Maçã, macieira

Nome científico: 
Malus domestica Borkh.
Família: 
Rosaceae
Sinonímia científica: 
Pyrus malus var. mitis Wallr.
Partes usadas: 
Casca, fruto, semente.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Polifenóis, ácido hidroxicinâmico, flavonoides, flavan-3-ols, proantocianidinas, polissacarídeos (pectina), fitoesteróis, triterpenos pentacíclicos, di-hidrochalconas, vitaminas.
Propriedade terapêutica: 
Antioxidante, anticâncer, anti-inflamatória.
Indicação terapêutica: 
Contribui para a prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, inflamação e câncer. Vinagre de maçã é eficaz na anemia, asma, pedra no rim, artrite, doenças da pele.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: apple
  • Espanhol: manzana
  • Francês: pomme
  • Alemão: apfel 

Origem, distribuição

Malus domestica tem como ancestral Malus sieversii, originária da Ásia Central ou Sudeste, provavelmente Cazaquistão, com o seu centro de diversidade no leste da Turquia.

Descrição [3]

Maçã é o fruto da macieira, espécie frutífera de clima temperado, caducifólia. O porte das macieiras, tronco, ramos, folhas e frutos variam com o cultivar, pois estão relacionados com os fatores genéticos tanto do enxerto (a espécie que se deseja reproduzir) quanto do cavalo (ou porta-enxerto, a planta que contribui com o sistema radicular, assegurando a nutrição mineral). Pode atingir até 9m. Inflorescência do tipo umbela com 6 a 8 flores.

A espécie é hermafrodita (possui órgãos masculinos e femininos) e é polinizada por insetos.

No Brasil predominam dois cultivares Gala e Fuji, cujos frutos apresentam epiderme de coloração avermelhada e com menos destaque temos a Golden Delicious de coloração verde. 

Uso popular e medicinal [1]

Dentre as frutas consumidas com mais frequêcia, a maçã é rica fonte de moléculas nutricionais e contém altos níveis de compostos bioativos incluindo polifenóis, polissacarídeos (pectina), fitoesteróis, triterpenos pentacíclicos e vitaminas. 

A literatura aponta evidências científicas de que as substâncias presentes na casca e fruta têm o potencial de melhorar a saúde humana, contribuindo na prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, inflamação e câncer.

A fruta toda é comestível, exceto as sementes. Muitos produtos são derivados: cidra, suco, compota, chá, vinho, doce, geleia, iogurte, sorvete, bebidas alcoólicas etc. São insubstituíveis na nutrição humana, pois aumentam a imunidade, têm um efeito positivo sobre a resistência ao estresse. 

Os polifenóis de maçã incluem ácidos fenólicos (principalmente clorogênico e cafeico), dihidrochalconas (phloridzina, phloretin, phloretin-2'-xyloglucoside) e flavonoides (principalmente catequinas, epicatequinas, proantocianidinas B1, B2, B5, C1, quercetina e quercitrina).

Maçã contém grande quantidade de polissacarídeos dentro os quais a pectina. Os principais componentes são ácido glucurônico, lactose e arabinose. São compostos de polímero natural com boa geleificação e estabilidade de emulsificação. 

A pectina da maçã tem sido amplamente usada na medicina. Como fibra dietética, a pectina é um nutriente essencial na vida diária das pessoas e sua ingestão frequente promove a digestão. O teor de fibra alimentar da casca maçã é 2 a 3 vezes superior ao da polpa desta fruta. 

A pesquisa científica descobriu que a pectina da maçã pode inibir significativamente a proliferação de células de câncer em ratos. Descobriu também que se 20% da pectina for adicionada à alimentação, a incidência de câncer de cólon pode cair significativamente. A fibra dietética e outros nutrientes contidos nas maçãs provocam efeitos anticancerígenos no corpo humano. Em particular, tem um efeito inibitório significativo nas células de câncer de fígado, mama e cólon humanos. 

