Origem, distribuição
Ásia e Europa.
Nome em outros idiomas
- Inglês: common wormwood, green ginger
- Francês: absinthe
- Alemão: wermut
- Italiano: assenzio
- Espanhol: ajenjo
Descrição
Planta herbácea, mede de 0,40 a pouco mais de 1 m de altura, perene. Caule piloso, curto e sedoso. Folhas pecioladas, alternas, trilobadas na base da planta, com segmentos lanceolados e obtusos; nas medianas são bilobadas e as próximas das flores são de margem inteiras.
Possuem cor esverdeada na parte superior e branco-prateada na parte inferior. As sumidades floridas estão em capítulos subglobosos, amarelos, agrupados em panículas. O epiderme é formado de células sinuosas, contém estomas nas duas faces. Pêlos tectores, glândulas sésseis ou curtissimamente pedunculadas. O mesófilo é heterogêneo.
Todas as partes da planta possuem sabor muito amargo e forte aroma. Cresce espontaneamente em locais pedregosos da Europa, Ásia e norte da África. No Brasil é cultivada em hortas e jardins em locais agrestes; produz melhor em climas temperados. Tem preferência por solo argilo-arenoso, mas cresce em todos os solos desde que permeáveis. A propagação é feita por divisão de touceiras com raízes, estacas de galhos ou sementes.
As folhas devem preferencialmente ser colhidas antes da floração nas primeiras horas do dia. Em cultivos comerciais, corta-se toda a planta após dois anos.
História do absinto. Planta conhecida na Grécia antiga por celtas e árabes para tratamentos digestivos. O licor de absinto (ou "fada verde", líquido verde-esmeralda como também era conhecido) era muito apreciado por poetas e artistas como Van Gogh, Toulouse-Lautrec, Artur Rimbaud, Degas, Manet, Baudelaire, Picasso e outros. O consumo do licor de absinto está proibido na França desde 1915 e atualmente em outros países da Europa e EUA.Na Grécia Antiga esta planta era dedicada a Ártemis, deusa da fecundidade e da caça, daí a origem de seu nome científico.
Uso popular e medicinal
Seu principal componente é um óleo essencial que varia de cor verde-azulada ao amarelo-castanho composto principalmente de tujona e alfa e beta-tujona, representando uma porcentagem superior a 40% dependendo do período de colheita. Foram identificados aproximadamente 60 compostos, mono e sesquiterpenos, muitos deles oxidados. Estão presentes o linalol, 1,8-cineol, beta-bisabolol, alfa-curcumeno e espatulenol, nerol elemol.
Possui lactonas sesquiterpênicas (do tipo guaianólidos) responsáveis pelo sabor amargo que são a absintina (0,20 - 0,28%), artabsina, matricina e anabsintina.
Outros constituintes identificados são flavonoides, ácidos fenólicos (cafeico), taninos, ácidos graxos, esteróis, carotenoides e vitaminas B e C. A cor azulada indica a presença de compostos azulênicos, metilcamazuleno e outros.
O óleo essencial obtido das flores, principalmente no início da floração, contém mais tujona do que o óleo extraído das folhas.
A absintina tem propriedade amargo-estomáquica. A tujona possui ação anti-helmíntica contra Ascaris lumbricoides, efeito estimulante do coração e musculatura uterina. Possui também ação antagônica para envenenamentos por narcóticos.
As preparações administradas por via oral produzem um aumento das secreções biliares, gástricas, devido a presença das substâncias amargas. Tem ação estimulante do apetite e favorece a digestão. O óleo essencial possui propriedades carminativas, espasmolítica, antibacteriana e fúngica.
Segundo a Comissão E e ESCOP é indicada principalmente para a perda de apetite, dispepsia e distúrbios biliares, espasmos gastrointestinais e flatulência.
Um trabalho publicado sobre o óleo essencial da artemisia coletada na França e Croácia testou a atividade antimicrobiana in vitro de Candida albicans e Saccharomices cerevisae var. chevalieri [10].
Outro trabalho feito no Canadá testou na A. absinthium a propriedade acaricida do seu óleo essencial, principalmente pelo composto tujona.
Uma outra espécie (Artemisia annua) está sendo estudada por sua propriedade antimalárica.
Formas de utilização e dosagem
Utilizar na forma de infusão, tintura e extrato fluido. Decocção para uso externo em feridas, úlceras de pele e compressas.
Outros usos
É muito utilizada na preparação de aperitivos amargos.
Toxicologia
O óleo essencial puro da losna não é recomendado para uso interno. É altamente tóxico por conter tujona na sua composição. A intoxicação manifesta-se através de espasmos gastrointestinais, vômitos, retenção de urina por complicações renais severas, vertigem, tremores e convulsões. O uso prolongado do absinto (bebida alcoólica feita com a losna) produz um efeito conhecido como absintismo, que se caracteriza por transtornos nervosos, gástricos e hepáticos podendo provocar perturbações da consciência e degeneração do sistema nervoso central.
Não deve ser usada por gestantes e crianças menores. Um trabalho publicado em 2002 na Itália confirmou os efeitos neurotóxicos da tujona.
A planta não dever ser usada continuamente e sem prescrição médica.
Colaboração
- Ana Lúcia T. Lima Mota, Bióloga, São Paulo (SP). Março, 2004.
- Maria Cecília Miranda. Março, 2004.
Referências
- LORENZI,H.; MATOS,F.J. A. Plantas Medicinais no Brasil, nativas e exóticas. 2002
- PANIZZA, S. Plantas Curam. Cheiro de mato, 27a. edição.
- SOUZA, M. P. et. al. Constituintes químicos ativos de plantas medicinais brasileiras. Ed. EUFC, 1991.
- Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil ,1929.
- FitoterapiaVademecum de Prescripción – CD Rom.
- CD-Rom Plantas Medicinais UFLA.
- NETEstado. Pesquisa de artemísia está avançada. O Estado de São Paulo, 1997.
- GAMBELUINGE, C.; MELAI, P. Absinthe: enjoying a new popolary among young people?. 2002
- HOLSTEGE,C. P et. al. Absinthe: return of the Green fairy. 2002.
- JUTEAU, F. et al. Composition and antimicrobial activity of the essencial oil of Artemisia absinthium L. from Croatia and France”. 2003.
- Abdin, M.Z. et al. Artemisinin, a novel antimalarial drug: biochemical and molecular approaches for enhanced production.
- The Plant List: Artemisia absinthium - Acesso em 5 de março de 2017
- Imagem: The Poisson Diaries - Acesso em 5 de março de 2017
GOOGLE IMAGES de Artemisia absinthium - Acesso em 5 de março de 2017