Origem, distribuição
Endêmica das áreas de várzea do Rio Amazonas, Estado do Amazonas (Brasil).
Descrição [3]
S. martiana é uma espécie pioneira arbórea que coloniza áreas de várzea, onde cresce rapidamente e aumenta sua densidade, pois aproveita-se do aparecimento de sedimentos. As árvores podem permanecer em áreas inundadas entre 8 e 9 meses. Forma raízes adventícias perto da superfície da água.
Produz grande quantidade de flores e frutos por inflorescência. A espécie habita um ambiente instável onde ocorrem abalos pela erosão, por restos de vegetais flutuando como troncos e grandes massas de capim.
A produção ininterrupta de sementes representa importante adaptação para aumentar o sucesso reprodutivo, o que é considerado um ganho especialmente pelo fato da espécie ser autocompatível, podendo cada indivíduo produzir seus próprios frutos e ainda sofrer fecundação cruzada.
A dispersão de sementes é anemocórica (pelo vento) e hidrocórica (pela água), uma vez que as mesmas flutuam. A espécie é enquadrada na condição ecológica "estrategista r", ou seja, apresenta alta taxa de reprodução. É considerada importante na sucessão dos ambientes de várzea.
Uso popular e medicinal
O infuso das folhas e o decocto da casca tem valor terapêutico pelas propriedades sudorífico, anti-hemorrágico contra hemoptise (tosse com sangue, quantidade variável de sangue que passa pela glote oriunda das vias aéreas e dos pulmões) e antiblenorrágico [4]. Cita-se também que é utilizada para diabetes.
Foi feita uma análise do potencial antimicrobiano dos extratos de S. martiana frente a bactéria patogênica Aeromonas hydrophila (bactéria aquática que pode causar doenças em peixes, anfíbios e humanos), usando-se folhas, galhos e sementes. Os autores concluiram que apenas os extratos metanólico e aquoso dos galhos foram ativos, apresentando halos de inibição com atividade média. Os extratos restantes não tiveram atividade contra A. hydrophila [2].
A família Salicaceae é conhecida pela presença de salicilatos, que são glicosídeos fenólicos, e outras substâncias: salicina, salicortina, 2'-cinamoilsalicortina, salicina di-glicosilada, salicilol, 2'-O-acetilsalicina, 2'-O-acetilsalicortina e m-hidroxibenzil-ß-D-glicosídeo. Diversas atividades farmacológicas foram descritas para estas substâncias destacando-se a analgésica, anti-inflamatória e antioxidante.
Um trabalho isolou pela primeira vez, em diferentes extratos de S. martiana, a salicina (nas folhas e talos), componente majoritário, e trichocarposídeo (ou 6-0-p-coumaroil-salicina, nos talos). Segundo os autores, os altos rendimentos destas duas substâncias significam nova fonte de matéria-prima para obtenção do ácido acetil-salicílico através de processos industriais de semi-síntese. A avaliação da atividade antioxidante mostrou que os extratos mais promissores são os extratos metanólico das folhas e metanol/água dos talos. É possível que esses sejam os compostos responsáveis pela atividade antioxidante [1].
Outros usos [3]
O gênero Salix é conhecido por sua importância econômica. Muitas de suas espécies são usadas em farmacologia, construção e movelaria.
Dos ramos novos de certas espécies prepara-se um tipo de vime utilizado na indústria de móveis rústicos.
Referências
- Química Nova (2009): Salicilatos isolados de folhas e talos de Salix martiana - Acesso em 26 de junho de 2016
- 25o Congresso Brasileiro de Microbiologia (2009): Atividade antibacteriana dos extratos de Salix martiana contra Aeromonas hydrophila, batéria patogênica de peixes - Acesso em 26 de junho de 2016
- Acta Amazonica (2002): Implicações ecológicas da fenologia reprodutiva de Salix martiana em áreas de várzea a Amazônia central - Acesso em 26 de junho de 2016
- Flora Balbach: Oeirana - Acesso em 26 de junho de 2016
- Image: The Botanical Review (2004) - Central Amazonian Floodplain Forests: Tree Adaptations in a Pulsing System
- The Plant List: Salix martiana - Acesso em 26 de junho de 2016
GOOGLE IMAGES de Salix martiana - Acesso em 26 de junho de 2016