A pectina da maçã reduz o colesterol médio no sangue, triglicerídeos e lipoproteínas de alta densidade. Tem efeito significativo no metabolismo da gordura. Em 2004 um experimento de radiação nuclear descobriu que a adição de pectina de maçã à dieta diária pode eliminar significativamente as substâncias radioativas no corpo humano. 

Estudos posteriores descobriram que a pectina da maçã pode inibir a absorção de gordura, sugerindo que a mesma pode ser usada como alimento para perda de peso. E que a quercetina tem propriedades antitumorais, antibacterianas, anti-inflamatórias, antivirais e hemostáticas. Experimentos com animais mostraram que a longo prazo a ingestão de pectina de maçã pode aumentar a absorção intestinal de quercetina.

Fitoesteróis são amplamente encontrados nas raízes, caules, folhas, frutos e sementes das plantas e fazem parte da membrana da célula vegetal. O conteúdo de esteróis vegetais em sementes de maçã chega a 3,8 mg/g, constituído principalmente de ß-sitosterol, estigmasterol e campesterol, sendo este um tipo de óleo cru de alta qualidade.

Fitoesteróis têm forte efeito anti-inflamatório e serve para o tratamento de periodontite oral, úlceras de cavidade e outras doenças relacionadas. 

ß-sitosterol tem um forte efeito antiasma e pode promover a reparação da bronquite crônica. Essas substâncias podem inibir a síntese e absorção do colesterol e promover o seu metabolismo. No Japão já foi comprovado que a ingestão diária de certa dosagem de fitoesteróis tem efeito na redução do colesterol.

Os fitoesteróis também podem prevenir a aterosclerose coronariana e tratar doenças cardíacas. 

O tratamento por fitoesteróis tem efeitos benéficos preventivos contra o carcinoma espinocelular da pele (ou carcinoma de células escamosas, um câncer que se desenvolve na pele) e câncer cervical (ou colo de útero). 

Os fitoesteróis podem acelerar a taxa de cicatrização de feridas, melhorar a circulação capilar, promover a proliferação muscular e prevenir a formação de cálculos biliares. Podem ser usados para produzir vitamina D3 e drogas esteroides. Devido à alta permeabilidade na pele, os fitoesteróis podem manter a umidade da superfície da pele, manter a sensibilidade da pele e reduzir doenças de pele. 

Semelhante aos polifenóis, os fitoesteróis também têm boas propriedades antioxidantes.

Triterpenos - e especialmente triterpenos pentacíclicos - formam uma parte significativa das substâncias bioativas da maçã. Os principais componentes são ácido triterpênico, ácido ursólico, 2a-hidroxi ursan, 3ß, ácido 20ß-hidroxi ursan-28-óico, ácido oleanólico, 2a-hidroxi oleanólico, betulínico, 3-O-p-coumaroyl 3-O-p-kumaroyl torment, ou 3ß-trans-cinamoil oxi-2a-hidroxi-urs-12-en-28-óico, que é um dos principais componentes da casca da maçã.

Como os polifenóis da maçã, os triterpenos pentacíclicos exibem muitos efeitos biológicos dos quais o mais significativo é a sua citotoxicidade, o que os torna potenciais drogas de doenças tumorais. 

O ácido ursólico e particularmente o ácido 2a-hidroxi-ursólico isolado da casca da maçã inibe o crescimento de linhas de células tumorais.

Triterpenos pentacíclicos são vistos atualmente como grupos promissores de metabólitos secundários vegetais que exibem efeitos notáveis na prevenção e terapia de doenças malignas. 

Atualmente o tratamento de câncer não significa apenas eliminar as células tumorais pela indução da apoptose. Novas estratégias terapêuticas também modificam o microambiente do tumor para prevenir a angiogênese, modulação da resposta imune ou inflamação crônica, frequentemente associada ao câncer. Triterpenos do tipo oleanólico e ursólico (encontrados no tremoço, conserva consumida como aperitivo), todos ricamente representados na casca de maçã, são muito promissoras a este respeito.

