Capiá, carapiá

Nome científico: 
Dorstenia brasiliensis Lam.
Família: 
Moraceae
Sinonímia científica: 
Dorstenia amazonica Carauta, C.Valente & O.M.Barth
Partes usadas: 
A planta toda.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Flavonoides, alcaloides, cumarinas, saponinas, esteróis, taninos, triterpenoides, ácido dorstênico, benzofurano, bergapteno, cajupina, contraervina, dorestenina, furocumarinas etc.
Propriedade terapêutica: 
Antisséptico, estimulante, diaforético, tônico, diurético, emenagogo, antimalárico, anti-inflamatório, analgésico, antipirético, abortivo, refrescante.
Indicação terapêutica: 
Picada de cobra, osso fraturado, febre, diarreia, disenteria, problemas de pele, dor de ouvido, anemia, problemas menstrual e respiratório, pressão alta, cistite, malária etc.

Nome em outros idiomas

  • Espanhol: contrayerva, contrayerba de las Antillas, taropé (Paraguai)

Origem, distribuição

Nativa das regiões tropicais da América do Sul. É encontrada no Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Guianas. Cresce selvagem em toda a floresta amazônica.

Descrição

D. brasiliensis é uma pequena erva, cresce a menos de 15 cm de altura. Produz um rizoma cilíndrico marrom-avermelhado com 2-4 cm de comprimento e cerca de 1 cm de espessura com muitas raízes pequenas. Tem folhas com veios distintos e pequenas flores em forma de cesto.

O nome em espanhol "contrayerva" significa contraveneno ou antídoto, pois é um antídoto antigo para mordida de cobra.

Uso popular e medicinal

Fortemente aromático, o rizoma é considerado nos sistemas de fitoterapia um estimulante suave e diaforético (aumenta ou promove a transpiração). Tribos indígenas na Amazônia esmagam o rizoma fresco e o aplicam em picadas de cobra e insetos venenosos. Usam como cataplasma em ossos quebrados (daí vem o nome liga-liga, liga-osso). Costumam também tomar internamente o rizoma fresco triturado para o tratamento de picadas de cobra.

Na fitoterapia brasileira, o rizoma é considerado antisséptico, estimulante, diaforético, tônico, diurético, emenagogo (promove a menstruação) e antimalárico. É empregado no Brasil como remédio herbal para febre, diarreia e disenteria, problemas de pele, dor e infecção de ouvido, anemia, problemas menstruais, pressão alta, cistite, malária, problemas respiratórios superiores e distúrbios digestivos. Pesquisadores brasileiros documentaram o efeito anti-inflamatório e analgésico da raiz em estudos com animais (1991).

A raiz é fonte rica de flavonoides (flavanonas, flavonas, flavanas, flavonóis, chalconas). Contém alcaloides, cumarinas, saponinas, esteróis e taninos. Dois triterpenoides do tipo seco-adianano chamados ácido dorstênico A e B foram encontrados na raiz e documentados com citotoxicidade moderada contra células de leucemia (L-1210 e HL-60) por pesquisadores japoneses (2002).

Os compostos isolados incluem benzofurano, bergapteno, cajupina, contraervina, ácidos dorstênicos, dorestenina, furocumarinas (ou furanocumarinas), psoraleno, secropina e estireno [2,3].

No Paraguai se aplicam a folha como antipirético, diurético, emenagogo, controle da fertilidade e abortivo; e a planta inteira como refrescante, para a purificação de sangue e como antirreumático. A raíz serve como remédio quente e abortivo. Costumam cultivar nas casas como planta mágica para eliminar a má sorte. Uma comunidades indígena do Chaco paraguaio emprega a planta inteira contra dor de garganta e como refrescante. Músisos costumam usar as raízes em festas tradicionais para não ter afonia ou dor de garganta.

Na Argentina o látex das folhas e a raiz são utilizados como antídoto para mordida de cobras. A raiz é usada como um tônico, estimulante, sudorífico, diurético, emético, diaforético, contra a disenteria e para facilitar a menstruação. As folhas são utilizadas como febrífugo, emenagogo, dispéptico e abortivo. Colocadas na água para o chá mate, as folhas têm a reputação de remédio suave. A raiz, cozida com grãos de anis, é utilizada para preparar uma bebida aperitiva. Para o estômago e fígado, aconselham beber a decocção da planta inteira em 1/2 litro de água.

 Referências

  1. Journal of Pharmacy & Pharmacognosy Research (2019). Dorstenia brasiliensis: caracterización morfoanatómica de una especie polimórfica, empleada con fines medicinales en Paraguay 
  2. The Tropical Plant Database: contrayerva - Acesso em 3 de maio de 2020
  3. Tropical Plants Database, Ken Fern: Dorstenia brasiliensis - Acesso em 3 de maio de 2020
  4. Image: Wikimedia Commons (Author: Winfried Bruenken) - Acesso em 3 de maio de 2020
  5. The Plant List: Dorstenia brasiliensis - Acesso em 3 de maio de 2020

GOOGLE IMAGES de Dorstenia brasiliensis - Acesso em 3 de maio de 2020