Cereja-do-rio-grande

Nome científico: 
Eugenia involucrata DC.
Família: 
Myrtaceae
Sinonímia científica: 
Phyllocalyx involucratus (DC.) O.Berg
Partes usadas: 
Semente, fruto,
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Açúcar, vitaminas, minerais, fibras dietéticas, diferentes fitoquímicos.
Propriedade terapêutica: 
Gastroprotetor, antidiarreica, digestiva, antioxidante, anti-inflamatória, antialérgica.
Indicação terapêutica: 
Desordem gástrica, diarreia, úlcera, inflamações, prevenção de doenças crônicas (diabetes, estresse oxidativo, osteoporose).

Origem, distribuição
Endêmica da Mata Atlântica (Brasil).

Nome em outros idiomas

  • Inglês: Cherry of the Rio Grande

Descrição [5]
Espécie arbórea, perene, atinge altura próxima a 15 m.

Tronco reto, ramificação cimosa, casca com até 5 mm de espessura. Folhas simples, filotaxia oposta. Flores hermafroditas, vistosas, melíferas. Os frutos são bagas piriformes, lisas, glabras, de coloração verde quando imaturo, tornando-se vermelho e cor-de-vinho tinto quando maduro, medindo de 1,3 cm a 2,3 cm de comprimento. 

Os frutos proporcionam alimentação para animais domésticos, principalmente suínos. São próprios para o consumo humano. De coloração esverdeada, a polpa é suculenta e agridoce. São consumidas in natura ou como ingrediente em receitas de doces, geléias e licores.

A madeira tem cor branco-pardacenta, é compacta, elástica, muito resistente e de boa durabilidade. Produz lenha e carvão de excelente qualidade. Em São Leopoldo (RS) esta árvore é por Lei monumento municipal e patrimônio público.

Essa frutífera não deve ser confundida com a cerejeira-americana (Prunus americana) e as japonesas (Prunus campanulata e Prunus serrulata), ambas da família Rosaceae, nem com a cerejeira do Norte do Brasil (Amburana acreana, Leguminosae), uma espécie madeireira.

Uso popular e medicinal
Uma dissertação de mestrado avaliou o potencial gastroprotetor e antiúlcera das sementes de E. involucrata em roedores. O trabalho destacou que o fruto já é conhecido por possuir atividade antidiarreica e digestiva. A autora relata que esta espécie é rica em açúcar, vitaminas, minerais, fibras dietéticas e diferentes fitoquímicos como flavonoides, polifenois, carotenoides e terpenos que representam compostos bioativos de potente atividade antioxidante. 

Ela conclue que o extrato bruto metanólico das sementes apresenta atividade gastroprotetora frente aos dois agressores estudados: etanol e indometacina. E sugere a utilização da espécie no tratamento de desordens gástricas, pois considera que tais patologias são relacionadas com estresse oxidativo [4].

Uma tese de doutorado abordou o estudo químico e avaliação das atividades biológicas dos extratos de folhas e frutos de E. brasiliensis (grumixama) e E. involucrata (cereja-do-rio-grande). A autora relata que essas espécies são usadas na medicina popular para tratamento de inflamações e que o extrato das folhas de E. involucrata é rico em compostos fenólicos e flavonoides, possuem atividade anti-inflamatória e antialérgica. O óleo essencial das folhas possui como constituinte químico majoritário viridifloreno, enquanto o óleo essencial dos frutos tem o ß-cariofileno majoritariamente.

O trabalho identificou 19 antocianinas nos frutos de E. brasiliensis e E. involucrata. E nas infusões de ambas as espécies as seguintes substâncias: ácido gálico, ácido cafeico, ácido quínico, [epi]catequina, [epi]galocatequina, ácido cafeoil-O-glicosídeo, quercetina-3-O-ramnosídeo, [epi]afzelequina-[epi]catequina, [epi]galocatequina-[epi]catequina e [epi]galocatequina-[epi]galocatequina [3].

Pesquisadores da USP/ESALQ em parceria com a FOP/UNICAMP e Universidade de La Frontera (Chile) constataram que espécies nativas da Mata Atlântica, dentre as quais a cereja-do-rio-grande, têm alto poder anti-inflamatório e antioxidante demonstrados in vivoA prevenção de doenças crônicas como o diabetes, o estresse oxidativo e a osteoporose, é constantemente associada ao consumo de alimentos ricos em atividade antioxidante de metabólitos secundários dos vegetais, principalmente os fenólicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo regular de frutas como elemento altamente benéfico para se evitar essas doenças [1,2].

 Referências
  1. Agência FAPESP (2017): Frutas pouco conhecidas têm alto poder anti-inflamatório e antioxidante - Acesso em 5 de novembro de 2017
  2. Jornal da Unicamp (2017): Estudos atestam potencial bioativo de frutas nativas - Acesso em 5 de novembro de 2017
  3. Universidade Estadual Paulista (UNESP, 2014): Estudo químico e avaliação da atividade biológica de Eugenia brasiliensis e Eugenia involucrata - Acesso em 5 de novembro de 2017
  4. Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI, 2013): Avaliação do potencial gastroprotetor e antiúlcera das sementes da Eugenia involucrata e Artocarpus heterophyllus em roedores - Acesso em 5 de novembro de 2017
  5. EMBRAPA Florestas (Comunicado Técnico, 2009): Cerejeira Eugenia involucrata - Acesso em 5 de novembro de 2017
  6. Imagem: Flora Digital (Autores: Sérgio Bordignon, João Carlos Reginato) - Acesso em 5 de novembro de 2017
  7. The Plant List: Eugenia involucrata - Acesso em 5 de novembro de 2017

GOOGLE IMAGES de Eugenia involucrata - Acesso em 5 de novembro de 2017