Origem, distribuição
Nativa do Cerrado brasileiro, distribui-se amplamente em várias regiões do país.
Descrição [5]
Mama-cadela é espécie arbustiva, caducifólia, tem porte de aproximadamente 3 a 4 m. Caracteriza-se pela produção abundante de látex.
A casca é cinzenta, grossa, folhas alternas, sem pelos na face superior e pilosa na face inferior. Flores carnosas com hastes, sem pétalas, agrupadas como globo. O fruto é carnoso, amarelo, origina-se de diversas flores, não se abre quando maduro. São mastigados como goma de mascar devido ao sabor e ao látex que contêm. Frutifica e floresce durante todo ano.
A raiz é pivotante. A semente é recalcitrante (não sobrevive ao armazenamento em ambientes relativamente secos).
Uso popular e medicinal
Espécie comum no cerrado brasileiro, mama-cadela tem grande valor na medicina tradicional e na indústria de medicamentos. Folha, casca e raiz são usadas pelas populações da região do Brasil Central principalmente para o tratamento do vitiligo.
A constituição química de B. gaudichaudii revela a presença nas raízes e frutos de duas furanocumarinas: bergapteno e psoraleno. As furanocumarinas (ver quadro), uma subdivisão das cumarinas, pertencem ao grupo dos compostos fenólicos. Bergapteno e psoraleno são substâncias fotossensibilizantes sobre a pele, por isso são utilizadas nas discromias (alterações na cor da pele) [5]. As furanocumarinas são utilizadas desde épocas remotas para o tratamento de psoríase, hanseníase, vitiligo, leucodermia, micoses, dermatite e eczemas [4]. |
Furocumarina (ou furanocumarina) designa um conjunto de substâncias tóxicas sensíveis à luz. São obtidas a partir da fusão de um composto químico (furano) e uma substância orgânica aromática (cumarina). Incluem especialmente o psoraleno, utilizado para tratar doenças da pele. Tangerina, limão e toranja contêm furocumarinas em sua casca, por isso são contraindicadas em associação com outros medicamentos [7]. |
A espécie já foi bem estudada sob diversos aspectos químicos, permitindo comprovar sua atividade fotossensibilizante. Além do uso tradicional da mama-cadela, derivados psoralênicos são encontrados em produtos industrializados elaborados a partir de cascas da porção inferior do caule e das raízes desta espécie. Essas partes são preparadas para uso interno como comprimidos; e externo, como pomada e loção [1].
A composição química dos extratos metanólicos do vegetal apresentam diferenças, de forma que a parte que contém as maiores concentrações das cumarinas é o córtex das raízes. Fitoquimicamente foram isolados os derivados furocumarínicos, todos possuindo capacidade fotossensibilizante e que já encontram congêneres sintéticos no mercado farmacêutico na formulação de medicamentos magistrais para tratamento de doenças despigmentantes da pele [4].
Compostos furocumarínicos podem ser obtidos por síntese química, no entanto esse processo é oneroso. É mais barato extrair de plantas como B. gaudichaudii [3].
A planta contém outros constituintes químicos além dos já citados: furocumarinas (bergapteno, psoraleno, xantiletina, luvangetina, gaudichaudina), saponinas, taninos, protoantocianidinas e alcaloides [2,6].
Dosagem indicada [6]
Tratamento de vitiligo e manchas da pele. Uso tópico do extrato das raizes, folhas e casca do caule. Espremer 1 xícara (chá) destes materiais diluído em 1 litro de água, em decocção. Após repouso de 24 horas, passar 2 vezes por dia nas partes afetadas.
Em uso interno, é também indicado o decocto das raízes e folhas contra moléstias que requerem um depurativo do sangue, como doenças reumáticas, intoxicações crônicas, dermatoses em geral, má circulação sanguínea, etc.. A planta inteira na forma de infusão é também empregada contra gripe, resfriado e bronquite
Contraindicação [6]
Possível fotoenvelhecimento e câncer de pele, por isso deve ser usado com acompanhamento médico e precaução. Contraindicado para gestantes e lactantes.
Outros usos
Fornece madeira de média qualidade, empregada em marcenaria e construções rurais. Comercialmente explorada pela indústria de papel, borracha e na produção indireta da seda [6].
O pó obtido por raspagem das raízes é utilizado como aromatizante [4].
Dedicado a Rivail França (Riverside, Connecticut, EUA), 2015.
Referências
- Revista Brasileira de Plantas Medicinais (2011): Propagação vegetativa de Brosimum gaudichaudii por estacas de raízes - Acesso em 27 de setembro de 2015
- Revista Brasileira de Farmacognosia (2008): Acute toxicity of Brosimum gaudichaudii root extract in mice: determination of both approximate and median lethal doses - Acesso em 27 de setembro de 2015
- Acta Botanica Brasilica (2007): Morfoanatomia e histoquímica de Brosimum gaudichaudii - Acesso em 27 de setembro de 2015
- Revista Eletrônica de Farmácia (2005): Avaliação clínica toxicológica preliminar do Viticromin ® em pacientes com vitiligo
- FIDELIS, I. Micropropagação de Brosimum gaudichaudii - Uma espécie considerada medicinal. Universidade Federal de Lavras, Lavras (MG), 1998. (Dissertação: Mestrado em Fitotecnia)
- Naturell Indústria e Comércio Ltda: Literatura de mamacadela
- Salud.ccm.net: Furocumarina - Definición
- Plantas do Cerrado: Mama-cadela - Acesso em 27 de setembro de 2015
- Imagem: Wikimedia Commons (Author: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr) - Acesso em 27 de setembro de 2015
- The Plant List: Brosimum gaudichaudii - Acesso em 27 de setembro de 2015
GOOGLE IMAGES de Brosimum gaudichaudii - Acesso em 27 de setembro de 2015