Nome em outros idiomas
- Inglês: sugar-cane
- Alemão: rohrzucker
- Francês: canne à sucre
- Espanhol: caña de azúcar
Origem, distribuição
Ásia, provavelmente Índia ou Polinésia.
Uso popular e medicinal
É um alimento nutritivo e do qual não se perde partícula nenhuma. Retardante da fadiga e poderosa fonte de energia, queimando-se parcialmente no sangue, mantendo sempre a tensão muscular, sendo que os músculos em ação rejeitam qualquer outro alimento, dando-lhe preferência, mas não basta à alimentação humana por faltar-lhe o nitrogênio.
Substância que excita a secreção das glândulas salivares e a atividade do estômago, todavia sua exagerada ingestão pode ter sérias consequências, tais como a constipação do ventre, afecções da gengiva, a corrosão dos dentes, a ulceração da boca, assim como os embaraços gástricos e uma superssecreção do ácido úrico.
Na Região Amazônica o suco do colmo da planta, 2 vezes ao dia, é utilizado para aumentar a lactação e tratar a insônia.
Na região da Mata Atlântica a infusão das folhas é usada como antidiurético, ao passo que decocção das raízes é amplamente usada como diurético e contra hipotensão.
A decocção dos bulbos é usada contra distúrbios dos rins e para expulsão de parasitas intestinais.
A espécie é útil internamente contra resfriados e anginas e externamente contra úlceras da córnea, rachas dos seios, aftas, envenenamento com arsênico, chumbo e cobre, além do açúcar servir para combate à pneumonia, tuberculose, escarlatina, erisipela, cólera, febre e vômitos da gravidez.
Muito utilizado na indústria farmacêutica, o açúcar corrige e mascara o sabor desagradável de certos medicamentos administrados em forma de xarope, elixir, pastilha etc..
O xarope mais simples se prepara somente com água e açúcar. Sua simplicidade se supera quando se usa água destilada. Se nesta água se encontram dissolvidas substâncias adequadas, resultam os xaropes medicinais. No lugar da água, pode-se preparar também com infusões e cozimentos de plantas ou com suco de ervas e frutos. Neste caso o açúcar atua como conservante e evita que entrem em fermentação e se decomponham.
Princípios ativos
Do extrato das raízes foi isolado o éter glicosideo aromático vaniloil-1-O-beta-glucosideo acetato e o policosanol, um álcool alifático com alto peso molecular, capaz de diminuir os índices de colesterol em voluntários hipercolesterolêmicos.
O policosanol foi capaz de prevenir as lesões espontâneas ateroscleróticas e na isquemia cerebral em animais. O efeito antioxidante do policosanol foi observado sobre a peroxidação lipídica de membrana de fígado.
Além de hipocolesterolêmico, é antiplaquetário e não apresentou efeito tóxico.
Dosagem indicada
Aumentar a lactação, tratar insônia. O suco do colmo da planta, duas vezes ao dia.
Diurético, hipotensor. Decocção de suas raízes.
Anti-diurético. Infusão das folhas
Distúrbios dos rins e combater parasitas. Decocção dos bulbos.
Um pouco de história
Os mais antigos livros sagrados dos Hindus já associam a planta à mitologia. Pode-se considerar sua introdução na China como relativamente recente, talvez pouco antes da era cristã.
Quanto a expansão da planta e seus produtos para o Ocidente, dados históricos permitem estabelecê-la no século IV aC quando Alexandre, o Grande, regressou da Índia.
Sabe-se que no século VIII da nossa era quase todas as terras férteis do Egito estavam ocupadas pela cultura da cana. Conquistando a Espanha, os mouros aí introduziram a cultura da cana.
Na Idade Média a maior parte do açúcar era consumido na Europa vinda do Oriente, sendo Veneza a monopolizadora desse comércio. Devido a guerra contra os turcos, deu-se a extinção deste famoso mercado anos antes do descobrimento do caminho marítimo para a Índia.
Tendo os portugueses implantado a cultura da cana na ilha da Madeira em 1420 e os espanhóis também nesta época no arquipélago das Canárias, obteve-se em breve prazo a popularização do açúcar, tornando-o acessível para as classes mais pobres, pois até então o produto era limitado aos hospitais, às casas dos ricos e aos boticários.
A descoberta da América, particularmente Brasil, consolidou a conquista se considerarmos o formidável consumo atual do produto.
Certamente há no comércio açúcares provenientes de outras plantas e os quais são quotidianamente consumidos em extensas zonas, destacando-se entre eles o da beterraba, cuja produção também é enorme. Mas o açúcar de cana excede ainda em quantidade a todos os demais reunidos.
