Fava-d'anta, faveira

Nome científico: 
Dimorphandra mollis Benth.
Família: 
Leguminosae
Sinonímia científica: 
Não há segundo o sistema APG III.
Partes usadas: 
Entrecasca, fruto.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Bioflavonoides rutina e quercetina.
Propriedade terapêutica: 
Cicatrizante, antioxidante
Indicação terapêutica: 
Hemorroidas, varizes, hematomas, problemas de circulação, acne.

Origem, distribuição [3]
Espécie endêmica em áreas de cerrado do Brasil central, ocorrendo nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. É encontrada em formações vegetais primárias e secundárias, sobre solos pobres e degradados.

Descrição [1,2]
Árvore atinge de 4 a 10 m de altura, perenifólia, casca grossa, caule retorcido e galhos que se quebram facilmente. Tem flores pequenas de cor amarelo-clara, polinizadas por abelhas e vespas. 

Reconhecida pela inflorescência em candelabro. Floresce de novembro a abril, vagem ereta, demora meses para amadurecer. 

O fruto é um legume achatado, verde e fino quando imaturo, vai encorpando e amarelando à medida que amadurece, tornando-se amarelo e por fim marrom-escuro a quase negro quando totalmente maduro. Os frutos têm odor forte e adocicado e contém em média 15 sementes.

No Brasil, o pantaneiro diz que a anta come a vagem, daí vem o nome vulgar. Frutos e sementes das favas são também consumidos por arara, tucano, veado, cotia, diversos outros roedores, mamíferos e insetos. As sementes são tóxicas para o gado bovino.

Uso popular e medicinal
A fava d’anta é usada há muito tempo por extrativistas na medicina caseira e alimentação humana e animal. Os frutos são adocicados e nutritivos e são comumente oferecidos para alimentação do gado. Uma bebida conhecida como “suco de favela” - favas verdes colocadas de molho na água - é saborosa e tida como nutritiva e medicinal.

A infusão do fruto verde serve como anti-hemorrágico e para tratamento de hemorroidas, varizes e hematomas. Da entrecasca curtida em água fria produz-se um chá usado externamente como cicatrizante e outras finalidades.

Há tempo as propriedades das favas têm despertado interesse de empresas de produtos cosméticos e farmacêuticos devido a presença de bioflavonoides dos quais se destacam a rutina e a quercetina. A rutina desponta como uma das substâncias mais promissoras na produção de cosméticos e fármacos, que é também sintetizado por outras plantas, mas que na fava-d’anta ocorre em quantidade muito elevada. 

Medicamentos a base de rutina atuam no tratamento de varizes, hemorroidas, problemas de circulação, acne; atuam como antioxidante no combate a radicais livres, envelhecimento e doenças degenerativas.

A fava d’anta também é utilizada na indústria alimentícia como aromatizante, espessante e estabilizante [2].

Os frutos de D. mollis apresentam alta concentração de rutina (8 g de rutina por 100 g de pericarpo). Esse glicosídeo tem importância terapêutica especialmente na normalização da resistência e permeabilidade das paredes dos vasos capilares, podendo atingir preços razoáveis no mercado internacional [3]

 Dedicado a Ernesto Pedro Dickfeldt (Porto Ferreira, SP).

 Referências

  1. POTT, A.; POTT, V. J. Plantas do Pantanal. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Pantanal, Corumbá (MS), 1994.
  2. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) e EMBRAPA - Recursos Genéticos e Biotecnologia: Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável da fava-d'anta - Acesso em 13 de agosto de 2017
  3. Acta Botanica Brasilica (2011): A qualidade do solo afeta a germinação das sementes e o desenvolvimento das plântulas de Dimorphandra mollis - Acesso em 13 de agosto de 2017
  4. Imagem: Wikimedia Commons (Author: Denis A. C. Conrado) - Acesso em 13 de agosto de 2017
  5. Mais imagens de Dimorphandra mollis: Useful Tropical Plants - Acesso em 13 de agosto de 2017
  6. The Plant List: Dimorphandra mollis - Acesso em 13 de agosto de 2017

GOOGLE IMAGES de Dimorphandra mollis - Acesso em 13 de agosto de 2017