Inhame, taro

Nome científico: 
Colocasia esculenta (L.) Schott
Família: 
Araceae
Sinonímia científica: 
Colocasia esculenta var. globulifera (Engl. & K.Krause) R.A.Young
Partes usadas: 
Rizoma (cormo), haste, folha.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Amido (amilase, amilopectina), vitaminas (B1, B2, B3), ácido oxálico, oxalato de cálcio, sapotoxina, antocianinas.
Propriedade terapêutica: 
Antimetastática.
Indicação terapêutica: 
Atraso no crescimento de crianças, condições gastrointestinais, alergias, dengue, zica, chicungunya, menopausa, anemia, tonificar e limpar o sangue.

 Esta espécie é considerada planta alimentícia não convencional.

Nota. Há muita confusão na literatura acerca dos termos "inhame" e "cará". Buscando uma denominação definitiva, foi aprovado no "I Simpósio Nacional sobre as Culturas do Inhame e do Cará" que a nomenclatura oficial de "inhame" (Colocasia esculenta) seja "taro" e espécies de Dioscorea (Dioscorea spp.), chamadas popularmente no norte/nordeste brasileiro de "cará" e "inhame", sejam denominadas "inhame". As espécies cultivadas de "cará" são consideradas variedades de inhame [9].

Nome em outros idiomas

  • Inglês: taro, dasheen, elephant ear, cocoyam, eddo
  • Francês: taro, colocase comestible, songe
  • Espanhol: bore, malanga, nampi
  • Alemão: taro
  • Italiano: aro d'Egitto

Origem, distribuição
Acredita-se que seja originária do Sudeste da Ásia, incluindo Índia e Malásia. 

Descrição [5,7]
É uma espécie herbácea perene, úmida, vivaz, caracterizada pelo rizoma tuberoso que forma um cormo de aspecto escamoso e de grossura variável de onde nascem em roseta, na extremidade de longos pecíolos, folhas que podem atingir 70 cm de comprimento por 60 cm de largura, de limbo cordiforme. Os pecíolos são grossos, suculentos e muitas vezes arroxeados.

A inflorescência é uma espádice cilíndrica. Os frutos são pequenas bagas uniloculares. Os cormos têm casca espessa e rugosa, de cor castanha a quase negra, sendo rodeados por um espesso revestimento fibroso, facilmente removível quando da colheita. O interior do cormo é farinhoso ganhando, quando cortado e exporto ao ar, uma cor azulada. Após a cozedura a superfície exposta ao ar enegrece rapidamente por oxidação. Quando cortado fresco exsuda uma seiva viscosa e irritante para a pele e mucosas.

Existem mais de 200 cultivares de inhame selecionados pelos seus rizomas (*) comestíveis ou pela folhagem ornamental. Esses cultivares se dividem em dois principais grupos: inhame de lodo (charco, inundado), sendo este ingrediente de um prato tradicional da Polinésia conhecido como "poi", um amido cozido pastoso feito do rizoma-mãe; e inhame de sequeiro, conhecido por "eddo" ou "eddoe", espécie com rizomas menores, são cozidos como batata ou preparados para compor outras pratos.

(*) Nota: o termo correto segundo manuais de Botânica é "cormo". Bulbos, cormos, tubérculos e rizomas são todos caules modificados e adaptados para acumular nutrientes, existindo pequenas diferenças entre eles. 

Uso popular e medicinal
Popularmente o inhame é reconhecido pela função limpadora do organismo, por tonificar e limpar o sangue. Indicado para os casos de dengue, zica, chicungunya, menopausa, anemia, para espessar cremes de frutas para crianças em substituição às farinhas comerciais.

Considerado preventivo natural contra dengue, ingerindo-o 2 a 3 vezes por semana em vez de batata. Em situações de epidemia, é suficiente comer um inhame por dia em sopa, purê, ensopadinho, pastinha com alho ou quaisquer das receitas encontradas nos sites especializados. Mesmo já estando com dengue, comer ou tomar o elixir de inhame (encontrado em casas especializadas), costuma acelerar muito a recuperação. Inhame também é importante depois da dengue, para eliminar os resíduos do sangue que tornam mais dramática a recaída [8].

As folhas jovens são ricas em vitamina C e as raízes ricas em um amido composto de amilase (28%) e amilopectina (72%). Taro contém tiamina (vitamina B1), riboflavina (vitamina B2), niacina, ácido oxálico, oxalato de cálcio e uma sapotoxina. Os tubérculos contêm aminoácidos e proteínas de alto peso molecular que inibem as enzimas "amilase salivar" e "amilase pancreática"

Os rebentos contêm as antocianinas pelargonidina 3-glucosídeo, cianidín 3-ramnosídeo e cianetação 3-glicosídeo. Amidas hidroxicinamoil foram obtidas das inflorescências e dois novos dihidroxi-esterois foram isolados dos tubérculos [10].

