Aroeira-do-sertão

Nome científico: 
Myracrodruon urundeuva Allemão
Família: 
Anacardiaceae
Sinonímia científica: 
Não há segundo o sistema de classificação APG III.
Partes usadas: 
Tronco, casca, resina, folha, flor, semente.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Fenóis, taninos.
Propriedade terapêutica: 
Adstringente, balsâmica, analgésica, cicatrizante, anti-inflamatória, antibacteriana, hemostática.
Indicação terapêutica: 
Inflamação de garganta, gengiva, pele, enfermidades genitais e urinárias, vias respiratórias, gastrite, úlcera estomacal, resfriado, diarreia, reumatismo, regulação do ciclo menstrual.

Origem, distribuição

Espécie nativa mas não endêmica do Brasil. Ampla distribuição na Caatinga, ocorre no Cerrado e Mata Atlântica.

Descrição [1]

Árvore com altura entre 8-20m, podendo chegar a 30 m, decídua. Caule geralmente ereto, diâmetro superior a 30cm e casca castanho-escura. Folhas compostas, imparipinadas, com 11 a 15 folíolos. Inflorescências em panículas com 10 a 18 cm de comprimento, brácteas e bractéolas deltoides, escariosas, ciliadas, caducas. Espécie dióica.

As flores são díclinas, pentâmeras actinomorfas de coloração creme e aromática.

Fruto do tipo drupa globosa ou ovoide, com cálice persistente, considerado um fruto-semente com 0,2 a 0,4 cm de diâmetro, desprovida de endosperma, com epicarpo castanho-escuro, mesocarpo castanho, carnoso, resinífero e tegumento membranáceo.

De ótima qualidade, a madeira é explorada economicamente. Muito boa para carvão e lenha, é considerada praticamente imputrescível pois apresenta permeabilidade extremamente baixa. Textura lisa, brilhante e compacta, dura e difícil de ser trabalhada porém de fácil polimento. Resistente a compressão, flexão, atrito e ação de microorganismos, insetos, umidade, produtos químicos, erosão, fogo e intempéries climáticas.

Folhas são alimento para gado. Espécie melífera, indicada na urbanização urbana pelo modelo arquitetural e recuperação de áreas degradadas.

Uso popular e medicinal [1,2]

Cascas e resinas são ricas em fenóis e taninos, sendo amplamente utilizadas na medicina tradicional como adstringente, balsâmica, analgésica, cicatrizante, anti-inflamatória, antibacteriana e hemostática. É empregada no tratamento de inflamação de garganta, gengiva, pele, enfermidades genitais e urinárias, vias respiratórias, gastrite, úlcera estomacal, resfriado, diarreia, reumatismo, regulação do ciclo menstrual.

A casca é fonte de tanino para curtimento de peles e folhas oferecem material corante para tingimento de tecidos.

A semente serve como tempero.

Foi feito um levantamento do uso fitoterápico da M. urundeuva na população agrária de Jardim, cidade do interior do Estado de Ceará (Brasil). Constatou-se que uma das principais formas de uso são os sabonetes como cicatrizante, os cozimentos para banho de acento e creme vaginal contra pruridos vaginais. Chás ou infusos são indicados contra inflamação de garganta e gastrite. Extrato e tintura são usados como cicatrizante.

O sabonete de aroeira é usado na higiene pessoal íntima. Atua na prevenção de infecção vaginal e tem grande poder de cicatrização. Extratos da aroeira atuam como cicatrizante. Extratos hidroalcoólicos da entrecasca atuam como anti-inflamatório, analgésico, antiúlcera, anti-histamínica e antibradicinínica (leia quadro).
Bradicinina é um potente vasodilatador, mediador inflamatório, aumenta a permeabilidade vascular, pode contrair a musculatura brônquica porém com menos intensidade que a histamina. Contrai a musculatura lisa do tubo digestivo. É a causa da dor em vários processos inflamatórios potenciada pelas prostaglandinas [3].

 

Além de cicatrizante, a tintura atua como antibacteriano reduzindo a contaminação de escovas dentárias por Streptococcus mutans (bactéria gram-positiva causadora da cárie, principalmente entre crianças).

O decocto da casca serve em banhos de acento contra pruridos vaginais, após o parto, como cicatrizante e anti-inflamatório. O mesmo decocto é usado para doenças dos sistemas urinário e respiratório, na hemoptise e na hemorragia uterina.

Dependendo de como é usado o chá e da combinação (chá e lambedor e/ou chá e xarope), pode ser indicado para febre, gripe, ferimentos, diarreia, inflamação e reumatismo.

 Dosagem indicada

  • Inibir a fome. Infusão da casca, uma colher de chá antes das refeições, ou mascar uma pequena lasca.
  • Arranhão, corte, picada de insetos, ferimento em geral.  A maceração da casca (uso externo ou interno) acelera a cicatrização. Se misturar com 30% de angico macerado, torna-se bactericida e potencializa a cicatrização.

 Contraindicação

Em todas as partes da planta foi identificada pequena presença alquilfenóis, substâncias causadoras de dermatite alérgica em pessoas sensíveis. As partículas que se desprendem de sua seiva e madeira seca podem causar afecção cutânea parecida com urticária, edema, febre e distúrbio visual, razão pela qual deve-se ter cautela no uso de preparações de aroeira.

 Colaboração: Liborio Lomonaco (Recife, PE).

 Referências

  1. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Semiárido, 2018): Myracrodruon urundeuva - Acesso em 5 de janeiro de 2020
  2. Revista Cubana de Plantas Medicinales (2014): Uso da Myracroduon urundeuva pelos agricultores no tratamento de doenças - Acesso em 5 de janeiro de 2020
  3. Slideshare (2016): Histamina e bradicinina - Acesso em 5 de janeiro de 2020
  4. Imagem: Wikimedia Commons (Autor: Fernando Tatagiba- Acesso em 5 de janeiro de 2020
  5. The Plant List: Myracrodruon urundeuva - Acesso em 5 de janeiro de 2020

GOOGLE IMAGES de Myracrodruon urundeuva - Acesso em 5 de janeiro de 2020