inflamação, aumentar a micção e proteger o fígado. É comumente utilizada para a hepatite, conjuntivite, abcessos, infecções fúngicas, infecções urinárias, como um auxiliar de perda de peso e estimular o parto.
Na medicina herbal brasileira é usado para febres, malária, hepatite, diabetes, dor de garganta, amigdalite, obstruções no fígado (e outras doenças do fígado), infecções urinárias e corrimento vaginal. A infusão ou decocção de toda a planta em gargarejos é indicado para amigdalite e faringite. Externamente é usado em feridas, infecções fúngicas, úlceras, assaduras, picadas de insetos e hemorroidas. Especialistas relatam o uso de picão-preto para normalizar os níveis de insulina e de bilirrubina no pâncreas, fígado e sangue.
No México usam toda a planta ou a folha para tratar a diabetes, doenças do estômago, hemorroidas, hepatite, problemas nervosos e febre. Indicam-na como gargarejo para bolhas na boca e o suco da planta usam em cataplasma externo para o rim e fígado.
Desde 1979 e 1980 cientistas têm demonstrado que as substâncias presentes na erva são tóxicas para bactérias e fungos. Vários flavonoides de picão-preto foram documentados com atividade antimalárica. Em 1991 cientistas suíços isolaram vários fitoquímicos com propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias, o que os levou a sugerir este vegetal na medicina tradicional para o tratamento de feridas, contra inflamação e infecção bacteriana do trato gastrointestinal.
Os principais constituintes químicos de picão-preto são ácidos (beênico, butanodióico ou succínico, cafeíco, cáprico, elaídico, láurico, linoleico, mirístico, palmítico, palmitoleico, paracumárico, tânico e vanílico), esculetina, beta-sitosterol, borneol, cadinol, cafeína, daucosterol, friedelano e friedelina (compostos triterpenos), germacreno D, glucopiranósidos, inositol (uma vitamina do complexo B), isoquercitrina, limoneno, lupeol (triterpenoide), luteolina (um dos principais bioflavonoides), muurolol, okanin-glucósidos, fitol (pigmento presente na clorofila), poliacetilenos (tridecapentaineno, fenilheptatrieno), precoceno (inseticida), piranoses, quercetina (flavonoide antioxidante), sandaracopimaradiol, esqualeno, estigmasteróis, tetrahidroxiauronas, tocopherol quinonas e tridecatetraendieno.
Outros constituintes cujas traduções não foram encontradas são: butoxylinoleates, erythronic acids, phytenoic acid, pilosola.
Colaboração
- Cláudia Landi, Biomédica, São Paulo (SP), 2015.
Referências
- MOREIRA, H.J.C; BRAGANÇA, H. B. N. Manual de Identificação de Plantas Infestantes. FMC Agricultural Products, São Paulo (SP). 2011.
- MORS, W. B et. alli. Medicinal Plants of Brazil. Reference Publications, Inc., Algonac, Michigan. 2000.
- Go Botany: Bidens pilosa - Acesso em 29 de novembro de 2015
- Plants for a Future: Bidens pilosa - Acesso em 29 de novembro de 2015
- Tropical Plant Database (Raintree): picão-preto - Acesso em 29 de novembro de 2015
- Imagem: FMC Agricultural Products
- The Plant List: Bidens pilosa - Acesso em 29 de novembro de 2015
GOOGLE IMAGES de Bidens pilosa - Acesso em 29 de novembro de 2015