Gervão

Nome científico: 
Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl
Família: 
Verbenaceae
Sinonímia científica: 
Abena cayennensis (Rich.) Hitchc.
Partes usadas: 
A planta toda.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Alcaloides, glicosídeos (verbenalina e verbenina), taninos, saponinas, flavonoides, esteroides, quinonas, compostos fenólicos e ácido glicogênico.
Propriedade terapêutica: 
Anti-inflamatória, analgésica, antipirética, hepatoprotetora, laxante, antimicrobiana.
Indicação terapêutica: 
Tratamento de distúrbios gástricos, lesões de pele, lesões ulceradas causadas por Leishmania.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: blue porter weed, blue rat's tail, bluetop, cayenne porterweed, false vervain, rat tail verveine
  • Francês: petite verveine-queue-de-rat; petit queue-de-rat, herbe á chenille, herbe bleue
  • Espanhol: piche de gato, rabo de zorro
  • Japonês: honagasõ

Origem, distribuição
Esta espécie é encontrada na América tropical e subtropical, do México até o Brasil.

Descrição [3]
Espécie herbácea, anual ou com ciclo mais prolongado que se desenvolve em todo o País, vegetando em áreas antropizadas. Ocorre com muita frequência em hortas domésticas e comerciais e em áreas destinadas à fruticultura.

Apresenta caule verde ou com pigmentação avermelhada, pouco ramificado, ramos novos quadrangulares, levemente achatados na região nodal. Folhas opostas cruzadas, pecioladas, pouco ásperas ao tato, limbo ovalado de base atenuada com ápice agudo ou obtuso, margem percorrida totalmente ou apenas da porção mediana em direção ao ápice por ondulações, ou então margem serreada.

Inflorescência terminal do tipo espiga cilíndrico-linear, constituída por numerosas flores desprovidas de pedúnculos. Flores com cálice de 5 sépalas soldadas, corola lilacina ou azulada com 5 pétalas soldadas, formando um tubo curto, estreito e ligeiramente curvo. 

Androceu com 4 estames, sendo 2 férteis e 2 não férteis, e gineceu gamocarpelar com ovário oblongo. Fruto seco do tipo carcerulídeo. 

Propaga-se por meio de sementes. Considerada planta apícola.

Uso popular e medicinal
Um trabalho científico conclui que o extrato hidroalcoólico de S. cayennensis inibe formas promastigotas de Leishmania in vitroo que pode justificar, pelo menos parcialmente, o uso popular dessa espécie no tratamento de úlceras causadas por Leishmania. 

Leishmanioses são doenças endêmicas causadas por protozoários do gênero Leishmania ocorrendo em várias partes do mundo, ocasionando um elevado índice de morbidade e mortalidade. O tratamento é feito à base de quimioterápicos de alto custo, usados por via parenteral, requerendo um período de administração prolongado, causando efeitos adversos como alterações cardíacas, renais, pancreáticas e hepáticas.

Os pesquisadores observam que o uso de plantas no tratamento da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma prática antiga entre as populações das áreas endêmicas. O estudo foi realizado no município de Buriticupu (Amazônia do Maranhão), Brasil, área endêmica para LTA e demonstrou que dentre as preparações vegetais utilizadas pela população no tratamento das úlceras causadas por Leishmania sp, uma das mais citadas foi o extrato de folhas de Stachytarpheta cayennensis.

Esta espécie tem sido utilizada na medicina tradicional como anti-inflamatória, analgésica, antipirética, hepatoprotetora, laxante e no tratamento de distúrbios gástricos. A aplicação de folhas e raízes trituradas também é usada no tratamento de lesões de pele, inclusive em lesões ulceradas causadas por Leishmania sp.

Alguns dos efeitos preconizados pela população já foram demonstrados experimentalmente como a atividade anti-inflamatória, analgésica, gastroprotetora e antimicrobiana. Em sua composição química apresenta alcaloides, glicosídeos (verbenalina e verbenina), taninos, saponinas, flavonoides, esteroides, quinonas, compostos fenólicos e ácido glicogênico, sendo que alguns destes constituintes químicos também estão contidos em várias espécies vegetais com efeitos leishmanicidas [1].

Na medicina popular brasileira espécies de gervão (S. cayennensis, S. jamaicensisajudam a estimular a digestão, suprimir a tosse, baixar a febre, expulsar vermes, aumentar a transpiração e promover a menstruação. O remédio natural é a infusão preparada com as folhas ou partes aéreas inteiras. É empregado por herbalistas e profissionais também como um tônico estomacal, para estimular a função do trato gastrointestinal, dispepsia, alergias, asma, febre e problemas hepáticos crônicos. 

Gervão serve também como um diurético para várias queixas urinárias e como laxante suave para a constipação. Externamente serve para limpar úlceras, cortes e feridas. Na fitoterapia cubana (onde a planta é chamada Verbena cimarrona) é considerada abortiva, laxante, diurética e sedativa, indicada para reduzir espasmos, deprimir o sistema nervoso central, promover a menstruação, ajudar a produção de leite e reduzir a pressão sanguínea [2].

 Dosagem indicada [2]

  • Infusão das folhas: 1/2 xícara, 2 vezes ao dia.
  • Tintura: 2 a 3 ml, 2 vezes ao dia.
  • Cápsulas: 1-2 g, 2 vezes ao dia.

 Referências

  1. Revista Brasileira de Farmacognosia (2007): Efeito leishmanicida in vitro de Stachytarpheta cayennensis - Acesso em 2 de março de 2016
  2. Tropical Plant Database (2012): Gervão - Stachytarpheta sp - Acesso em 2 de março de 2012
  3. MOREIRA, H. J. C.; BRAGANÇA, H. B. N. Manual de Identificação de Plantas Infestantes. FMC Agricultural Products, São Paulo, 2011.
  4. Imagem: Martha Batista de Lima, Pedagoga e Terapêuta Naturalista, Florianópolis (SC).
  5. The Plant List: Stachytarpheta cayennensis - Acesso em 2 de marco de 2016

GOOGLE IMAGES de Stachytarpheta cayennensis - Acesso em 2 de março de 2016