Os rizomas são muito ricos em amido e fibra dietética. O alimento cru contém sódio, carboidratos, fibra alimentar, açúcares, proteínas, vitaminas e minerais. Alguns estudos preliminares sugerem a utilidade do "poi" no tratamento de alergias, atraso de crescimento físico em crianças (veja quadro) e certas condições gastrointestinais. 

A fibra derivada de inhame pode absorver o agente mutagênico 1,8-dinitropireno (um carcinógeno humano).

Atraso de crescimento é uma tradução do inglês failure-to-thrive (FTT), descreve uma situação resultante do uso inadequado de calorias necessárias para demandas metabólicas e de crescimento de uma criança, manifestando-se como crescimento físico significativamente menor comparado a outras crianças de mesma idade [2,3].

Um estudo atesta pela primeira vez que um extrato cru de "poi" solúvel em água tem atividade antimetastática potente num modelo murino (roedores) de câncer de mama.

Em linhagens altamente metastáticas mostrou que o tratamento do extrato leva a ablação quase que completa de metástases num modelo de colonização pulmonar. Em um modelo clinicamente mais relevante, o tratamento do extrato foi iniciado após o estabelecimento de tumores mamários em camundongos, observando-se significativa inibição de metástases espontâneas em seus pulmões. Os autores concluem que o extrato mostrou-se eficaz tanto no modelo preventivo quanto no terapêutico [1].

Composição de alimentos por 100 g de parte comestível [4]

Inhame cru
Principais Minerais Vitaminas
Umidade % 73,3 Cálcio mg 12 Retinol µg NA
Energia 97 kcal; 405 kJ Magnésio mg 29 RE µg  
Proteína g 2,1 Manganês mg 0,15 RAE µg  
Lipídeos g 0,2 Fósforo mg 65 Tiamina mg 0,08
Colesterol mg NA Ferro mg 0,4 Riboflavina mg Tr
Carboidrato g 23,2 Sódio mg Tr Piridoxina mg 0,11
Fibra alimentar g 1,7 Potássio mg 568 Niacina mg Tr
Cinzas g 1,2 Cobre mg 0,17 Vitamina C mg 5,6
    Zinco mg 0,3    

NA: Não Aplicável - Tr: Traços

 Culinária [8]
Existem várias receitas da planta crua (consome-se a folha), em saladas e vitaminas. No vapor adquire sabor bem gostoso, também na forma de purê ou molho parecido com maionese. Na frigideira fazem o inhame sauté ou como batata frita. Outros pratos: pizza de frigideira, inhoque (feito como inhoque de batata), bolinhos de inhame, forminhas de inhame, pizza de sardinha, bolo salgado, torta em camadas, sopas de inhame com misso (tradicional alimento japonês), creme de inhame com agrião, inhame doce, torta de inhame com abacaxi, bolo doce, biscoitos e mousse de inhame com ameixa.

Outros usos
Devido a dimensão, cor e brilho das folhas é utilizada como planta ornamental de interior.

 Referências

  1. US National Library of Medicine (2013): Antimetastatic activity isolated from Colocasia esculenta - Acesso em 21 de agosto de 2016
  2. PT Slideshare (By Emily Todhunter, 2012): Failure to thrive - A case study - Acesso em 21 de agosto de 2016
  3. PT Slideshare (By Singaram_Paed, 2012): Approach to a child with failure-to-thrive - Acesso em 21 de agosto de 2016
  4. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO, 2011). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 4a ed.
  5. EMBRAPA Roraima (2011): A Cultura do taro, alternativa para o Estado de Roraima - Acesso em 21 de agosto de 2016
  6. EMBRAPA Agrobiologia (2005): Produção orgânica de inhame no sistema plantio direto - Acesso em 21 de agosto de 2016
  7. Encyclopedia of Life (EOL): Colocasia esculenta - Acesso em 21 de agosto de 2016
  8. Blog Sonia Hirsch: Inhame, inhame, taro, taro - Acesso em 21 de agosto de 2016
  9. Horticultura Brasileira (2002): Uso de nomes populares para as espécies de Araceae e Dioscoreaceae no Brasil - Acesso em 21 de agosto de 2016
  10. National Tropical Botanical Garden: Colocasia esculenta - Acesso em 21 de agosto de 2016
  11. Imagem (rizoma): Forest & Kim Starr - Acesso em 21 de agosto de 2016
  12. Imagem (folha): Wikipédia (Author: Wildfeuer) - Acesso em 21 de agosto de 2016
  13. The Plant List: Colocasia esculenta - Acesso em 21 de agosto de 2016

GOOGLE IMAGES de Colocasia esculenta - Acesso em 21 de agosto de 2016