Os primeiros exemplares que chegaram ao Brasil vieram da ilha da Madeira em 1502. De lá mesmo vieram outros remetidos por Martim Afonso de Souza para a sua capitania de São Vicente (atual Estado de São Paulo), de onde foi prontamente disseminada por todo o litoral do país a tal ponto que, poucos anos mais tarde (1550), existiam numerosos engenhos que fabricavam açúcar superior ao da Índia, sendo este desenvolvimento industrial fortemente impulsionado pelos alvarás de 1559 e 1560, que isentaram os direitos a respectiva exportação.
As plantações de cana nos Estados do Nordeste tornaram-se as mais importantes do país. Em 1526 Pernambuco já exportava açúcar para Lisboa.
Em meados do século XVII o Brasil havia se tornado o principal centro de produção de açúcar, porém a situação não se manteve, pois ano a ano a produção foi sendo reduzida devido a concorrência de numerosas outras colônias, causando demasiado barateamento de preços na Europa.
Ao cabo de 250 anos de cultura intensa, foi reconhecida a necessidade do melhoramento dos nossos canaviais, replantando-os com as variedades exóticas então mais reputadas. É assim que a primitiva cana, que ficou sendo chamada "crioula" ou "mirim", foi pouco a pouco substituída pela "cayenna" ou "bourbon".
Culinária
Pé-de-moleque pantaneiro (foto) Ingredientes
Preparo Partir as rapaduras em pedaços e derreter na água quente. Levar ao fogo e deixar ferver até o ponto de bala. Juntar o amendoim torrado, reservando 1 xícara de amendoim inteiro. Colocar o gengibre e os cravos. Quando estiver engrossando, retirar do fogo e bater até começar a açucarar. Despejar numa tábua polvilhada com farinha de mandioca, salpicar os amendoins descascados sobre a massa. Cortar em losangos ou quadradinhos e servir. |
Pudim natural de leite
Ingredientes
- 8 copos de leite (médio)
- 8 ovos
- 1 xícara de açúcar
- 1 colher de baunilha
Preparo
Bater tudo no liquidificador e despejar em forma própria para pudim, previamente preparada com calda caramelizada. Assar em banho-maria ou micro-ondas até que o palito espetado no pudim saia limpo.
Essa receita é boa para quem quer reduzir a quantidade de açúcar, o que não se consegue com leite condensado. Você usa quanto quiser de açúcar e fica uma delícia. Se o leite for orgânico e os ovos caipiras, então a coisa fica bem boa mesmo.
Balas de banana
Ingredientes
- 8 bananas nanicas (caturra) maduras amassadas
- 16 colheres (sopa) de açúcar
- 1 colher de manteiga
- 1 colher de chocolate em pó
Preparo
Esta é uma receita de doce para as crianças. Leve tudo ao fogo baixo até dar o ponto, que é uma massa firme, porém macia. Despejar tudo em uma superfície untada com manteiga e por fim cortar os pedaços e passar no açúcar refinado.
Balas de goma
Ingredientes
- 1,2 kg de batata doce
- 1 kg de açúcar
- 2 pacotes de gelatina com sabor
- 1 pacote de gelatina sem sabor
- 1 vidro de leite de coco
Preparo
Leve ao fogo por 30 minutos ou até que fique no ponto, que é uma massa firme porém macia. Despeje em forma untada e corte em pedacinhos, passando pelo açúcar refinado para dar o acabamento.
Furrundu do Pantanal (foto)
Ingredientes
Preparo Ralar o pedaço de tronco do mamoeiro, lavar bem até tirar o leite. Levar ao fogo com a rapadura, gengibre, cravo e canela. Cozinhar até ficar no ponto de colher ou tabletes, tendo o cuidado de mexer sempre para não pregar. |
Outros usos
Notável agente de conservação da carne e do peixe e, no estado de solução concentrada, de doces, compotas, geléias, xaropes e medicamentos.
Além de fornecer a garapa, o álcool, a cachaça, o açúcar mascavo, a cana-de-açúcar nos fornece também o tão usado açúcar refinado utilizado em grande quantidade na indústria alimentícia.
Desde longos anos se procura transformar a garapa, devidamente fermentada, em vinho branco porém difícil é excluir por completo o aroma e o sabor característicos da cana, pois enquanto estes persistirem, não será um vinho perfeito.
O bagaço da cana é largamente empregado como combustível, além de ser rica fonte de celulose.
Referências
- CORRÊA, M. P. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro, 1991.
- STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas Medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. Editora UNESP, São Paulo, 2a ed. 1989.
- GRAF, A. B. Tropica - Color cyclopedia of exotic plants and trees. Roehrs Company, N.J. (USA), 4a ed. 1992.
- QUER, P. F. Plantas Medicinales - El Dioscórides Renovado. Editorial Labor, Barcelona (Espanha), 1993.
- The Plant List: Saccharum officinarum - Acesso em 30 de agosto de 2015
GOOGLE IMAGES de Saccharum officinarum - Acesso em 30 de agosto de 2015