Planta alimentícia não convencional.
Nome em outros idiomas
- Inglês: ground cherry, gooseberry, hogweed, balloon cherry, angular winter cherry, cut-leaf ground cherry
- Francês: coqueret, coqueret anguleux
Origem, distribuição
Nativa da América tropical, distribui-se pantropicalmente como erva daninha. Ocorre em todo o território brasileiro, com alta concentração na Amazônia.
Descrição [1]
Herbácea anual, ereta, ramificada, atinge de 35 a 55 cm de altura. Folhas simples, pecioladas. Flores solitárias, amarelas, axilares. O fruto é uma baga globosa, liso, de cor amarela, polpa suculenta e sabor doce, envolvo em um cálice (vídeo). Propaga-se por sementes.
Outras espécies de Physalis estão aqui:
Uso popular e medicinal
As folhas são analgésicas e utilizadas externamente na África tropical para tratar doenças da pele tais como coceira, pústulas (ou nódulos) de varíola, abscessos em tecidos próximos às unhas dos pés, infecções em cicatrizações de ferimentos, dor reumática e aliviar a rigidez muscular.
Na Guiné as folhas são aplicadas para matar vermes e facilitar a sua extração. Na Costa do Marfim a "doença do sono", conhecida cientificamente por Tripanossomíase africana (doença parasitária transmitida por um vetor), é tratada com uma mistura de folhas de Physalis angulata e Anchomanes difformis (uma planta comum na África Tropical Ocidental).
Uma loção preparada com as folhas é aplicada para tratar a oftalmia em crianças. As folhas são comidas ou aplicadas como um enema para curar dor de estômago, cólicas, litíase e anúria. Adicionada ao vinho de palma, é indicada para curar a febre e acalmar ataques de asma, vômitos e diarreia.
Na América Central e América do Sul P. angulata é amplamente utilizada no tratamento da malária, dor de dente, doenças do fígado incluindo hepatite, reumatismo. É considerada diurética e relaxante. Infusões de plantas são tomadas para tratar gonorreia, indigestão, nefrite e febre.
No Sudeste Asiático a infusão das partes aéreas (incluindo os frutos) serve para curar problemas digestivos e intestinais e externamente para tratar problemas de pele tais como feridas, furúnculos e cortes.
Em Papua Nova Guiné, ingere-se uma decocção das folhas para tratar a constipação. A seiva das folhas misturada na água é tomada como abortiva, embora menciona-se também o uso das folhas para tratar a esterilidade.
As partes aéreas de P. angulata contêm várias lactonas esteroidais dos tipos fisalina e witanolida: fisalinas A-I, fisalinas A-G, witangulatina A e witanolida T [3].
Há relatos de que as fisalinas isoladas das hastes e folhas têm atividade antimalárica, anti-inflamatória e leishmanicida. E compostos witanolidas apresentam atividades anticancerígena, anticonvulsivante, imunossupressora e propriedade antioxidante [4].
No Brasil, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), uma fabricante de matérias-primas relata que o extrato concentrado do vegetal mostrou ação anti-inflamatória equivalente à da hidrocortisona, mas sem os efeitos adversos desta. Assim, a planta tem potencial para se tornar aliada de pessoas com pele sensível ou intolerante a cosméticos, que podem desenvolver dermatites.
Na tentativa de obter uma matéria-prima pura e com concentração até 10 mil vezes maior de substâncias ativas, a empresa recorreu a um método pouco comum no meio cosmético: a extração com dióxido de carbono (CO2) supercrítico. O trabalho identificou a presença de outras substâncias principalmente fitoesterois e flavonoides.
Como resultado dois tipos de extrato de P. angulata, superconcentrado e hidroglicólico, foram lançados no mercado. O primeiro ganhou o nome de Physavie e o segundo EcoPhysalis. Tais produtos são considerados de primeira linha pela indústria cosmética. Resolver o problema de quem tem pele sensível em menos tempo, com menor quantidade e sem o risco de efeitos colaterais causados pelos extratos comuns contendo solventes, são os principais benefícios ressaltados pela fabricante [2].
Culinária [1]
Na África tropical a fruta é consumida como lanche (refeição leve) e as folhas (de gosto amargo) são servidas como salada.
No Brasil incentiva-se o consumo da fruta na forma de suco, licor e geleia; e as folhas em sopas e refogados.
Receita - Folhas refogadas
- Colete folhas e brotos terminais bem jovens e viçosos, preferencialmente antes de florescer. Faça o branqueamento. Doure alho, sal, orégano e outros temperos que desejar.
- Incorpore as folhas e refogue. Sirva quente, puro ou acompanhado de carnes cozidas ou assadas. Se quiser agregue farinha torrada e faça uma farofa nutritiva. É levemente amarga, como algums hortaliças japonesas.
Valor nutricional do fruto maduro com sementes em base seca (%) [1]
Proteína | Ca | Mg | Mn | P | Fe | Na | K | Cu | Zn | S | B |
6,9 | 0,03 | 0,19 | 0,0011 | 0,37 | 0,002 | 0,0314 | 2,3 | 0,0006 | 0,0015 | 0,14 | 0,0013 |
Dedicado a Gustavo Cota Silva, Cachoeira Moinho, Carrancas (MG), 2016.
Referências
- KINUPP, V. F; LORENZI, H. Plantas alimentícias não convencionias no Brasil. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa (SP), 2014.
- Agência FAPESP (2012): Planta tem ação anti-inflamatória em peles sensíveis - Acesso em 1º de janeiro de 2017
- Plant Resources of Tropical Africa (PROTA4U): Physalis angulata - Acesso em 1º de janeiro de 2017
- Universidad Científica del Perú (2012): Principios activos y actividades biológicas de especies vegetales amazónicas - Acesso em 1º de janeiro de 2017
- Imagem: Wikimedia Commons (Author: W. A. Djatmiko) - Acesso em 1º de janeiro de 2017
- The Plant List: Physalis angulata - Acesso em 1º de janeiro de 2017
GOOGLE IMAGES de Physalis angulata - Acesso em 1º de janeiro de 2017