Origem, distribuição
Considerada endêmica do Brasil, é encontrada desde o Ceará até o norte de Minas Gerais, ocorrendo principalmente em áreas de semiárido.
Descrição [3]
Trepadeira, cresce em grande quantidade. Caracteriza-se por folhas alternas, peltadas, pecioladas, lâminas oval a deltoides, glabra, margens inteiras, ápice obtuso a agudo, base truncada.
Nervação actinodroma-broquidodroma. Pecíolo reto, peltado, excêntrico, cilíndrico, com ápice e base alargados e levemente curvados, espessado nas extremidades.
Uso popular e medicinal
Orelha-de-onça é planta bem estudada cientificamente por pequisadores brasileiros, devido ao uso popular no tratamento de doenças respiratórias.
Uma revisão da literatura nos aspectos etnobotânico, químico e farmacológico avaliou o potencial desta erva no tratamento de diversas enfermidades. A infusão aquosa das folhas é utilizada na medicina tradicional para o tratamento de doenças respiratórias, incluindo constipações, bronquite e asma. Uma abordagem multidisciplinar levou à elucidação dos principais biomarcadores químicos e do mecanismo de ação do extrato e dos seus constituintes isolados.
A revisão aponta que a fração aquosa do extrato de etanol das folhas exerce uma atividade imunomoduladora em diferentes modelos animais de asma. Isto inclui um aumento dos níveis de citocinas anti-inflamatórias, uma diminuição na produção de imunoglobulina antigeno específico, uma diminuição da produção de muco nas vias respiratórias e atividade broncodilatadora direta. Estes resultados pré-clínicos demonstram claramente o potencial desta espécie para o tratamento da asma. [1]
Matéria publicada na imprensa regional menciona que esta planta medicinal pesquisada há muitos anos na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pode ser comercializada como medicamento - em sachês - para o tratamento da asma. Acredita-se que os benefícios da planta podem até superar os dos medicamentos químicos. Trabalhos científicos descobriram que a folha da milona tem a mesma eficácia da raiz e pode também ser usada para o tratamento de asma com menos toxicidade, um resultado promissor pois para fabricar o medicamento não é necessário arrancar a planta, bastam as folhas. [2]
Folhas e raízes são empregadas na medicina popular também no tratamento de reumatismo e artrite. Do ponto de vista químico vários alcaloides isoquinolínicos foram isolados, dentre os quais destacam-se milonina, warifteina, metilwarifteína e laurifolina. A espécie tem grande importância na farmacologia pelas diversas atividades já confirmadas como espasmolítica e efeito citotóxico atribuídos a warifteína e a milonina, anti-anafilática, antidepressiva, anti-inflamatória, que em parte está relacionada à diminuição da função dos macrófagos. Foi demonstrado que o tratamento oral com o extrato etanólico das folhas apresentou efeito imunomodulador e que a warifteína é um componente ativo do extrato de C. sympodialis responsável pela ação antialérgica. [3]
Pesquisadores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) apresentaram resultados que mostram o efeito da planta contra úlcera e depressão. Isso por que muitos pacientes diagnosticados com asma desenvolvem casos de depressão, porém o efeito maior é mesmo contra a asma, pois é antialérgica e anti-inflamatória, resolvendo a causa (alergia) e a consequência (inflamação crônica) de uma só vez. A ação da milona é ainda maior do que a de corticoides, os remédios mais comuns no tratamento de doenças respiratórias mas que possuem sérios efeitos colaterais.
Uma forma mais simples de consumo é por meio de sachês usados em chás. Recomendam 1 xícara 2 vezes ao dia. Segundo relatos, os pacientes que fizeram esse teste obtiveram melhora significativa. [5]
Uma tese de doutorado destaca que a warifteína - um alcaloide do tipo bisbenzilisoquinolínico - componente majoritário de C. sympodialis, apresenta efeito antiespasmódico e anti-inflamatório. O estudo avaliou o tratamento oral com warifteína em camundongos BALB/c ativamente sensibilizados (ovalbumina) e em ratos passivamente sensibilizados ou quimicamente estimulados. Este alcaloide é um dos componentes do extrato de C. sympodialis responsável pelo efeito antialérgico. Segundo o autor, estes dados atestam o uso popular da planta no tratamento de doenças alérgicas. [4]
Dedicado a Bianca Campello da Silva (Foz do Iguaçu, PR)
Referências
- Cavalcanti, Aline & Melo, Ingrid & Medeiros, Antonilêni & Neves, Michelline & Pereira, Ayala & Oliveira, Eduardo. (2013). Studies with Cissampelos sympodialis: The search towards the scientific validation of a traditional Brazilian medicine used for the treatment of asthma. Revista Brasileira de Farmacognosia.
- Jornal da Paraíba (2012): Planta do sertão da Paraiba deve virar medicamento - Acesso em 23 de agosto de 2020
- Revista Brasileira de Farmacognosia (2008): Estudo farmacobotânico de folhas de Cissampelos sympodialis - Acesso em 23 de agosto de 2020
- Universidade Federal da Paraiba (UFPA, 2007): Warifteína, alcaloide bisbenzilisoquinolínico, inibe o edema e a hiperalgesia em modelo experimental de alergia - Acesso em 23 de agosto de 2020
- Centro de Produções Técnicas (CPT): Planta do semiárido poderia curar asma e depressão - Acesso em 23 de agosto de 2020
- Imagem: Revista Brasileira de Farmacognosia
- The Plant List: Cissampelos sympodialis - Acesso em 23 de agosto de 2020
GOOGLE IMAGES de Cissampelos sympodialis - Acesso em 23 de agosto de 2020