Triterpenos pentacíclicos exibem outros efeitos interessantes no corpo humano. O ácido ursólico tem efeito anabólico significativo nos músculos esqueléticos, desempenhando um papel vital no processo de envelhecimento. Estudos mostraram que o ácido ursólico fortalece a neomiogênese, aumentando o número de células satélites e o desempenho dos músculos esqueléticos. É portanto candidato adequado para o tratamento de estados patológicos relacionados a atrofia dos músculos esqueléticos, esclerose lateral amiotrófica, sarcopenia e doenças metabólicas dos músculos.

 Nutrientes
Estudos científicos relatam que a maçã contém vitaminas C, E, ß-caroteno e minerais essenciais como cálcio, ferro, potássio, manganês, zinco, magnésio, cobre e enxofre. A vitamina C é um forte antioxidante e a quantidade presente em 100 g de maçã é de 5,7 mg. O teor de minerais (mg) por 100 g de maçã é K (107,25), Ca (5,80), P (10,87), Mg (5,07), Na (0,72), Fe (0,123), Zn (0,043), Cu (0,027) e Mn (0,035).

Maçãs contêm alguns hormônios endógenos essenciais das plantas como auxina, giberelina, citocinina, ácido abscísico e etileno. 

A vitamina C contida na maçã pode aumentar a imunidade humana e prevenir a anemia perniciosa. Maçã contém zinco, um elemento indispensável intimamente relacionado à memória. A deficiência de zinco causa nas crianças o mal desenvolvimento do hipocampo (estrutura do cérebro relacionado a memória e aprendizado). 

As sementes de maçã têm alto valor nutricional, sendo rico em proteína e gordura. O teor médio de gordura de diferentes variedades de sementes de maçã é de cerca de 21,98% (4,92 vezes superior ao da castanha). Já o teor médio de proteína é 38,53% (4,64 vezes superior ao da castanha). 

Os ácidos graxos predominantes nas sementes são oleico (46,5%) e linoleico (43,81%). As propriedades físicas e químicas da semente do óleo da maçã são comparáveis aos óleos comestíveis, tendo porém melhor estabilidade, uso potencial na alimentação e na indústria farmacêutica. O óleo de semente de maçã tem elevado teor de iodo e valor de saponificação e pode ser uma boa fonte de antioxidante natural. A atividade citotóxica in vitro contra linhas de células cancerosas específicas mostra seu potencial como agente anticâncer.

As maçãs podem curar diferentes enfermidades como asma, acidez, artrite, diarreia, febre, obesidade, dor de cabeça, dor de estômago, doenças de pele e problemas respiratórios.

O vinagre de maçã ajuda no tratamento da anemia pois contém ferro em uma forma bem digerível, como vitamina B12 e ácido fólico. Esse vinagre é eficaz na asma, nas pedras dos rins, artrite e doenças de pele.

 Referências

  1. Molecular Diversity Preservation International (MDPI Plants). Malus domestica: A Review on Nutritional Features, Chemical Composition, Traditional and Medicinal Value - Acesso em 10 de janeiro de 2021
  2. Novos Cadernos (NAEA, 2013): Diversidade de maçãs nas feiras de produtores de Nova Iorque - Acesso em 10 de janeiro de 2021
  3. Enciclopédia Agrícola Brasileira. Peixoto, Aristeu Mendes (coord.). Editora da Universidade de São Paulo (EDUSP). 2002.
  4. INFOESCOLA: Maçã
  5. Imagem: Jardim Botânico UTAD - Flora Digital de Portugal (Autora: Anita) - Acesso em 10 de janeiro de 2021
  6. The Plant List: Malus domestica - Acesso em 10 de janeiro de 2021

GOOGLE IMAGES de Malus domestica - Acesso em 10 de janeiro de 2021